26 fevereiro 2013

ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 2ª PARTE


Christian-teaching

Os escritos dos primeiros Cristãos tinham um núcleo de crenças e práticas recebidas dos apóstolos, mas ao mesmo tempo, evidentemente havia muitos pontos que os apóstolos não tinham explicado à Igreja primitiva, nem a ninguém.

Havia muita diversidade entre os primeiros Cristãos, mas ainda assim não se dividiram numa multidão de diferentes seitas por causa destes pontos. Na verdade, estas coisas eram muito pouco discutidas entre eles. Por exemplo, Justino acreditava que muitas profecias da Bíblia se cumpririam literalmente durante o milênio, mas muitos outros Cristãos viam de outra maneira.

Vejam o espírito aprazível de Justino quando ele falou sobre suas opiniões milenares com um grupo de judeus: "Como disse antes, eu e muitos outros temos esta opinião. Cremos que estas profecias se cumprirão desta maneira. Mas, por outra parte, também que há muitos que creem de outra maneira, e são da Fé pura e justa, são também Cristãos".

É muito típico dos primeiros Cristãos tal espírito pouco contencioso, livre de preconceitos. Não permitiam que a diversidade de opiniões destruísse seu espírito aprazível. Ainda que intransigentes em sua obediência a Cristo, os primeiros Cristãos eram flexíveis nos pontos que os apóstolos não tinham fixado com certeza.

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Uma cópia que se faz não reproduz exatamente o original. O Cristianismo foi copiado de uma geração a outra, e através dos anos isto produziu mudanças. De uma geração à próxima, a maioria das mudanças foi muito leve, quase imperceptível. Não obstante, o efeito cumulativo de mudanças leves através de muitos séculos pode produzir mudanças verdadeiramente significativas.

Tome por exemplo a linguagem dos povos. De uma geração a outra nosso idioma muda levemente, e a mudança se produz tão devagar que mal nos damos conta dela. Notamos muito pouca diferença entre o nosso modo de expressão e o de nossos avós.

No entanto, através de muitos anos, o efeito cumulativo de tantas mudanças leves produz uma linguagem muito diferente da que era. Por exemplo: se nos puséssemos a ler o português dos séculos passados, pensaríamos estar lendo uma língua desconhecida. Vemos o mesmo quanto ao Cristianismo!

O Cristianismo do segundo século já não era uma cópia exata do Cristianismo apostólico. Mas os primeiros Cristãos do segundo século estavam ainda na geração que seguia à dos apóstolos. E nós que vivemos afastados do Cristianismo primitivo por quase 2000 anos! Será razoável dizer que, depois de dezenove séculos, o Cristianismo de hoje mudou em relação ao Cristianismo dos apóstolos.

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Mas o fundamento de tempo não é a única vantagem dos primeiros Cristãos em relação a nós. Eles também estavam numa posição muito melhor para interpretar os escritos apostólicos. Como primeiro ponto, os primeiros Cristãos podiam ler as Escrituras do Novo Testamento no grego original dos apóstolos. Não só falavam grego, como também pensavam em grego.

A maioria dos Cristãos de hoje sabe muito pouco a respeito da cultura e do ambiente histórico na época do Novo Testamento. Mesmo os eruditos, que dedicam a vida inteira ao estudo da cultura e do ambiente histórico do Novo Testamento, jamais poderão entendê-lo tão bem como o entendiam aqueles que viviam naquele tempo.

Assim, outra vez os primeiros Cristãos levam uma vantagem importante sobre nós, quanto a compreender as Escrituras. A primeira geração de Cristãos teve a oportunidade de ouvir os apóstolos pessoalmente, como também de fazer-lhes perguntas. Clemente de Roma é um exemplo. Ele era discípulo pessoal tanto do apóstolo Paulo como também do apóstolo Pedro.

Para os primeiros Cristãos, ouvir os apóstolos explicarem seus próprios escritos não era um luxo, era uma necessidade. Pedro escrevia aos primeiros Cristãos que dominavam bem o grego e que entendiam perfeitamente a cultura em que viviam. Mas ainda com estas vantagens, Pedro admite que há coisas "difíceis de entender" nos escritos de Paulo. E nós, que estamos distanciados deles por vários séculos e falamos um outro idioma, talvez nada saibamos ao certo.


ENSINAMENTOS DO PASSADO - 3ª PARTE

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