Os filósofos Católicos da Idade Média formularam uma metafísica realista sem a qual a ciência não existiria em sua forma atual. Eles acreditaram na realidade da matéria e afirmaram que o mundo físico não era simplesmente um véu de ilusões, como nas religiões orientais, mas sim continha uma ordem causal com suas próprias leis de honradez beneficiando o ser humano.
Somente um Universo com início, meio e fim seria hospitaleiro para o desenvolvimento de processos físicos irreversíveis — como a segunda lei da termodinâmica —, e o subsequente trabalho de Isaac Newton e Albert Einstein teria sido impossível sem esta simples asserção.
O universo de Einstein, finito e altamente específico, sempre acrescentou uma enorme oportunidade para a rearticulação do argumento cosmológico sobre a existência de Deus. Foi através do Cristianismo e da escolástica medieval, em particular, que desvendou-se o caminho para as teorias físicas de Newton e Einstein — através da crença de que o Universo é racional.
Mesmo que o Universo demonstre fortemente sua dependência de um Criador, os Católicos não devem cair na armadilha da "ciência da criação". A Criação é um conceito estritamente filosófico e a ciência baseia-se no empirismo — quando descarta-se as verdades reveladas e considera-se somente a natureza quantitativa dos fatos.
Os Cristãos, longe de sentirem-se intimidados pela ciência, devem alegrar-se com a quantidade de descobertas científicas que indicam fortemente a necessidade de um Criador. Também devem estar cientes de que sem o Cristianismo e as obras dos grandes filósofos Católicos da Idade Média não existiria a ciência atual.
Na mente popular a ciência é totalmente hostil à religião, pois aquela abrange fatos e evidências enquanto que a religião professa a fé restrita. Mas, como muitas noções populares simplistas, esta visão está totalmente equivocada. A ciência moderna não só é compatível com o Cristianismo como também ancora-se nele para buscar suas fontes!
Mas isto não significa que a Bíblia é um livro científico, e sim que contém verdades profundas com consequências filosóficas que tornam concebíveis a exploração da "mente da natureza" — o lugar do homem na Criação Divina e como Ele criou sabiamente o Universo.
Preencher as lacunas inexplicadas pela ciência como um ato de Deus é contraproducente, pois eventualmente os cientistas preencherão estas mesmas lacunas com devaneios materialistas ou asserções teóricas.
Uma visão católica iluminada da ciência deve ser ancorada na proposição de que Deus age por meio de causas secundárias. E mesmo concedendo um grau enorme de causalidade para a Sua Criação, a ciência sempre encontrar-se-á num ponto crítico onde uma decisão deve ser tomada — e nesta encruzilhada sempre encontrará o Criador!
Quando lemos as Escrituras compreendemos que a polêmica da evolução é desprezível. A teoria da evolução natural — entendida no sentido que não exclui a causalidade Divina — não opõe-se à Criação do mundo visível apresentada no Livro do Gênesis. Mas, a teoria evolutiva propõe uma probabilidade e não uma certeza científica — mas é correto afirmar que o homem pertence à ordem dos primatas.
Porém, este é o calcanhar-de-aquiles das filosofias materialistas, pois suas reivindicações são auto-anuladas quando rebaixam a consciência humana para um epifenômeno — fenômeno secundário condicionado por processos fisiológicos e incapaz de determinar o comportamento dos indivíduos.
Muitos fundamentalistas — protestantes, católicos, cristãos — não entendem o fato de que as Escrituras não são livros científicos e não ensinam ciência aplicada! O Antigo Testamento foi escrito no idioma hebreu arcaico utilizando-se do estilo literário poético típico dos antigos escribas.
Os autores do Gênesis não poderiam dizer que o Universo existia há 12 bilhões anos porque os hebreus não conheciam a palavra bilhão — e mesmo que conhecessem seria irrelevante para a sua religião.
Se o Universo tivesse aproximadamente 6.000 anos de idade, como sugere a leitura literal do Gênesis, claramente não seríamos capazes de vislumbrar a Via Láctea pois a sua luz ainda não teria nos alcançado. E o mais grave é que nosso planeta Terra também não existiria! [sic]
Nosso planeta existe há 4,5 bilhões de anos e as bactérias surgiram há 3 bilhões de anos, seguidas por algas e algumas curiosidades amórficas. Há 530 milhões de anos ocorreu a explosão cambriana, trazendo uma profusão súbita de complexas formas de vida — moluscos, trilobitas, águas-viva, cordados — mas todos sem fósseis (antepassados) discerníveis nas rochas fósseis paleozoicas.
Observando o subsequente registro fóssil podemos concluir que as espécies não evoluíram, mas sim que foram substituídas por outros grupos de seres. Culminando com o Homo Sapiens que fez sua chegada abrupta, totalmente já equipado com a vontade, intelecto e linguagem — recursos ausentes nas infra-ordens dos simianos.
Caso a expansão cósmica após o Big Bang fosse uma fração maior ou uma fração de milésimo de segundo mais lenta, as galáxias não se formariam. Seria como ter que contar com milhares de marcadores exatamente na configuração correta, dentro de uma tolerância de milionésimos, para que a vida baseada no carbono eventualmente emergisse e florescesse num "subúrbio" da Via Láctea!
Podemos teorizar que seria preciso uma intervenção consciente para que isto ocorresse, ou considerar a teoria da origem previamente estruturada durante o Big Bang. Mas o Universo nunca se auto-explicará totalmente, e a cosmologia moderna só atingirá sua maturidade final quando admitir sua incapacidade de desvendar os mistérios insondáveis.
Estes fatos desafiam as posições ateístas de R. Dawkins na esfera biológica, e do cosmólogo britânico Stephen Hawking na física teórica. A aceitação da hipótese do criador pelos cientistas é a melhor maneira de confrontar o pensamento evolucionista, pois sua base de raciocínio não pode ser comprovada cientificamente.
De forma parcial, alguns cientistas deixam o domínio das disciplinas científicas e partem para deduções filosóficas apriorísticas contra o Cristianismo. E novamente utilizando-se da teoria "oportunidade e caos", a mais proclamada pelos ateístas para explicar a existência do universo material e a existência do ser humano.
Se a ciência pariu apenas natimortos nas culturas antigas, como sobreveio o nascimento único e viável da ciência atual? O início da ciência como uma verdadeira instituição deu-se por intermédio de duas definições importantes do magistério da Igreja Católica:
A primeira, foi a definição de que o Universo foi criado a partir do nada no início dos tempos, resolução adotada em 1215 durante IV Concílio de Latrão. A segunda instrução magistral foi enunciada pelo Bispo Étienne Tempier em 1277, condenando o ensino de 219 teses teológicas. Estas atitudes transformaram o curso do conhecimento a partir do século XIII.
O ser humano figura no dogma cristão da Criação como um ser especialmente criado à imagem de Deus. Esta imagem constitui-se tanto pela racionalidade do homem quanto pelo partilhamento da racionalidade do próprio Deus — que de forma metafísica imprime em nossa condição humana, a ética, o amor e a eterna responsabilidade por nossas ações.
Portanto, foi a reflexão do homem sobre a própria racionalidade que forneceu-lhe meios para que compreendesse a racionalidade do reino criado por Deus no planeta Terra. A partir desta constatação, a mente humana foi capaz de criar suas próprias filosofias que culminaram no alvorecer da ciência.
A singularidade de Jesus Cristo assegurou nossa visão linear da história e fez do Cristianismo a ideologia mais influente no mundo. Os dogmas da Criação e Encarnação significaram uma ruptura absoluta na mente humana — muito mais revolucionária do que o passado repleto de paganismo.
Desde a enunciação destes dois dogmas e do resultante impacto histórico, empreendemos uma luta árdua pelo conhecimento que nunca será concluída, pois todas as leis específicas que regem o Universo ainda não o tornaram um sistema auto-explicativo.
Foram as filosofias dos pensadores cristãos do passado que enunciaram a metafísica-cristã da Criação. E foi precisamente esta doutrina, quando encontrou sua expressão máxima nos pensadores da Igreja Católica medieval, que estimulou o nascimento da ciência atual que transportará suas descobertas para o futuro distante.
JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU