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22 outubro 2012

APOSTASIA, SERVINDO A DOIS REINOS - APOSTASY, SERVING TWO KINGDOMS

APOSTASY

A Igreja institucional não desmoronou quando o Império Romano Ocidental ruiu, pois a queda de Roma só fez aumentar o poder da Igreja — após a queda do Império a Igreja tornou-se a instituição principal da civilização européia.

Desde que invasores germânicos dividiram o Ocidente em "reinos cristãos menores", o Bispo de Roma legou o status desfrutado anteriormente pelo imperador romano. Ele era denominado simplesmente como "O Papa", e tornou-se uma das pessoas mais poderosas do mundo conhecido.

Com o passar dos séculos, a Igreja Católica Romana continuou crescendo em riquezas e poder. Roma continuou sendo a cidade principal da Europa ocidental, mas agora seus principais rendimentos procediam do poder da Igreja.

Milhares de peregrinos viajavam para visitar a catedral de Roma e olhar as relíquias de São Pedro. Mas os "bons cristãos" de Roma exploravam estes peregrinos até não poder mais — vendiam pedaços da cruz, ossos dos santos e outras relíquias.

Seguindo o "cristianismo híbrido constantiniano", o Papa possuia dois cargos distintos: Príncipe Terrestre de Roma e Bispo Universal da Igreja Católica.

Em 750 d.C., para justificar os poderes terrestres do Papa, um clérigo criou o documento que confirmava a doação do reino terrestre de Constantino para o Papa e todos seus sucessores — a doação seria válida até o fim do mundo!

Este documento fraudulento ficou conhecido como "A Doação de Constantino" e enganou todo mundo na Europa. Nele o Papa reivindicava a liderança secular de Roma, da Itália e do Ocidente.

A Doação de Constantino

Devido ao fato de nosso poder imperial ser terrestre, decidimos honrar reverentemente a Sua Santíssima Igreja Romana e exaltar a Santíssima Sé do bendito Pedro, e lhe atribuir glória acima de nosso próprio Império e trono terrestre, atribuindo-lhe poder, majestade gloriosa, fortaleza e honra imperial. Por meio do presente documento concedemos nosso palácio imperial de Latrão, o qual ultrapassa e supera a todos os palácios no mundo inteiro. Concedemos o diadema, a coroa imperial e a tiara.

Também concedemos o manto púrpura, a túnica carmesim e todas nossas indumentárias imperiais, para que correspondam-se ao próprio Império de maneira que a autoridade pontifical suprema não seja desonrada, mas sim adornada com um poder glorioso maior que a dignidade de qualquer império terrestre. Outorgamos ao Santo Pontífice, nosso pai Silvestre, o Papa universal, não só o palácio mencionado anteriormente, mas também a cidade de Roma e todas as províncias, distritos e cidades da Itália e das regiões ocidentais.

TWO KINGDOMS

Em 755 d.C., os germanos lombardos já controlavam a maior parte de Itália, e o Papa temia que contemplassem a possibilidade de conquistar a cidade de Roma. Os lombardos eram "bons cristãos", mas isso não mudava em nada esta questão das conquistas, pois os novos cristãos não vacilavam em invadir terras alheias e assassinar a população das localidades.

Temendo que os lombardos ocupassem Roma, o Papa Estevão viajou para a Gália a fim de convencer o rei dos francos, Pepino, a ajudá-lo. O Papa mostrou a falsa Doação de Constantino e lhe instou que, como um bom rei Cristão, precisava recuperar, para São Pedro e seus sucessores, as cidades italianas conquistadas .

Deixando-se enganar pela Doação falsa os francos foram em auxílio ao Papa, derrotando os lombardos e devolvendo ao Papa vinte cidades italianas — um bloco de território que ficou conhecido a partir dessa data como os Estados Pontifícios.

Logicamente, todo este poder terrestre e os imensos rendimentos tributários procedentes dos Estados Pontifícios converteram o ofício de Papa em algo muito invejável para os homens com motivos nada piedosos. Assim, diferentes facções de famílias poderosas de Roma brigaram para adquirir o "Trono de Pedro" — no espaço de um ano quatro candidatos ocuparam o trono papal e três foram assassinados.

Em 954 d.C., o príncipe romano Alberico adoeceu gravemente quando preparava-se para uma batalha. Ao perceber que estava a ponto de morrer, convocou os nobres de Roma para visitarem o túmulo de São Pedro. Ali, pediu aos nobres que jurassem sobre os ossos de Pedro que eles fariam seu filho de 15 anos, Otaviano, príncipe de Roma após sua morte.

Também os fez jurar que elegeriam Otaviano ao cargo papal depois que morresse. Os nobres assim juraram e, aos quinze anos, Otaviano tornou-se o príncipe de Roma. Um ano depois já ocupava o trono papal.

A fim de distinguir entre a sua qualidade oficial de príncipe de Roma e sua posição papal, Otaviano adotou o nome de João XIII, e como  príncipe de Roma seu nome verdadeiro. Se ele governava dois reinos porque não teria dois nomes? O precedente que Otaviano criou permaneceu como uma prática entre os papas desde então. 

APOSTASY

Otaviano, o Papa João, protegeu seu papado e seu principado fazendo-se rodear de grupos de matadores armados. Ele foi tão incrivelmente malvado que um historiador o chamou de "Calígula cristão". Era viciado em bebidas alcoólicas, em jogos de azar com apostas grandes e toda a classe de libertinagem que se pudesse imaginarEle praticamente converteu o Palácio de Latrão numa casa de prostituição!

Seus contemporâneos apresentaram acusações que diziam que as mulheres peregrinas estavam sendo violadas dentro da própria Igreja de São Pedro! Finalmente, por meio da ajuda do rei germânico Otto, alguns dos sacerdotes e bispos convocaram um concílio para apresentar o Papa João perante um tribunal eclesiástico.

No entanto, o Papa João negou-se a comparecer e ocultou-se num esconderijo. Depois que os exércitos germânicos abandonaram a cidade, o Papa regressou a Roma e desafogou sua fúria sobre os clérigos que tinham testemunhado contra ele no concílio. Um sacerdote foi açoitado até quase morrer. Outro teve a língua arrancada, um terceiro teve a mão cortada e um quarto clérigo teve o nariz e os dedos cortados.

Mesmo que vários papas fossem monstros malvados, a Igreja nunca excomungou nem castigou nenhum deles por seus assassinatos ou libertinagem. Os únicos casos em que os papas foram retirados dos cargos foi quando seus adversários os matavam ou tiravam seu título mediante o uso da força.

Por outro lado, enquanto a Igreja omitia-se de combater a corrupção e a maldade que alguém praticava em seu meio, ela perseguia os "hereges" com toda sua força — torturava e os encerrava em masmorras úmidas e escuras, ou assassinava-os da maneira mais dolorosa.

Algumas das vítimas da  realmente defendiam erros doutrinários, e em alguns casos eram erros terríveis. Mas outros eram bons Católicos cujo único delito era questionar a autoridade de Roma. Muitos "hereges" eram verdadeiramente cristãos do reino que só procuravam obedecer a seu Rei.

APOSTASY

Um dos estatutos germânicos promulgados no ano 1215 é muito representativo das leis medievais aprovadas contra os hereges:

Quando achar os hereges, eles deverão ser acusados perante a corte espiritual, mas em primeiro lugar devem ser indiciados pelos eclesiásticos. Quando forem declarados culpados serão apresentados perante a corte secular, a qual os sentenciará adequadamente, o que significa que serão queimados na fogueira. Se o juiz protegê-los ou conceder isenções ilegais e não os condenarem, então ele deverá ser excomungado e tratado da forma mais severa.

Este estatuto estipulava que um príncipe que protegesse os hereges, ou simplesmente deixasse de processá-los, seria excomungado e todos os seus bens e títulos lhe seriam retirados. Em 1229, o Sínodo de Toulouse aprovou quarenta e cinco regras sobre como deviam ser perseguidos e castigados os hereges:

Em cada paróquia, seja dentro ou fora da cidade, os bispos devem unir-se por juramento, um sacerdote e dois ou mais leigos de boa reputação, para que diligente, fiel e frequentemente procurem hereges em suas paróquias, em casas individuais suspeitas, em habitações subterrâneas, nos anexos das casas e outros esconderijos. A casa onde se encontrar um herege deve ser demolida e a propriedade confiscada.

Quem tiver voltado à Igreja involuntariamente por temor à morte ou por qualquer outra razão deve ser encarcerado pelo bispo. Todos os membros de uma paróquia devem fazer seus votos perante o bispo, sob juramento de que protegerão a fé católica e perseguirão os hereges no que estiver em seu poder de fazê-lo. Este juramento deve ser renovado a cada dois anos.

TWO KINGDOMS

Arnaldo de Brescia, era um clérigo italiano que tentou reformar a Igreja mundana do século XII. Ele defendia que todos os membros do clero, desde o Papa até o sacerdote do povo, deviam viver como viveram os apóstolos.

Ele chamou alguns membros do clero de cambistas e o local de "covis de ladrões". Também condenou o sistema papal por ter perdido a visão total da verdadeira missão apostólica. Arnaldo pregava que a Igreja devia se despojar de todo o poder secular e se dedicar exclusivamente ao Evangelho de Cristo.

Qual foi a reação da Igreja? O Papa mandou enforcar Arnoldo e depois queimá-lo. Suas cinzas foram lançadas ao Rio Tibre que passa por Roma.

Quase ao mesmo em tempo que Arnaldo pregava na Itália, Pierre de Bruys, um pobre sacerdote aldeão que viajava descalço pelas cidades e povoados do sul da França, pregava sobre a Palavra e a Vinda do Reino de Deus.

Pierre de Bruys atraia uma grande multidão de seguidores dentre os pobres pois ensinava que os templos de cultos eram um desperdício extravagante. A Igreja, dizia ele, é uma comunidade espiritual que não precisa de edifícios para existir. Pierre lia os quatro evangelhos aos seus ouvintes e pregava-lhes o verdadeiro Reino de Deus.

Infelizmente, alguns dos seus seguidores não abraçaram completamente a doutrina da não-resistência e destruíram altares, imagens, queimaram crucifixos e atacaram as Igrejas. Pierre acabou sendo queimado por seus adversários Católicos.

Um último exemplo de pregador medieval foi Henri de Lausanne, que viajava por todo o norte da França no começo do século XII pregando sobre o Reino de Deus. Ele não só pregava a mensagem como também atacava fortemente o clero rico. Suas pregações e censuras inflamadas atraíam uma grande quantidade de partidários entre os pobres.

Finalmente, a Igreja usou o poder da nobreza para expulsar a Henri do norte da França, mas Henri viajou através do sul da França ao norte da Itália incentivando que os Cristãos regressassem à simplicidade dos apóstolos e da Igreja primitiva — em vez de confiar na autoridade da Igreja, aceitar o Novo Testamento como a única autoridade.

Ele dizia aos Cristãos que deviam confessar seus pecados uns aos outros e que não era preciso obter penitência nem absolvição de um sacerdote. Milhares de pobres responderam à mensagem de Henri e centraram suas vidas em Jesus e Seu Reino. Em meados do século XII, Henri de Lausanne desapareceu misteriosamente dos arquivos históricos!


TWO KINGDOMS

Quer tenham sido indivíduos discretos  ou  membros dos movimentos medievais, os Cristãos da Idade Média tiveram dois traços em comum. Em primeiro lugar, a vasta maioria deles procedia das classes pobres ou incultas, e não é de se estranhar que Jesus dissesse: "Bem-aventurados os pobres".

Em segundo lugar, eles derivavam sua autoridade unicamente do Novo Testamento, direto dos Ensinamentos de Jesus. Ele disse: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, que ocultaste estas coisas dos sábios ou entendidos e as revelaste aos pequeninos".

Depois, não interessavam-se pelo mundo, de maneira que não tinham o que deixar para trás. De fato, o Reino dos Céus verdadeiramente lhes pertencia! Afastados de toda a sofisticação e minuciosidades teológicas, puderam ver a mensagem singela do Reino de Deus que aparece tão claramente nos Evangelhos.

Alguns destes Cristãos do Reino de Deus tiveram uma formação teológica formal, mas a maioria não sabia o que era isto. Em geral, estes Cristãos liam e escutavam repetidamente os ensinamentos de Jesus Cristo e os punham em prática muito literalmente.

É exatamente nisso que consistia desde seu início o verdadeiro Cristianismo do Reino de Deus. Os valores e ensinamentos que Jesus nos deu são permanentes e não mudam com a sociedade, pois Ele é o mesmo de ontem, hoje e por toda a eternidade.



06 outubro 2012

O CRISTIANISMO HÍBRIDO DE CONSTANTINO - CONSTANTINE'S HYBRID CHRISTIANITY

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Na época de Jesus, os Cristãos tiveram que mudar radicalmente seu paradigma para entrarem no reino de Deus. Então chegou a vez do imperador Constantino, e os novos cristãos não observaram as advertências do Mestre Jesus, pois estavam convencidos de que havia chegado o momento de fazer uma nova mudança de paradigma.

Comentavam e bradavam que Deus estava trazendo uma nova era de ouro para a Cristandade, na qual os Cristãos estariam livres das perseguições e poderiam desfrutar do luxo e poder mundanos. Mas os "novos cristãos" não poderiam estar mais enganados! Nada no Novo Testamento correspondia ao modelo desta nova era, supostamente de ouro.

Nesta época dourada, a Igreja teve que retroceder ao período do Antigo Testamento para encontrar nas Escrituras algum modelo que funcionasse a contento. Assim, em vez de avançar, a Igreja retrocedeu aos tempos e conceitos do Israel antigo para encontrar seu novo modelo. Foi, portanto, uma retro-mudança de paradigma!

Foi uma tentativa de adaptar a teologia e as ordenanças do Novo Testamento à moral e ao estilo de vida do Antigo Testamento, num esforço de unir o Reino de Deus com os reinos do mundo. A metade deste cristianismo-híbrido consistia no governo secular e a outra metade na Igreja. As duas metades seriam uma só entidade, e um novo "reino de Deus" seria o resultado desta hibridação.

Da mesma forma que o reino hebreu do Antigo Testamento foi uma extensão das fronteiras físicas de Israel, este novo reino de Deus, sob a égide do cristianismo-híbrido, comportaria todas as extensas fronteiras e domínios do Império Romano comandado pelo imperador Constantino, o Grande.

Agora o reino de Deus já não estaria dentro do coração das pessoas, pois seria um império visível e tangível. Assim como os israelitas iam à guerra para defender seu reino e subjugar os inimigos de Deus, os novos cristãos romanos seriam chamados a fazer o mesmo. Os Cristãos que não aceitaram o híbrido constantiniano foram considerados hereges e executados sem perdão!

Nos Ensinamentos de Jesus, aprendemos com esta parábola:

"O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem semeou no seu campo. É a menor de todas as sementes mas, crescendo, faz-se uma árvore, de sorte as aves do céu aninham-se nos seus ramos. Assim, estreita é a porta que leva à Vida Eterna, e existem poucos que encontrem o caminho".

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Constantino amava o poder terrestre e foi cruel em seu desejo de proteger seu poder. Ele instituiu um sistema de espiões através de todo o Império Romano para que o mantivessem a par de qualquer crítica e possíveis adversários e preparativos para uma hipotética rebelião.

Quando os espiões acusavam alguém de traição a Constantino, as autoridades tomavam o suspeito e levavam para Milão ou Constantinopla, onde responderia às acusações. Se não havia suficiente evidência contra o acusado, os carcereiros torturavam o infeliz até que confessasse qualquer crime.

Mesmo se o acusado fosse um Cristão não mudaria em nada sua situação! Em seu leito de morte Constantino legou o Império Romano a seus três filhos: Constâncio, Constante e Constantino II, e a dois sobrinhos mais velhos. Os cinco consideravam-se "cristãos" e Roma continuaria sendo um império cristão!

No entanto, esses cinco homens-cristãos compartilhavam a mesma ambição de Constantino pelo poder, de maneira que pouco tempo após ter falecido, seu filho Constâncio assassinou os dois sobrinhos e massacrou, literalmente, todos os varões de ambas as partes da família.

Com os dois sobrinhos fora do caminho, os três filhos de Constantino dividiram o Império entre si. Sem dúvida agora poderia haver paz, já que estes homens eram irmãos de sangue e cristãos! Mas o "novo cristianismo" não se comportava como o autêntico Cristianismo, e nenhum dos irmãos estava satisfeito em ter só a terceira parte do Império.

Assim, pouco tempo depois do massacre em família, Constantino II invadiu a Itália para apoderar-se da parte do Império pertencente ao seu irmão Constante. Mas Constantino II morreu nesta tentativa de conquista. Agora só dois governantes, dos cinco originais, disputavam o poder: Constante, que comandava o Império Ocidental, e Constâncio, governante do Oriental.

Um dos mitos históricos mais duradouros é que Roma caiu por ter mergulhado em vícios pagãos, orgias frequentes e entretenimentos sanguinários. Mas Roma não caiu quando foi governada pelos pagãos! Durante a queda do Império Romano as lutas de gladiadores já tinham sido declaradas ilegais e uma rígida moralidade, copiada do Antigo Testamento, foi imposta sobre a população, em sua totalidade composta pelos novos-cristãos.

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A representação popular que conhecemos é que hordas de bárbaros selvagens seminus, os adoradores de Thor, escalaram os muros de Roma e massacraram todos que se encontravam. Mas os povos germânicos não eram selvagens nem incivilizados, eram meio romanos em sua cultura e, muitos deles, aliados e protetores do Império Romano. A maioria era composta por cristãos professos! 

A era de ouro que era para florescer em Roma nunca se realizou. O Império Romano já se encontrava em decadência quando os novos-cristãos o herdaram. Contudo, estes novos governantes cristãos, como Constantino & família, demonstraram ser piores dirigentes que seus predecessores pagãos.

Em lugar de resolverem os problemas, os imperadores cristãos só os pioraram. Seus impostos sufocantes e suas intermináveis lutas internas aceleraram a decadência do Império Romano, que tinha começado sob a égide dos imperadores pagãos do século III, até que finalmente conseguiram afundar todo o Império Ocidental.

Em essência, os cristãos do início do século IV trocaram o Reino de Deus por um reino deste mundo. Os acontecimentos que ocorreram desde a ascensão ao trono de Constantino, no ano 312 d.C., até a derrubada do último imperador do Império Ocidental no ano 476 d.C., deviam ter dado aos cristãos muito em que pensar.

Mas a queda de Roma não os levou, nem a Igreja, ao arrependimento. Como também não levou o "híbrido constantiniano" ao seu fim! Na realidade a Igreja tornou-se a instituição dominante da Idade Média e o modelo social do híbrido continuou através e além do período medieval.

Os pecados sexuais, a feitiçaria, o aborto e os entretenimentos lascivos foram condenados, mas no tocante à imoralidade sexual e lascívia a nobreza não se ajustou aos mesmos parâmetros que condenava.

A acumulação de riquezas, a prestação de juramentos por dinheiro e a matança indiscriminada nas guerras foram consideradas aceitáveis por Deus. Esse foi o modelo nos tempos de Constantino e o modelo durante a Idade Média. Este foi o modelo adotado e consagrado pelos governos "cristãos" da atualidade: um vale-tudo tendo Deus como desculpa!




26 setembro 2012

A IGREJA PRIMITIVA - THE EARLY CHURCH


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Jesus foi acusado pela liderança judaica e a autoridade que o sentenciou à morte foi o governador Pôncio Pilatos, o representante do Império Romano na Judeia. A morte de Jesus não acabou com o Cristianismo, e seus seguidores, considerados como inimigos do Império, passaram a ser perseguidos.

Quando o Livro do Apocalipse foi escrito entre os anos 90 e 100 d.C. o imperador de Roma era Domiciano, que promovia a caça, tortura e morte dos Cristãos. Estes sofriam uma intensa perseguição, que começou em Roma, e depois espalhou-se por todas as províncias do Império.

Ser Cristão era um crime, pois significava prestar honras a Jesus Cristo e não ao Imperador Romano. Quando um Cristão era denunciado e levado diante de um tribunal romano, a única forma de não ser condenado à morte era renegar a sua Fé — a maioria não abandonou a crença em Jesus Cristo como seu Deus e Senhor.

Durante os últimos quarenta anos do século III, de 260 a 300 d.C., a Igreja primitiva desfrutou de um tempo de paz sem precedentes. Houve perseguições locais esporádicas, mas nenhuma em grande escala no Império Romano. Isto parecia uma benção para a Igreja, já exausta e acossada, uma sobrevivente da perseguição violenta desde o tempo da sua fundação.

A consequência da paz ilusória levou a Igreja a abaixar a guarda, e com a perseguição fora de suas mentes, os primeiros Cristãos começaram a contenda entre seus iguais. A teologia, que sempre tinha sido algo secundário na Igreja primitiva passou para a vanguarda, e surgiram violentos debates teológicos através de todo o Império, agora Cristão.

Os primeiros Cristãos perderam a doutrina da separação do mundo e a disciplina começou a relaxar, principalmente em Roma, quando pela primeira vez na História do Cristianismo os primeiros Cristãos assumiram posições no governo romano. No entanto, a Igreja primitiva em 300 d.C. era bem mais disciplinada e separada do mundo do que a maioria das Igrejas atuais.

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Mas a paz de quarenta anos chegou ao seu fim, pegando desprevenidos a maioria dos Cristãos, quando em 303 d.C. o Imperador Diocleciano iniciou a perseguição mais devastadora que a Igreja jamais sofrera — as Igrejas foram queimadas em todo o Império e os escritos dos Apóstolos eram o combustível das fogueiras. Os legionários encarceravam os Cristãos que sofriam das torturas mais horríveis concebidas pelos romanos.

A perseguição continuou golpeando os Cristãos durante longos anos, mas o governo romano não conseguiu destruir a Igreja primitiva, e o Reino de Deus prevaleceu. Ao admitir a derrota, o imperador Diocleciano pediu aos Cristãos que orassem por ele! Depois, abandonou o seu cargo e suicidou-se.

Não foi uma batalha fácil, mas os primeiros Cristãos mostraram a satanás que ele não poderia derrotar o Reino de Deus por meio da força bruta, pois foi derrotado. Mas, será que foi mesmo? O que a Igreja primitiva não sabia era que satanás tinha mais de uma arma em seu arsenal, a astúcia — se não podia destruir o Reino de Deus se uniria ao mesmo e seduziria os Cristãos para que se unissem a ele.

As perseguições aos Cristãos só terminariam por volta de 311 d.C. Em 312, os Cristãos receberam boas notícias: Constantino, Licínio e Galilério, que lutavam pelo trono do Império Romano, assinaram e publicaram o "Edito da Tolerância", que enquadrava o Cristianismo no mesmo nível das outras religiões.

Ficou conhecido como o "Edito de Milão", e afirmava: "Decidimos conceder tanto aos Cristãos quanto a todos os homens livres, a liberdade de seguir a religião que escolherem, de maneira que qualquer divindade celestial que exista possa estar disposta a nos ajudar, e a todos os que vivem sob nosso governo".

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Outros decretos de Constantino e Licínio foram mais tolerantes — qualquer propriedade confiscada dos Cristãos durante a perseguição deveria ser devolvida a eles e todas as Igrejas queimadas ou destruídas seriam reconstruídas às custas do dinheiro público. Mas o Edito de Milão não converteu o Cristianismo em Igreja estatal, pois somente instituiu a liberdade de religião no Império Romano.

No entanto, pouco tempo depois, o imperador Constantino adotou uma política indubitavelmente pró-cristã no Império Romano — em poucos anos os Cristãos passaram de minoria perseguida para os favoritos da corte! Lamentavelmente este "favor" não veio sem pedir algo em troca.

Quando um governo decide ajudar o Cristianismo de alguma maneira, em geral esta "ajuda" vem acompanhada da participação do governo na Igreja. Constantino desejava sinceramente promover o Cristianismo através de todo o Império, mas ele era um homem não-regenerado, um homem do mundo.

Assim, a única maneira de promover o Cristianismo era através dos meios humanos. Constantino tinha a certeza de que as Igrejas dos primeiros Cristãos seriam insuficientes para alojar grandes multidões que viriam para os cultos, já que ele estava promovendo o Cristianismo.

Desta forma, proclamou um estatuto exigindo que os lugares de adoração-cristã, através de todo o Império, fossem ampliados consideravelmente. Constantino decidiu que as edificações não somente deveriam ser maiores, mas também mais suntuosas — os lugares de adoração a Deus não tinham que ser meras casas ou simples construções, quando os templos pagãos estavam todos decorados! 

Assim, Constantino decidiu que a religião verdadeira é que deveria ter as construções mais impressionantes e, seguindo este raciocínio humano, ordenou que as novas Igrejas fossem decoradas com colunas impressionantes e tetos abobadados.

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Ele sugeriu que as Igrejas tivessem fontes formosas e elegantes pisos de mármore. Constantino desejava que fosse difícil para um incrédulo passar em frente a uma Igreja Cristã sem sentir-se tentado a entrar para conhecer mais da sua beleza — devaneando e pensando nas outras formas de abençoar a Igreja primitiva — pois acreditava que se abençoasse a Igreja primitiva Deus abençoaria o Império. [sic]

Constantino observou que a maioria dos anciãos da Igreja Cristã viviam na pobreza, e pensou que isto não era conveniente para os representantes do Único Deus Verdadeiro. De maneira que começou a pagar salários aos bispos e anciãos à custa dos fundos do Estado. Inclusive chegou a ceder uma das suas residências, o Palácio Laterano, ao bispo de Roma e seus sucessores.

Constantino também isentou todos os religiosos e as Igrejas do pagamento de impostos! Levando-se em conta que os impostos romanos eram muito altos, e que aumentaram ainda mais durante o reinado de Constantino, estas isenções eram um benefício considerável. E o melhor foi que o Estado concedeu todos estas isenções sem exigir compromissos em troca — pelo menos era o que parecia.

Na África do Norte ocorreu uma ruptura na Igreja primitiva relacionada ao fato de que os líderes da Igreja tinham transigido durante a perseguição diocleciana — aqueles Cristãos que negaram os líderes que tinham transigido passaram a ser conhecidos como donatistas, enquanto que o restante eram denominados de Católicos. Em consequência desta divisão havia dois bispados, dois grupos de anciãos e dois corpos de crentes em Cartago, na África do Norte, os donatistas e Católicos.

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Assim, Católicos e donatistas afirmavam sua legitimidade em Cartago. No passado, esta polêmica seria um assunto puramente interno da Igreja, mas as benesses de Constantino criaram um problema de dimensões completamente novas, ou seja: quais religiosos receberiam o generoso salário oferecido pelo Estado; qual bispo ou grupo de presbíteros seriam isentos do pagamento de impostos; quem estaria a cargo da nova Igreja suntuosa construída com o dinheiro de Roma?

Depois de várias decisões emitidas pelo clero romano, Constantino decidiu em favor dos Católicos — a polêmica dos donatistas criou um precedente, a partir do qual o imperador romano sentiu-se no direito de convocar os concílios da Igreja e decidir sobre os assuntos pertinentes. O muro entre a Igreja e o Estado desmoronou-se em grande parte!

Agora os Cristãos estavam dispostos a misturar os assuntos do Reino de Deus com os assuntos deste mundo. Constantino nomeou Cristãos nos altos cargos do governo porque achava que Deus abençoaria seu mandato se aquele fosse formado por Cristãos. Uma vez que os Cristãos chegaram ao poder, se corromperam, caíram na luxuosidade, e abandonaram os Mandamentos de Deus.

Naquela altura, Constantino já considerava-se um bispo, similar aos que estavam fora da Igreja Católica — os bispos da Igreja eram responsáveis por pastorear os que estavam na Igreja e Constantino o responsável por ser pastor espiritual dos que estavam fora da Igreja!

Autonomeado bispo secular, Constantino promulgou um decreto que proibiu os servidores públicos do governo oferecerem sacrifícios ou praticar adivinhações. Finalmente, Constantino considerou-se "chefe e bispo universal" dos Cristãos e, assim, o resto é a História.