01 setembro 2013

A LINGUAGEM DE DEUS - THE LANGUAGE OF GOD


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Apenas se as leis da natureza governassem os eventos de acordo com as probabilidades é que poderia prevalecer a intuição de que a matéria é sensível à vontade de Deus — a lei da probabilidade refere-se a eventos que podem ser imprevisíveis, desafiando o determinismo que se baseia em eventos precedentes.

Porém, sob a perspectiva Cristã, os acasos estariam incluídos na providência mais ampla de Deus, onde as leis naturais da física e biologia seriam Sua interação com o Universo.

A teoria do caos estende-se além das fronteiras da comunidade científica, incorporando novas perspectivas sobre a relação de Deus com o ser humano, ou seja: a imprevisibilidade e a teoria do caos seriam consistentes com os propósitos providenciais de Deus para com a humanidade.

A ciência estabeleceu que os sistemas caracterizados pela imprevisibilidade contradizem o determinismo e as leis da física newtoniana clássica. Também afirmou que pequenos erros na medição do estado de um sistema seriam amplificados de forma dramática, tornando inútil qualquer previsão.

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Em 1963, Edward Lorenz, um meteorologista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, usando modelos matemáticos e simulações de computador para a previsão do tempo, concluiu que as previsões futuras seriam impossíveis tendo em vista a inevitabilidade e imperfeição das medições meteorológicas.


Os estudos de Lorenz sobre a previsão do tempo deram origem ao conceito do "efeito borboleta", onde uma pequena mudança nas condições iniciais de um sistema físico desencadearia grandes efeitos na sua condição final.


Na década de 1970, o matemático Bernard Mandelbrot foi pioneiro num novo campo da matemática que veio a ser conhecido como geometria fractal. Mandelbrot criou o termo "fractal" para descrever o padrão irregular que descreveria uma variedade impressionante de formas da natureza, contrariando a geometria euclidiana que "desenhava" sua perspectiva em linhas retas e curvas suaves.


Mandelbrot descobrira uma nova concepção geométrica para desvendar a natureza em toda a sua complexidade, que forneceu aos cientistas uma nova e poderosa ferramenta matemática para estudar as superfícies ásperas e irregulares de todos os elementos naturais, incluindo o corpo humano. Atualmente, a geometria fractal é amplamente utilizada nas ciências físicas e biológicas.

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O advento da teoria do caos trouxe implicações filosóficas importantes para o reducionismo implícito em grande parte da agenda científica moderna, pois os cientistas passaram a reconhecer que toda a realidade física não pode ser adequadamente explicada só pelos movimentos e interações das partículas elementares.


Estes cientistas começaram a ver as limitações de se estudar a parte isolada do todo, e a esperança de que a física poderia oferecer uma descrição completa da realidade através da compreensão das forças fundamentais foi refutada.


O conhecimento dos limites inerentes à natureza do reino físico demonstrou uma distinção fundamental entre um Criador infinito e uma criação finita e limitada, que os obrigou a adotarem uma nova postura em face à visão de um mundo complexo e imprevisível.


Essas novas perspectivas científicas demonstraram que o sonho iluminista de um mundo completamente previsível e controlável terminara. Este sonho foi a expressão clássica da concepção do matemático francês Pierre Simon Laplace, um adepto da visão newtoniana onde o estado presente do Universo seria o efeito de seu estado anterior e responsável pelo que viria a seguir.

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Mas o sonho de Laplace foi destruído para sempre quando os cientistas perceberam que nos princípios regidos por leis deterministas pequenas incertezas seriam tão amplificadas que na prática seu comportamento torna-se-ia rapidamente imprevisível — tornou-se evidente que o paradigma da regularidade e previsibilidade poderiam apresentar um comportamento caótico sob certas condições.


Este reconhecimento da inadequação do reducionismo como paradigma mestre da ciência redundou no fato de que os organismos vivos, como o ser humano, não poderiam ser compreendidos apenas nos termos físicos e químicos.


Os seres vivos subsistem dentro da ordem material e estão sujeitos à analise nos termos: "categorias de materiais". Mas os processos físicos e químicos dão origem a novos níveis de organização, complexidade e valores, que transcendem ao puramente físico. Se considerarmos a liberdade humana, por exemplo, como apenas um produto do movimento de partículas materiais, adotaríamos a mesma abordagem reducionista!

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Assim, as novas perspectivas decorrentes do estudo da teoria do caos podem acrescentar um novo escopo cultural e epistemológico às ciências naturais como para às religiões humanas.


Como a ciência reconhece a impossibilidade de prever-se o comportamento futuro, então deve ser impossível reduzir o comportamento e valores humanos para nada mais do que um movimento de partículas.


A teoria do caos também fornece novas perspectivas para a compreensão da Criação e da providência Divina. Em particular, estas novas descobertas tornam possível responder às questões dos evolucionistas: Deus pode ter "chamado" o Universo à existência quando criou o primeiro germe de vida e permitido que aquele pudesse ser controlado pelo acaso e necessidade sem qualquer interferência.


Devemos atentar para o fato de que a existência dos processos casuais na natureza, ou a aparente falta da providência Divina, não significam uma ausência de propósito.


Nesta perspectiva, o acaso não é um princípio metafísico autônomo, em oposição ao propósito de Deus, mas é parte de uma estrutura regularizadora maior e um dos mecanismos utilizados no processo da Sua Criação.

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Há uma estrutura no "caos da ordem" criada por Deus, como os acontecimentos turbulentos e imprevisíveis estudados pelos teóricos do caos. Mas esses fenômenos denominados "caóticos" não representam um caos sem leis ou sem limites, pois eles são inerentes às estruturas profundas da ordem Divina.


É perfeitamente possível intuir que Deus utilizou-se de processos aparentemente aleatórios e que coloca em prática Seus próprios fins e Sua complexidade criativa para alcançar um objetivo final.


Deus utiliza forças imprevisíveis, e humanamente controláveis, do mundo natural para Seus desígnios, seja através das escolhas humanas como na operação das leis naturais.


Podemos dizer que Deus está agindo através de todas as leis da natureza — não há casualidade como no indeterminismo da mecânica quântica — pois Deus interage em todos os eventos de maneiras especiais e determinantes.


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Ele criou um Universo em que a física quântica permite Sua interação profunda em todos os níveis da Criação. Deus está atuando o tempo todo! Para onde quer que olhemos encontramos uma natureza rica em diversidade e inovações.


As novas descobertas da teoria do caos representam um dos capítulos mais recentes e emocionantes da história do encontro da humanidade com a Criação de Deus.


Longe de ser uma ameaça para a compreensão Cristã sobre a providência Divina, a teoria do caos pode ser vista como um novo caminho para conhecermos as limitações da capacidade humana de prever o futuro e um adendo para apreciarmos a complexidade e a riqueza do poder criador de Deus — Nosso Senhor Jesus Cristo.



1 comentários:

Anônimo disse...

Uma explanação inovadora que lança uma luz sobre como Deus interagiria com o ser humano na Terra assim como em toda a Criação. Muito bom!