Por volta do ano 400 d.C. a Igreja havia-se convertido num grupo de pessoas que se reuniam a cada domingo e podiam citar de cor certos credos e fórmulas doutrinais. A grande maioria das pessoas não exercia o contato "pessoal" com Deus e a Igreja sofria de intensa "anemia espiritual".
Opondo-se a esta negligência espiritual, Pelágio, um monge da Bretanha, começou a pregar vigorosas mensagens do arrependimento e da santidade. Mas, para destacar a responsabilidade de cada pessoa perante a Deus, também pregou que os homens poderiam teoricamente viver toda a vida sem pecado. Desta maneira poderíamos salvar a nós mesmos, sem a necessidade de depender da graça de Deus.
Este ensinamento não estava tão afastado do que ensinavam os primeiros Cristãos, pois eles também acreditavam que cada pessoa é responsável por seus próprios pecados e que somos capazes de obedecer a Deus. No entanto, ao mesmo tempo, reconheciam que todos temos que depender tanto da Graça salvadora de Deus como também da Sua Graça fortalecedora. Sem a Graça de Deus, não podemos ser salvos do pecado.
Respondendo aos ensinamentos de Pelágio, Agostinho, com sua própria e "famosa" abordagem teológica foi ao outro extremo e desenvolveu as seguintes doutrinas:
"Como resultado do pecado de Adão, os homens são totalmente depravados e totalmente incapazes de fazer o bem, de salvar-se ou de acreditar em Deus. A decisão de Deus de salvar uma pessoa e condenar a outra, de dar fé a uma pessoa e não a dar a outra é totalmente arbitrária. Isto é, depende só de Deus e não de nós".
"Antes da criação do mundo, Deus arbitrariamente predestinou quem seria salvo e quem seria condenado, e aqueles que são predestinados para a condenação não podem ser salvos jamais. Não obstante, nem todos os que recebem o dom da fé são predestinados para a salvação, pois o dom de perseverar é um dom independente da fé. A salvação depende exclusivamente da graça de Deus. A fé, a obediência e a perseverança são dons de Deus".
Pelágio não pode combater os argumentos poderosos de Agostinho e seus ensinamentos errôneos não tiveram repercussão. Mas o mais grave foi que Agostinho, reagindo contra os ensinamentos de Pelágio, negou completamente os ensinamentos dos primeiros Cristãos quanto ao livre arbítrio do homem e a sua responsabilidade de responder à graça de Deus para receber a Salvação. Em seu lugar, surgiu a doutrina fria e inflexível da predestinação arbitrária.
A controvérsia entre Pelágio e Agostinho, agora com outros atores, voltou a acontecer no século XVI, na Europa. E outra vez o tema central era a salvação. Através dos séculos, a Igreja Católica Romana havia-se apartado pouco a pouco da posição de Agostinho sobre a predestinação estrita, e ensinava que as boas obras tinham a ver com a salvação.
Assim, a doutrina da Igreja se parecia à dos primeiros Cristãos. Mas para os primeiros Cristãos, as boas obras não eram nada mais do que a obediência aos mandamentos de Deus.
Porém, os Católicos da Idade Média estenderam o significado deste termo até incluir práticas cerimoniais, como fazer peregrinações, adorar relíquias e comprar indulgências. A Reforma ou protestantismo, se iniciou como resposta ao abuso destas práticas. Na teologia Católica a indulgência é o perdão dos pecados, que concede liberdade das penas incorridas por eles.
Acreditava-se que o Papa tinha o poder de conceder indulgências tanto às pessoas vivas como também aos falecidos que estavam no purgatório, com a condição de que, quem as recebesse ou as pedisse, estivesse arrependido e desse esmolas à Igreja ou a alguma obra de caridade.
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