06 outubro 2012

O CRISTIANISMO HÍBRIDO DE CONSTANTINO - CONSTANTINE'S HYBRID CHRISTIANITY

cristianismo-hibrido

Na época de Jesus, os Cristãos tiveram que mudar radicalmente seu paradigma para entrarem no reino de Deus. Então chegou a vez do imperador Constantino, e os novos cristãos não observaram as advertências do Mestre Jesus, pois estavam convencidos de que havia chegado o momento de fazer uma nova mudança de paradigma.

Comentavam e bradavam que Deus estava trazendo uma nova era de ouro para a Cristandade, na qual os Cristãos estariam livres das perseguições e poderiam desfrutar do luxo e poder mundanos. Mas os "novos cristãos" não poderiam estar mais enganados! Nada no Novo Testamento correspondia ao modelo desta nova era, supostamente de ouro.

Nesta época dourada, a Igreja teve que retroceder ao período do Antigo Testamento para encontrar nas Escrituras algum modelo que funcionasse a contento. Assim, em vez de avançar, a Igreja retrocedeu aos tempos e conceitos do Israel antigo para encontrar seu novo modelo. Foi, portanto, uma retro-mudança de paradigma!

Foi uma tentativa de adaptar a teologia e as ordenanças do Novo Testamento à moral e ao estilo de vida do Antigo Testamento, num esforço de unir o Reino de Deus com os reinos do mundo. A metade deste cristianismo-híbrido consistia no governo secular e a outra metade na Igreja. As duas metades seriam uma só entidade, e um novo "reino de Deus" seria o resultado desta hibridação.

Da mesma forma que o reino hebreu do Antigo Testamento foi uma extensão das fronteiras físicas de Israel, este novo reino de Deus, sob a égide do cristianismo-híbrido, comportaria todas as extensas fronteiras e domínios do Império Romano comandado pelo imperador Constantino, o Grande.

Agora o reino de Deus já não estaria dentro do coração das pessoas, pois seria um império visível e tangível. Assim como os israelitas iam à guerra para defender seu reino e subjugar os inimigos de Deus, os novos cristãos romanos seriam chamados a fazer o mesmo. Os Cristãos que não aceitaram o híbrido constantiniano foram considerados hereges e executados sem perdão!

Nos Ensinamentos de Jesus, aprendemos com esta parábola:

"O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem semeou no seu campo. É a menor de todas as sementes mas, crescendo, faz-se uma árvore, de sorte as aves do céu aninham-se nos seus ramos. Assim, estreita é a porta que leva à Vida Eterna, e existem poucos que encontrem o caminho".

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Constantino amava o poder terrestre e foi cruel em seu desejo de proteger seu poder. Ele instituiu um sistema de espiões através de todo o Império Romano para que o mantivessem a par de qualquer crítica e possíveis adversários e preparativos para uma hipotética rebelião.

Quando os espiões acusavam alguém de traição a Constantino, as autoridades tomavam o suspeito e levavam para Milão ou Constantinopla, onde responderia às acusações. Se não havia suficiente evidência contra o acusado, os carcereiros torturavam o infeliz até que confessasse qualquer crime.

Mesmo se o acusado fosse um Cristão não mudaria em nada sua situação! Em seu leito de morte Constantino legou o Império Romano a seus três filhos: Constâncio, Constante e Constantino II, e a dois sobrinhos mais velhos. Os cinco consideravam-se "cristãos" e Roma continuaria sendo um império cristão!

No entanto, esses cinco homens-cristãos compartilhavam a mesma ambição de Constantino pelo poder, de maneira que pouco tempo após ter falecido, seu filho Constâncio assassinou os dois sobrinhos e massacrou, literalmente, todos os varões de ambas as partes da família.

Com os dois sobrinhos fora do caminho, os três filhos de Constantino dividiram o Império entre si. Sem dúvida agora poderia haver paz, já que estes homens eram irmãos de sangue e cristãos! Mas o "novo cristianismo" não se comportava como o autêntico Cristianismo, e nenhum dos irmãos estava satisfeito em ter só a terceira parte do Império.

Assim, pouco tempo depois do massacre em família, Constantino II invadiu a Itália para apoderar-se da parte do Império pertencente ao seu irmão Constante. Mas Constantino II morreu nesta tentativa de conquista. Agora só dois governantes, dos cinco originais, disputavam o poder: Constante, que comandava o Império Ocidental, e Constâncio, governante do Oriental.

Um dos mitos históricos mais duradouros é que Roma caiu por ter mergulhado em vícios pagãos, orgias frequentes e entretenimentos sanguinários. Mas Roma não caiu quando foi governada pelos pagãos! Durante a queda do Império Romano as lutas de gladiadores já tinham sido declaradas ilegais e uma rígida moralidade, copiada do Antigo Testamento, foi imposta sobre a população, em sua totalidade composta pelos novos-cristãos.

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A representação popular que conhecemos é que hordas de bárbaros selvagens seminus, os adoradores de Thor, escalaram os muros de Roma e massacraram todos que se encontravam. Mas os povos germânicos não eram selvagens nem incivilizados, eram meio romanos em sua cultura e, muitos deles, aliados e protetores do Império Romano. A maioria era composta por cristãos professos! 

A era de ouro que era para florescer em Roma nunca se realizou. O Império Romano já se encontrava em decadência quando os novos-cristãos o herdaram. Contudo, estes novos governantes cristãos, como Constantino & família, demonstraram ser piores dirigentes que seus predecessores pagãos.

Em lugar de resolverem os problemas, os imperadores cristãos só os pioraram. Seus impostos sufocantes e suas intermináveis lutas internas aceleraram a decadência do Império Romano, que tinha começado sob a égide dos imperadores pagãos do século III, até que finalmente conseguiram afundar todo o Império Ocidental.

Em essência, os cristãos do início do século IV trocaram o Reino de Deus por um reino deste mundo. Os acontecimentos que ocorreram desde a ascensão ao trono de Constantino, no ano 312 d.C., até a derrubada do último imperador do Império Ocidental no ano 476 d.C., deviam ter dado aos cristãos muito em que pensar.

Mas a queda de Roma não os levou, nem a Igreja, ao arrependimento. Como também não levou o "híbrido constantiniano" ao seu fim! Na realidade a Igreja tornou-se a instituição dominante da Idade Média e o modelo social do híbrido continuou através e além do período medieval.

Os pecados sexuais, a feitiçaria, o aborto e os entretenimentos lascivos foram condenados, mas no tocante à imoralidade sexual e lascívia a nobreza não se ajustou aos mesmos parâmetros que condenava.

A acumulação de riquezas, a prestação de juramentos por dinheiro e a matança indiscriminada nas guerras foram consideradas aceitáveis por Deus. Esse foi o modelo nos tempos de Constantino e o modelo durante a Idade Média. Este foi o modelo adotado e consagrado pelos governos "cristãos" da atualidade: um vale-tudo tendo Deus como desculpa!




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