Anualmente, no principado de Tengger na Indonésia, acontece um ritual denominado "Yadnya Kasada". Conforme a tradição local, oferendas de arroz, animais, frutas, vegetais e até dinheiro, são lançadas na cratera do enorme vulcão do Monte Bromo, situado no lado leste da ilha de Java, para apaziguar os deuses.
A área do maciço vulcânico é uma das atrações turísticas mais visitadas de Java. O vulcão pertence ao "Parque Nacional Tengger Bromo Semeru". A alcunha do vulcão, Bromo, deriva da pronúncia javanesa do termo "Brahma", o deus hindu.
O Monte Bromo fica no meio de uma vasta planície chamada de "Sea of Sand" (mar de areia). A forma típica de acessar o Monte Bromo é a partir da aldeia de Cemoro Lawang.
A origem do ritual reside numa lenda do século XV, quando uma princesa chamada Roro Anteng fundou o principado de Tengger com seu marido, Joko Seger. O casal, que não tinha filhos, implorou pela ajuda dos "deuses da montanha".
Assim, os deuses capricharam na encomenda agraciando-os com 25 filhos, mas ordenaram que a criança de n°25, chamada Kesuma, deveria ser atirada na cratera do vulcão como sacrifício. O pedido foi cumprido a risca pois não faria a menor diferença atirar o filhinho no vulcão já que ainda restariam 24.
Centenas de moradores locais, os Tenggereses de Probolinggo (ufa!), e mesmo pessoas de diferentes credos como turistas e curiosos, escalam as encostas de 7.641 pés de altura do Monte Bromo para ocupar a "pole position" na borda da grande cratera.
Pretendem conseguir o melhor lugar para atirar suas oferendas e testemunharem a cerimônia "Yadnya Kasada", um dos rituais que começa meia-noite e continua até o amanhecer.
Embora os sacrifícios humanos não sejam mais recomendados, a tradição de jogar outras oferendas no vulcão para aplacar as antigas divindades continua até os dias de hoje.
Seria hilário se não fosse triste, e o mais curioso desta história toda, é que equilibrando-se nas paredes íngremes dentro da cratera do vulcão encontram-se escondidas dezenas de pessoas que oportunamente chegaram cedinho, bem antes da multidão dos lançadores de oferendas aparecer.
Dentro do vulcão, os desafortunados e aflitos caçadores de oferendas, escorando-se como podem nas paredes íngremes e portando puçás caseiros, sacos ou mesmo de mãos nuas, disputam e esforçam-se para capturar as oferendas lançadas pela multidão da borda da cratera, para desta forma conseguirem um almoço, algum objeto ou até algum dinheirinho extra.
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