08 dezembro 2012

ALTERANDO A PALAVRA DE DEUS - CHANGING THE WORD OF GOD

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O ano 325 d.C. encontrou a Igreja primitiva enredada numa polêmica inflamada sobre a natureza do Filho de Deus e de Seu Pai. Os dois defensores principais nesta disputa eram Alexandre, bispo de Alexandria, e Ario, um ancião ou presbítero da mesma cidade.

Considerando-se como uma espécie de bispo universal, Constantino se encarregou de convocar um concílio mundial de bispos na cidade de Niceia a fim de resolver esta disputa. Ele inclusive dirigiu o mesmo concilio.

Vejamos antes do relato do caso, para uma maior compreensão da sua gravidade, alguns antecedentes sobre a natureza da heresia de Ario discutida no concílio. Abordaremos desta forma, a discussão antiga sobre a diferença entre "a natureza" e "a ordem".

Desde o primeiro século, a Igreja primitiva tinha mantido certas interpretações elementares a respeito do Pai e o Filho. Estas interpretações estavam bem fundadas nas Escrituras. Para compreender os ensinos históricos da Igreja sobre o Pai e o Filho, devemos entender a diferença entre "a natureza" e "a ordem".

Na Teologia, "natureza" ou "substância" refere-se à essência ou classe a qual pertence uma pessoa ou criatura. Todos os seres humanos são da mesma natureza ou substância. Nenhum homem ou mulher é menos humano do que qualquer outra pessoa.

No entanto, os seres humanos se diferenciam uns dos outros no que diz respeito à ordem ou às posições de autoridade. O presidente tem autoridade sobre o vice-presidente, por exemplo. Estas duas pessoas são iguais em natureza, mas se diferenciam em ordem. 

Pois bem, a Igreja primitiva sempre ensinou que o Pai e o Filho são da mesma natureza ou substância. O Filho não é algo alheio ao Pai. Ele não tem a natureza dos anjos, mas possui a mesma natureza que o Pai. Tanto o Pai como o Filho são igualmente Divinos. O Filho possui a verdadeira divindade, assim como o Pai.

No entanto, existe uma diferença de ordem ou autoridade entre o Pai e o Filho. A igualdade de natureza não significa igualdade de ordem. Assim como há uma hierarquia de ordem entre marido e esposa, também há uma hierarquia de ordem dentro da Trindade.

Paulo explicou isto ao dizer: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo".

O Pai tem autoridade sobre o Filho. O Filho é enviado pelo Pai. O Filho faz a vontade do Pai. E o Filho assenta-se à direita do Pai. Esta hierarquia de ordem não pode ser invertida. Mas esta diferença na ordem de jeito nenhum diminui a divindade do Filho.

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Quando os Cristãos não entendem a diferença entre natureza e ordem, terminam com um entendimento confuso sobre a Trindade. E esse era o problema com o ancião do século IV, Ario. Ele confundiu a natureza e a ordem.

Devido à hierarquia de ordem que há na Trindade, Ario erroneamente achou que também há uma hierarquia de natureza ou substância. De modo que ele sustentava que o Filho não é da mesma natureza que o Pai. Ao contrário, dizia que o Filho estava em alguma posição entre os anjos e o Pai.

Constantino convocou um concílio mundial na cidade de Niceia. No entanto, desde a primeira assembléia chamada Concílio de Niceia, os partidários de Ario logo se deram conta de que iriam perder o debate, já que estavam superados numericamente.

Nesse momento, fizeram concessões importantes e pediram tolerância em vista da natureza incompreensível das questões em discussão. Eles inclusive acordaram em não empregar nenhuma linguagem ou expressões que não aparecessem nas Escrituras. 

No entanto, em vez de se aproximarem de Ario e seus partidários com amor, e com a intenção de acabar com esta divisão teológica na Igreja primitiva, os bispos ortodoxos receberam com desdém suas concessões e suas propostas de reconciliação.

Para melhor dizer, os bispos procuraram propositadamente uma resolução que tornasse irreconciliável o racha entre as duas partes. No entanto, nenhum bispo quis sugerir que o concílio fizesse o que anteriormente tinha sido inconcebível. Acrescentar algo às Escrituras.

De maneira que o concílio se encontrava num impasse. Nesse momento, Constantino interveio novamente para "ajudar" a Igreja!

Ele sugeriu que os bispos mudassem o simples credo que tinha servido à Igreja primitiva durante 300 anos e lhe acrescentassem a palavra homoousian (da mesma natureza), dizendo que o Pai e o Filho eram homoousian. Os bispos logo aceitaram a solução de Constantino e adotaram este novo credo.

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Niceia marca uma mudança decisiva na história Cristã, porém uma mudança para pior. Isso porque o credo niceno introduziu quatro novas corrupções na Igreja que a afastaram mais e mais do Reino de Deus e do Cristianismo primitivo original.

Após o Concilio de Niceia, a Igreja primitiva fez correto em excomungar Ario, responsável pela dissensão entre o clero e o ensino de falsas doutrinas.

Nos três primeiros séculos do Cristianismo primitivo, o assunto teria concluído aí. No entanto, Constantino foi além e desterrou Ario de sua cidade natal, de Alexandria, à província da Ilíria, do outro lado do Mar Mediterrâneo.

Constantino depois ordenou que queimassem todos os escritos de Ario e declarou que qualquer um que fosse surpreendido com seus escritos de seria executado.

Em vez de se oporem a estas medidas, os bispos aplaudiram-nas. Quatorze anos antes, os primeiros Cristãos eram os perseguidos. Agora eles eram os perseguidores. Constantino chegou a achar que a tarefa mais importante do magistrado civil era preservar e apoiar a fé "católica". 

Para Constantino, os hereges ou cismáticos que se opusessem às suas ordens não eram outra coisa senão criminosos rebeldes!

Com o tempo, ele começou a adotar quase palavra por palavra a linguagem dos decretos de Diocleciano, que tinha iniciado a última grande perseguição contra os primeiros Cristãos, e a aplicar essa linguagem aos vários decretos destinados a reprimir os hereges.

Este novo tipo de perseguição acabou sendo mais perniciosa em seus efeitos do que qualquer outra levada a cabo pela Roma pagã de anos atrás.

Esta nova perseguição, diferente da perseguição pagã, não escolheu como alvo todos os que acreditavam em Jesus como seu Senhor e Salvador, mas sim teve como alvo só aqueles a quem a Igreja institucional chamava de hereges.

Na verdade, os arianos eram hereges. Mas isso não justificava que os perseguissem. Além do mais, muitos dos que a Igreja perseguiu após isso não eram hereges, mais sim verdadeiros Cristãos do Reino de Deus.

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Com frequência, a perseguição não só escolhia como alvo os Cristãos inocentes do Reino, pois também manchava de sangue as mãos dos próprios perseguidores e os arrastava para a conduta depravada do mundo.

Os primeiros Cristãos começaram a imaginar que podiam empregar os instrumentos de satanás se o fizessem com um propósito "santo".

A perseguição tornou muito difícil a possibilidade de a Igreja algum dia ser reformada ou restaurada à sua pureza original, visto que qualquer reformador potencial logo era chamado de herege e depois silenciado.

Ao instituir a perseguição patrocinada pela Igreja primitiva, o Concílio de Niceia desfez qualquer bem que poderia ter resultado do Concílio. Em muitos sentidos, o impacto que o Concílio de Niceia teve sobre a teologia foi até mais grave que seu impacto sobre a perseguição.

Isso deveu-se ao fato de que o Credo Niceno fez com que a ortodoxia dependesse de uma palavra que nem sequer aparece nas Escrituras, "Homoousian".

No entanto, ao converter uma palavra que nunca se usa na Escritura na pedra de toque da ortodoxia, Niceia abriu uma caixa de Pandora pois, basicamente, o Concilio estava propondo que as Escrituras eram inadequadas!

O Concílio propunha que havia verdades essenciais, sem as quais não podemos ser salvos, que não estão expressas de maneira específica nas Escrituras.

Em vez de confiarem em Deus e crer que Suas Escrituras eram adequadas, os bispos do primeiro Concílio recorreram à solução humana para resolver a controvérsia. E o que se seguiu causou mais dano à Igreja primitiva do que qualquer prejuízo que Ario tivesse causado.

Já que os bispos tinham ido além das Escrituras, eles quase imediatamente viram a necessidade de declarar que a decisão do Concílio de Niceia tinha sido inspirada por Deus e que era de igual valor às Escrituras.

Para melhor dizer: "Estavam afirmando que as revelações especiais não haviam terminado com os apóstolos. Depois de um lapso de mais de duzentos anos, o Espírito Santo supostamente estava novamente dando uma revelação especial do mesmo nível das Escrituras".

Até nossos dias, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental declaram categoricamente que os pronunciamentos do Concílio de Niceia e dos outros chamados concílios ecumênicos têm a mesma autoridade que as Escrituras!


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