Quando olhamos para o período pré-constantiniano constatamos que ele se apresenta um tanto obscuro. É muito difícil obter informações específicas sobre o cotidiano dos Cristãos na sua Igreja, desde que muitos dos seus escritos e edificações foram regularmente destruídos. Sabemos mais sobre os conceitos teológicos do que a Fé ou a vida litúrgica do Cristianismo primitivo. Este período pode ser denominado como um ponto cego da história Cristã, pois foi o que teve o menor número de fontes históricas primárias preservadas. Existiam inúmeras fontes sobre o Cristianismo do Novo Testamento mas, em seguida, as luzes se apagaram.
Metaforizando, podia-se ouvir os sons abafados de uma grande luta nos bastidores da Cristandade. O Cristianismo e as culturas judaica, romana e grega chocaram-se de frente no campo de batalha ideológico das crenças e estilos de vida, até que o mundo grego sobrepujou os demais. Como consequência, o cristianismo judaico foi revisto para torná-lo mais atraente e apelativo para o público grego. Séculos mais tarde, quando as luzes se reacenderam, podemos dizer que alguém rearranjou toda a "mobília" do Cristianismo, tornando-o muito diferente do que era nos seus primórdios.
O antigo Cristianismo não mais existia e, em seu lugar, surgiu uma nova entidade recriada e antagônica, o cristianismo helenizado. A helenização do Cristianismo é um fenômeno amplamente reconhecido pelos estudiosos da história Cristã. Refere-se à imposição da cultura e filosofia grega sobre as culturas do Oriente. O resultado foi uma síntese do Oriente com o Ocidente, um caldeirão de cultura popular que permeou por todo o mundo da época. Entretanto, na esfera religiosa, a síntese significou um compromisso e, nos termos do Evangelho de Deus, o compromisso com as crenças e apostasias populares traduziu-se como heresia.
Em 312 d.C., o imperador romano Constantino criou a igreja-estado e satanás instalou seus ministros nesta "nova igreja". Os Apóstolos já estavam mortos há séculos e o reescrito Novo Testamento, como o conhecemos, já espalhara-se pela população Cristã. A igreja-estado foi criada pelos romanos para os romanos, os quais editaram e controlaram a distribuição das Escrituras, excluíram da sua história vários Santos de Deus, assim como apóstolos e profetas. Esta "nova igreja" foi formada em conluio com a monarquia e o governo civil, que usaram seu poder intimidador para fazer valer suas visões religiosas e angariar riquezas para o clero.
Esta igreja apóstata substituiu a Igreja primitiva do primeiro século e pregou seu ideário humano inserido nas Escrituras. No século II d.C., compiladores heresiarcas como o assírio Taciano e Marcião de Sínope tiveram a ousadia de reescrever o Evangelho de Deus, acrescentando e obliterando trechos que não eram do "seu agrado". Esta heresia explícita, que negou o princípio da Revelação transformando-o no intelecto humano, pretendeu destronar Deus da Sua Igreja e substituí-Lo pelo homem. Sendo um subproduto do homem e auto-idolatria, estes novos credos representaram uma abominação ao Senhor. O mal que disseminou-se no mundo atual é consequência das heresias do passado.
0 comentários:
Postar um comentário