A palavra relíquia, etimologicamente significa restos, reliquiae, com referência ao corpo humano ou partes do mesmo. Num sentido mais amplo, são chamadas relíquias também os objetos que tiveram um contato com uma pessoa que se venerava, como as suas vestes, os objetos que usou e, mais especialmente, os instrumentos de seu martírio ou de sua penitência.
As relíquias são veneradas pelo povo Cristão não por si mesmas, mas em razão das pessoas com as quais estão ligadas.
Desde suas origens a Igreja venerou as relíquias, primeiramente as dos mártires e logo também as dos Santos. Este culto começou com o martírio de Santo Inácio de Antioquia, e a Igreja de Esmirna considerou os restos de seu bispo e mártir São Policarpo mais preciosos do que o ouro.
Assim começou a venerá-los celebrando solenemente todos os anos o aniversário dos seus martírios.
Se a relíquia estava constituída pelo cadáver inteiro se chamava corpus, se por parte do mesmo, será ex-ossibus ou ex-capillis. As relíquias procedentes somente do contato com o corpo eram chamadas pelos antigos de brandea, memoriae, nomina, pignora e sanctuaria.
As edificações levantados sobre os sepulcros dos mártires se chamavam basilicae ou ecclesiae ad corpus, o que quer dizer, erigidas precisamente no lugar do seu sepulcro. Os primeiros Cristãos gostavam de ser enterrados junto aos sepulcros dos mártires e, por isso, estas basílicas chamavam-se cemiteriais.
O culto das relíquias está intimamente vinculado ao culto dos santos. Portanto, assim como o culto dos santos exerce um grande influxo na vida espiritual, mediante o exemplo de sua vida, assim também o culto das relíquias pode influir muito no incremento da vida interior.
Com efeito, as relíquias são algo concreto e visível, posto que se trata de partes físicas do corpo do santo. A veneração, o contato, o beijo da relíquia, segundo as leis psicológicas, comovem, excitam a admiração e induzem à imitação do herói Cristão.
Ademais, há que se admitir, a intervenção sobrenatural do santo cujas relíquias se veneram e cuja intervenção se pede ante a Deus. As relíquias dos santos são para nós como um documento tangível das suas vidas espirituais, enquanto nos mostram de que modo alcançaram uma perfeição tal que lhes valeu a canonização ou beatificação e o culto público.
Não há dúvida de que tudo isso constitui um grande incentivo para a perfeição da vida espiritual.
A Igreja não só recomendava a veneração das relíquias mas se preocupava também em desterrar os abusos e irreverências. Exigia que as relíquias fossem autenticadas mediante documento escrito e oficial, expedido pela autoridade competente, para que pudessem ser expostas ao culto público dos fiéis.
A exposição pública, a fabricação ou a venda de uma relíquia falsa era punida com a excomunhão "ipso facto".
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