27 setembro 2012

OS PRIMEIROS CRISTÃOS - THE EARLY CHRISTIANS - 2ª PARTE

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O Cristianismo primitivo foi uma revolução que transformou o mundo. Era um movimento que desafiava as instituições culturais da sociedade romana. Os dilemas culturais com que nos defrontamos hoje são os mesmos dilemas que os primeiros Cristãos enfrentaram na sua época. Mas nossas respostas a estes dilemas foram muito diferentes das deles!

Como em quase todas as sociedades, a família constituía o coração da civilização romana. Mas como é verdadeiro hoje, os casais de então nem sempre eram felizes. Os maridos como também as mulheres tinham outros amantes, e o divórcio chegou a ser um costume corrente. Tanto os homens romanos como as mulheres se casavam quatro ou cinco vezes.

Os casais romanos também tinham o problema da gravidez não planejada, e três maneiras de lidar com a situação. Estrangulavam o recém-nascido, o abandonavam na rua, onde morria ou era recolhido para ser criado como escravo, e praticavam o aborto.

Os banhos públicos serviam como o ponto de reunião da sociedade romana. Nos primeiros anos da república romana, os banhos dos homens e os das mulheres estavam estritamente separados. Mas no segundo século era o costume que os homens e as mulheres se banhassem juntos e completamente nus.

Clemente descreve: "Algumas mulheres mal se despem diante de seus próprios esposos sob o pretexto da modéstia. Mas qualquer pessoa que deseje pode vê-las nuas em seus banhos. Elas não se envergonham de despir-se completamente diante dos espectadores, como se expusessem seus corpos para vendê-los".

Cristãos ensinavam que os homens e as mulheres não deviam banhar-se na presença um do outro. Sua atitude quanto à modéstia não refletia a cultura romana, mas sim a cultura piedosa. E as atitudes dos romanos quanto à modéstia não se assemelham às atitudes da nossa sociedade atual?

A maioria das pessoas teria vergonha de aparecer pelas ruas com sua roupa íntima. Mas não sentem nenhuma vergonha ao se apresentarem nas praias e piscinas num traje de banho que exibe seus corpos do mesmo modo. E muitos Cristãos não fazem o mesmo que os mundanos?

Andamos diante de todo mundo em trajes que teriam escandalizado os incrédulos poucos anos atrás. Mas parece que isso não nos importa, já que o segmento conservador da sociedade o aceitou, então nós também o aceitamos.

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Os romanos desfrutavam de muito tempo para a diversão. Desfrutavam de banquetes exagerados, do teatro e dos esportes na arena. Os romanos tinham adotado o seu teatro dos gregos, e os temas principais das obras dramáticas eram os crimes, o adultério e a imoralidade.

Lactâncio escreveu: "A mim me parece que as influências depravadoras do teatro são até piores do que as da arena. Os temas das comédias são as violações das virgens e o amor das prostitutas. De maneira parecida, as tragédias levantam à vista dos espectadores o homicídio dos pais e atos incestuosos cometidos por reis ímpios.Ensinam o adultério quando fazem o papel dos adúlteros. O que estarão aprendendo nossos jovens quando vêem que ninguém tem vergonha de tais coisas, senão que todos as olham com gosto".

Só os romanos ricos iam aos teatros e frequentavam os banquetes, mas tantos pobres como ricos desfrutavam das arenas. Os esportes das arenas se desenhavam para satisfazer a sede insaciável dos romanos por violência e sangue. As corridas brutais com as bigas eram o esporte favorito. As bigas muitas vezes se chocavam, lançando os pilotos na pista, onde podiam ser arrastados até morrer ou pisoteados pelos cavalos. E os espectadores ficavam "loucos de emoção".

Ainda assim, a morte e a violência das corridas não saciavam a sede por sangue dos romanos. Por isso, traziam feras, às vezes centenas delas, para lutar até a morte na arena. Os tigres lutavam contra os lobos, os leões contra os touros, os cachorros contra os ursos e qualquer outra combinação de animais que suas mentes depravadas pudessem criar. Às vezes punham homens armados para caçar as feras, outras vezes soltavam feras famintas para caçar os Cristãos indefesos.

Afundando-se em tais práticas, perde-se a humanidade. Por isso, não convém que nós que tentamos andar no caminho da justiça, compartilhemos o homicídio de pessoas. Quando Deus proíbe o homicídio, não só proíbe a violência, mas também proíbe a violência que os homens têm por legal.

Estamos nós dispostos a adotar uma atitude tão firme contra a violência nos dias de hoje? Nos filmes, jogos e artes atuais temos muita violência, muitos crimes e muita imoralidade. Desta maneira, deixamos que as pessoas ímpias decidam entre o bem e o mal. Nossa cultura, como a dos romanos, dita as normas para a diversão.

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Naquele tempo, os Cristãos acreditavam que viviam numa época nova, de bênção e prosperidade espiritual. Se orgulhavam dos milagres, das providências Divina e do grande crescimento na Igreja.

Vemos o mesmo na Igreja de hoje. Muitos Cristãos afirmam que estamos vivendo numa época nova, na qual Deus está dando à igreja prosperidade material, milagres, e muitas bênçãos. Bênçãos que Ele não deu antes a Igreja durante os dois mil anos de sua história.

Muito bem. É possível que, por alguma razão, Deus esteja dando as bênçãos espirituais a Igreja atual, mas, é muito pouco provável que seja assim. Por que daria Deus uma cruz de aflição aos Cristãos fiéis da Igreja primitiva, enquanto ele nos dá prosperidade material, saúde milagrosa, e além do mais muitos prazeres carnais?

Os Cristãos dos primeiros séculos produziram uma revolução espiritual no mundo porque não temeram desafiar as atitudes, a vida, os valores do mundo antigo. Seu Cristianismo era bem mais do que um credo, um conjunto de doutrinas. Era uma maneira diferente e nova de viver. E toda a força do mundo romano, militar, econômico e social, não pôde pará-lo.

No entanto, depois de trezentos anos, começou a fracassar, porque os Cristãos perderam sua fé obediente em Deus. Propuseram que podiam melhorar o Cristianismo com os métodos humanos, usando os métodos do mundo. Mas não melhoraram o Cristianismo. Destruíram seu coração!

O Cristianismo primitivo não estava falhando. Não lhe faltava melhoramento. Mas os Cristãos do século quarto se convenceram de que poderiam melhorar o Cristianismo. Se ser Cristão trouxesse bênçãos materiais e prosperidade, poderíamos converter a todo mundo, raciocinaram. Mas afinal de contas, a Igreja não converteu o mundo. O mundo converteu a Igreja.

Os Cristãos de hoje em dia não se convenceram nem com as lições da História. A Igreja de hoje ainda se compraz do seu "casamento" com o mundo, e ainda cremos que podemos melhorar o Cristianismo por meio dos métodos humanos.

Mas no sentido verdadeiro, o Cristianismo não melhorará até que volte à Santidade prática, o amor não fingido e a abnegação verdadeira dos primeiros Cristãos. Já deveríamos ter-nos divorciado do mundo, um divórcio que, este sim, teria a bênção inequívoca de Deus.

Onde está a Cruz de abnegação e sofrimento, e o estandarte da Fé e amor, que levavam os primeiros Cristãos? Ficaram atirados nas ruas cheias de pó de Niceia. Mas não é demasiado tarde. A Igreja pode voltar, recolhê-los, levantá-los e elevá-los outra vez.

OS PRIMEIROS CRISTÃOS - 1ª PARTE


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