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27 fevereiro 2013

ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 3ª PARTE

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Os primeiros Cristãos não tentaram viver suas vidas piedosas sem a ajuda de Deus, pois sabiam que não tinham o poder necessário. Os Cristãos através dos séculos sempre souberam que precisavam do poder de Deus para obedecer aos Seus mandamentos.

Os que servem a Deus não excluem de propósito a Sua ajuda na vida. No entanto, o que sucede com frequência é que a princípio andamos perto de Deus, dependendo do Seu poder, mas com o tempo começamos a nos afastar Dele.

Geralmente este processo começa no interior, na alma, mas aparentemente continuamos agindo da mesma forma. Mas o que acontece é que nossas orações se tornam formais, lemos as Escrituras com a mente focada em outras coisas e no fim achamos que estamos dependendo só de Deus e não precisamos "perder tempo".

Esta doutrina tem a sua origem em Martinho Lutero, que ensinou que somos completamente incapazes de fazer algo de bom e que tanto o desejo como o poder de obedecer a Deus, vêm só de Deus. Estas eram doutrinas fundamentais da Reforma na Alemanha, mas que não produziram uma nação de Cristãos alemães, obedientes e piedosos.

Na verdade, produziram todo o contrário. A Alemanha de Lutero chegou a ser uma sentina de grosseria, imoralidade e violência. O esperar passivo para que Deus fizesse algo pelo homem não produziu nem uma Igreja piedosa nem uma nação piedosa.

Ensinamento-Cristao

Os primeiros Cristãos ensinaram de outra forma. Nunca ensinaram que o homem é incapaz de fazer o bem ou de vencer o pecado em sua vida, nem que alguém possa vencer todas as suas debilidades e seguir obedecendo a Deus dia após dia só com seu próprio juízo.

Estes Cristãos sabiam que lhes faltava o poder de Deus, mas eles não esperavam calmamente enquanto Deus, pretensamente, faria toda a obra por eles. Eles acreditavam que o nosso "estar com Deus" é obra de ambas as partes.

O Cristão tem que estar disposto a sacrificar-se pondo toda a sua força e alma à obra, mas também precisa depender de Deus. Orígenes explicou assim.: "Deus se revela àqueles que, depois de dar tudo o que possam, confessam a necessidade da Sua ajuda".

Os Cristãos dos primeiros séculos acreditavam na procura premente da ajuda de Deus e que não só tinham que pedir uma vez, mas tinham que persistir em pedir-Lhe.

Clemente ensinou aos seus alunos: "Um homem que trabalha só para libertar-se de seus desejos pecaminosos nada consegue. Mas se ele manifesta seu afã e seu desejo ardente nisso, atinge-o pelo poder de Deus, que colabora com os que almejam Sua ajuda".

Aos que perdem seu anseio, o Espírito de Deus também se restringe. O ato de salvar aos que não têm vontade é um ato de obrigação, mas aos que têm vontade é um ato de Graça.

Assim vemos que a justiça Divina resulta da obra mútua, a do homem e a de Deus. Há poder sem limite por parte de Deus, e a busca da Graça está em como utilizar esse poder. O anseio fervente tem que nascer do Cristão! Comentou Orígenes: "Não somos objetos de madeira que Deus move a seu capricho". Somos humanos, capazes de almejar a Deus e de responder-Lhe.

Ensinamento-Cristao

A mortificação dos nossos desejos carnais não será fácil se não estivermos dispostos a sofrer no coração, lutando contra os nossos pecados. Deus não vai brindar-nos com o poder de vencê-los!

Como disse Jesus.: "Se faço, mas não me credes, creia nas minhas obras". Antes de tentarmos avaliar o ensinamento dos primeiros Cristãos, temos que propor uma boa explicação para seus poderes. Não podemos negar o fato de que tinham um poder extraordinário!

Mesmo os romanos pagãos tiveram que admitir isso, e desta forma Lactâncio, o Cristão, também relatou: "Quando a gente vê os homens lacerados por várias classes de torturas mas sem parecerem indomados, ainda que seus verdugos se fatiguem, devemos acreditar que o acordo entre estas pessoas e sua Fé invencível tem verdadeiro significado. Vemos que a perseverança humana por si só não poderia resistir a tais torturas sem a ajuda de Deus".

"Homens de corpo robusto não poderiam resistir a torturas como estas. Mas entre nós, os moços e as mulheres delicadas, para não dizer nada dos homens, vencem seus verdugos com o silêncio. Nem sequer o fogo os faz gemer o mínimo. Estas pessoas, os jovens e o sexo débil, suportam as mutilações do corpo e até o fogo, ainda que para eles exista uma escapatória. Facilmente poderiam evitar estes castigos, se assim o desejassem, ao negarem a Cristo. Mas o suportam de boa vontade porque confiam em Deus".

A Igreja e seus fiéis de hoje podem aprender várias lições valiosas dos primeiros Cristãos. Três fatores os punham em condições para viver como cidadãos de outro Reino, como um povo de outra cultura. A Igreja primitiva os apoiava até o fim, a mensagem da Cruz de Jesus era seguida à risca, como também a crença de que o homem tinha que colaborar com Deus para poder atingir a excelência Cristã nesta vida.



ENSINAMENTOS DO PASSADO - 4ª PARTE



12 dezembro 2012

CONSTANTINO, O GRANDE - CONSTANTINE, THE GREAT

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Flavius Valerius Constantinus, também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande, foi um imperador romano nascido no ano 272 d.C., que governou o Império até a sua morte, em 337.

Somente por volta de 317 d.C. é que ele passou a adotar lemas e símbolos Cristãos, como o emblema, por ele criado, que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo, "X" e "P" superpostos.

Um ano após o Concílio de Niceia, em 326, durante uma viagem solene a Roma para a comemoração dos seus vinte anos de reinado, Constantino mandou matar seu próprio filho, suspeito de intrigar para destroná-lo.

Pouco depois, estrangularia sua segunda mulher, Fausta, no banho. Mandou também estrangular o cunhado Licínio, que havia se rendido a ele em troca da vida, e chicoteou até a morte seu próprio sobrinho.

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Constantino queria melhorar a sociedade romana e proibir as coisas que eram ofensivas a Deus. No entanto, ele não era um Cristão nascido de novo. Ele era um homem "deste mundo".

Portanto, a única maneira que conhecia para conseguir seus objetivos era por meio dos métodos do mundo, os quais com frequência se tornaram cruéis e brutais. Por exemplo, Constantino fez com que o assédio sexual e a sedução se convertessem em delitos bem mais graves do que eram antes.

Mas as penas que impôs a estes delitos foram horríveis. Queimar viva a pessoa acusada, fazer com que feras selvagens a despedaçassem no anfiteatro ou derramar chumbo derretido em sua garganta.

Além disso, Constantino  e  seus  servidores  públicos  continuaram praticando  rotineiramente  as  torturas,  tal  como  seus  predecessores pagãos. Com o passar dos anos, Constantino se degenerou num governante cruel e autocrático que torrou os fundos públicos como um marinheiro embriagado.

Para pagar seus muitos gastos, ele sobrecarregou o povo com alguns dos impostos mais altos que o Império jamais havia experimentado. Constantino amava o poder  terrestre  e  foi  cruel  em seu desejo de protegê-lo.

Por exemplo, ele instituiu um sistema de espiões por todo o Império para que o mantivessem a par de qualquer crítica, qualquer possível adversário e qualquer  preparativo para uma rebelião.

Se os espiões acusassem alguém de traição, as autoridades prendiam o acusado e o levavam à força a Milão ou Constantinopla para responder às acusações. Caso não houvesse suficiente evidência contra o acusado, os carcereiros o torturavam até que confessasse seu "crime". O fato de o acusado ser um Cristão não mudava em nada sua sentença.

Discourse

Em 313 d.C., Constantino e seu cunhado Licínio proclamaram em conjunto o edito de Milão. Constantino governava o Império Romano Ocidental e Licínio governava o Oriental. Mas Constantino realmente não desejava um Império dividido.

Sua ambição era governar todo o Império Romano, e temia que Licínio pudesse ter a mesma ambição. Portanto, no ano 324, Constantino invadiu o território governado por Licínio. Ele justificou isto perante a Igreja alegando que Licínio havia novamente começado a perseguir os Cristãos.

Diferentemente de todas as guerras romanas anteriores, nesta guerra contra Licínio os soldados Cristãos participaram da matança. Constantino pediu aos bispos da Igreja primitiva que acompanhassem o seu exército e orassem por eles durante a batalha.

Também mandou  que  se construísse uma cruz enorme como um estandarte de guerra,  a qual seus soldados carregaram como um talismã que garantiria a vitória.

Segundo a lenda, na noite anterior à batalha, Constantino sonhou com uma cruz onde estava escrito em latim: "In hoc signo vinces", sob este símbolo vencerás. Finalmente, as tropas de Constantino foram vitoriosas e Licínio foi feito prisioneiro.

Agora ele era o único governante do Império Romano, e proclamou que Deus tinha feito ser assim!

Após sua vitória, Constantino fez uma promessa solene à sua irmã Constância, esposa de Licínio, prometendo-lhe que permitiria a Licínio passar o resto de sua vida em paz e tranquilidade. Ele inclusive confirmou esta promessa com um juramento.

No entanto, em menos de um mês, Constantino mandou executar Licínio. Ele não podia permitir que qualquer adversário em potencial permanecesse vivo.

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O fato de Constantino ter sido um imperador de legitimidade duvidosa influiu nas suas decisões religiosas e ideológicas. Enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, ele apresentava-se como o protegido de Hércules, deus que era o padroeiro de Maximiano na primeira tetrarquia.

Depois, Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, o deus sol invicto.

Há dúvidas se ele realmente se tornou Cristão. Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões, o Cristianismo e o paganismo. Como sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus direitos.

No dia anterior ao da sua morte Constantino fez um sacrifício a Zeus, e até o dia da sua morte não havia sido batizado!

Assim, Constantino não participou de qualquer ato litúrgico em sua vida, como a Missa ou a Eucaristia. Era uma prática comum na época retardar o batismo, que oferecia a absolvição a todos os pecados, para não "desperdiçar" a sua eficácia e efeito antes do fim da vida.

Constantino, por força do seu ofício de imperador, percebeu que suas oportunidades de pecar eram enormes e adiou seu batismo até o dia em que estivesse morrendo. Mas não deu tempo!

Foi sucedido por seus três filhos com Fausta, Constantino II, Constante e Constâncio II. Estes dividiram entre si a administração do império até que, após uma série de lutas, Constâncio II emergiu como imperador.

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Após a morte de Constâncio, um sobrinho de Constantino chamado Juliano tornou-se o novo imperador. Juliano foi um dos poucos membros de sua família que conseguiu escapar do massacre levado a cabo por Constâncio.

Ele tinha visto suficiente do "cristianismo" em ação e não queria ter nada a ver com ele.  De maneira que, embora tolerasse os primeiros Cristãos, Juliano procurou reviver o paganismo clássico no Império. Mas seus esforços fracassaram.

Um ano após a morte de Juliano, um Cristão "fiel' da Igreja chamado Valentiniano foi  proclamado como o novo imperador. Como Cristão católico, Valentiniano viveu uma vida casta e promoveu muitas leis louváveis.

Por exemplo, ele estabeleceu um médico público em cada um dos catorze distritos de Roma para que cuidasse dos pobres. Ele permitiu a liberdade de religião para os pagãos, os judeus e os primeiros Cristãos de todos os credos.

A vida sob o governo de Valentiniano deve ter  sido a era de ouro que os primeiros Cristãos estavam esperando. No entanto, não foi assim. Tal como os imperadores Cristãos que o precederam, Valentiniano nunca viveu um só dia sem o temor de que alguém lhe desse um golpe e lhe arrebatasse seu precioso trono.

Portanto, igual a Constantino, ele fez uso de espiões para tentar detectar qualquer deslealdade, particularmente daqueles que podiam se converter em adversários potenciais.

Valentiniano media a eficácia de seus governadores e magistrados de acordo com a quantidade de execuções  que  estes levassem a cabo em seus tribunais. Os espiões e os inimigos políticos com freqüência apresentavam acusações infundadas inclusive contra cidadãos respeitáveis.

As confissões obtidas por meio das torturas cruéis eram consideradas como evidência sólida contra os acusados. Muitas famílias ricas ficaram empobrecidas e centenas de senadores, chefes e filósofos padeceram de mortes vergonhosas em masmorras úmidas e câmaras de tortura.

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Cidadãos inocentes em todas as partes viviam atemorizados de que alguém, por qualquer razão, os acusasse de traição. Valentiniano adotou a posição de que a suspeita equivalia à prova quando se tratasse de traição ao seu governo.

A ofensa mais mínima ou imaginária poderia resultar na amputação da língua de um cidadão, ou em lançá-lo vivo na fogueira!

Um historiador fez a observação de que as palavras que Valentiniano mais usou foram: "Decapitem-no, queimem-no vivo e golpeiem-no com porretes até que morra".

Ele podia observar calmamente os cidadãos torturados se retorcerem em agonia e não sentir absolutamente nenhuma compaixão por eles. Também não achava que isto de alguma maneira violasse suas crenças "cristãs".

Finalmente, o próprio gênio descontrolado de Valentiniano veio a ser sua ruína. Um de seus servidores públicos havia convidado um rei bárbaro para um banquete, mas depois, de forma traiçoeira, o assassinou.

Em resposta a este ato, a tribo bárbara do rei assassinado adotou represálias contra os  romanos, saqueando várias províncias do Império. Em lugar de se desculpar pelo assassinato e procurar a reconciliação, Valentiniano dirigiu seus exércitos romanos contra os bárbaros e obteve uma vingança sangrenta.

Quando os embaixadores dos bárbaros vieram à tenda de campanha de Valentiniano para pedir clemência, ele se enfureceu tanto que seu rosto ficou quase da cor púrpura.

Valentiniano gritou com os mensageiros até não poder mais. No entanto, devido à sua fúria, um vaso sanguíneo de seu cérebro rompeu-se e ele morreu instantaneamente!



19 outubro 2012

A REFORMA PROTESTANTE - THE PROTESTANT REFORM


PROTESTANTISMO

A Igreja Católica desde o final da Idade Média perdia sua identidade. Gastos com luxos e objetivos materiais, estavam desviando a orientação do Catolicismo. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as normas religiosas, principalmente no que dizia respeito ao celibato. A maior parte dos sacerdotes desconhecia a própria doutrina Católica e demonstrava absoluta falta de preparo para as funções religiosas.

A ignorância e o mau comportamento do clero representavam sério problema, pois a Igreja dizia que os sacerdotes eram os intermediários entre os homens e Deus. Padres que mal sabiam rezar uma missa e executar os ritos sagrados, deixavam a população insatisfeita.

Para arrecadar dinheiro, o clero de Roma iludia a boa fé das pessoas através do comércio de relíquias sagradas. A Igreja também passou a vender indulgências, o perdão dos pecados. Mediante um bom pagamento, destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam comprar a salvação e a entrada para o céu. Por outro lado, a Igreja condenava o lucro excessivo dos comerciantes e defendia o preço justo.

Essa moral econômica entrava em choque com a ganância da burguesia. Os interessados nos lucros do comércio sentiram a necessidade de uma nova ética religiosa, mais adequada à expansão comercial e transição do feudalismo para o capitalismo.

A burguesia estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos Católicos estavam condenando os seus ganhos.Com a utilização da imprensa, aumentou o número de exemplares da Bíblia que podiam chegar às mãos dos estudiosos e da população. A divulgação dos textos sagrados e de outras obras religiosas, contribuíram para o surgimento de diferentes interpretações da doutrina Cristã.

Surgiu uma corrente religiosa adotando a visão de Santo Agostinho, afirmando que a salvação do homem era alcançada somente pela fé. Essa afirmação contrariava a posição da Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, que dizia que a fé e as boas obras conduzem à salvação.

Com o fortalecimento das monarquias nacionais, os reis passaram a encarar a Igreja, que tinha sede no Vaticano e utilizava o latim, como uma entidade estrangeira que interferia em seus países. A Igreja, por seu lado, insistia em se apresentar como uma instituição universal que unia o mundo Cristão.

Mas esta noção de universalidade perdia força, pois crescia o sentimento nacionalista. Cada Estado, com a sua língua, seu povo e suas tradições, estava mais interessado em afirmar suas diferenças em relação a outros Estados do que as semelhanças. A reforma protestante correspondia a esses interesses nacionalistas.


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O luteranismo


Martinho Lutero, 1483-1546, nasceu em Elsieben na Alemanha. Era filho de um empreiteiro de minas que atingira certa prosperidade econômica. Em 1501, influenciado pelo pai, entrou na Universidade de Erfurt para estudar Direito, mas desistiu e escolheu a vida religiosa.


Em 1505, ingressou na Ordem dos Agostinianos, cumprindo uma promessa feita à Santa Ana. O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica. Afixou na porta da Igreja de Wittenberg suas 95 teses, que criticavam vários tópicos da doutrina Católica.


Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos reis e príncipes da época. Em suas teses, condenava o culto às imagens e a revogação do celibato. Lutero acreditava que o homem, corrompido em razão do pecado original, só poderia salvar-se pela fé exclusiva em Deus. A fé, e não as obras, seria o único instrumento de salvação, graças à misericórdia divina.


Iniciou-se então uma longa polêmica entre Lutero e as autoridades Católicas, que terminou com a decretação de sua excomunhão, em 1520. Para demonstrar firmeza e descaso diante da Igreja Católica, Lutero queimou em praça pública a bula papal "Exsurge Domine" que o condenava.


Com fome de poder e de riqueza, a nobreza e a alta burguesia estavam descontentes com a Igreja e o comando do imperador. Por outro lado, as classes sociais exploradas também culpavam a Igreja pela situação de miséria de que eram vítimas.


Liderados por Thomas Müntzer, os camponeses passaram a organizar uma série de revoltas contra os religiosos ricos e os nobres alemães, donos de grandes propriedades, o movimento anabatista. Os camponeses lutavam violentamente pela posse de terras, pela igualdade social e pelo fim da exploração. As classes dominantes uniram-se para acabar com a revolta camponesa.


Lutero apoiou os ricos e publicou um manifesto de ódio contra os camponeses: "Nada é mais terrível que um homem revoltado. Para conter os camponeses assassinos e ladrões, será preciso despedaçá-los e degolá-los. Matá-los como se faz com um cachorro louco". Na luta contra os poderosos os camponeses foram esmagados. Morreram mais de cem mil, e o líder Thomas Müntzer teve a cabeça cortada.


Em troca do apoio dado às classes ricas, Lutero conseguiu aliados entre a nobreza e a alta burguesia. Os poderosos viram nele um homem confiável e o auxiliaram a divulgar sua doutrina religiosa pelo norte da Alemanha, na Suécia, Dinamarca e Noruega.


Em 1529, protestaram contra as medidas tomadas pelo imperador Católico Carlos V contra Lutero, e as que impediam o Estado de adotar a sua própria religião. Foi a partir deste protesto que se espalhou a alcunha "protestante" para designar os Cristãos não-católicos.


Não sendo atendidos pelo imperador Carlos V, o grupo de príncipes protestantes formou em 1531, a "Liga de Schmalkalden", para lutar contra as forças Católicas ligadas ao império. Em 1555 o imperador aceitou a existência das igrejas luteranas, assinando com os protestantes a "Paz de Augsburgo". Era o reconhecimento oficial da separação religiosa no mundo Cristão.



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O calvinismo

João Calvino, 1509-1564, nasceu em Noyon na Franca. Estudou Teologia e Direito, e influenciado pelo pregador Guilherme Farel aderiu ao protestantismo. Na França, João Calvino começou a Reforma Luterana no ano de 1534. De acordo com Calvino a salvação da alma ocorria pelo trabalho justo e honesto.

Essa idéia atraiu muitos burgueses e banqueiros para o calvinismo. Muitos trabalhadores também viram nesta nova religião uma forma de ficar em paz com sua religiosidade. Calvino também defendeu a idéia da predestinação, a pessoa nasce com sua vida definida. Portanto nada que os homens pudessem fazer em vida poderia mudar-lhes o destino, previamente traçado.

A fé existente em algumas pessoas, podia ser interpretada como um sinal de que elas pertenciam ao grupo dos eleitos por Deus à salvação. Tais pessoas, os eleitos, sentiriam dentro do coração um irresistível desejo de combater o mal do mundo, simplesmente para a glória de Deus. A prosperidade econômica de algumas pessoas, sua riqueza material, era interpretada pelos seguidores de Calvino como um sinal da salvação predestinada.

Em 1534, quando as autoridades Católicas francesas caçavam os suspeitos de heresias, Calvino fugiu para a Suíça, onde o movimento reformador já se desenvolvia sob a liderança de Zwinglio. Em 1538 Calvino foi expulso da Suíça, devido a seus excessos de rigor e de autoritarismo.

Entretanto conseguiu retornar em 1541 e consolidou seu poder na cidade de Genebra, tornando-se o senhor absoluto do governo e da nova Igreja calvinista até o ano de 1561. Durante esse período, Genebra ficou submetida a um governo teocrático, que dirigia a sociedade misturando política e religião.

Entre os órgãos criados pelo governo calvinista destacava-se o consistório, encarregado de vigiar e punir os cidadãos. O calvinismo condenava práticas como o jogo, o culto a imagens de santos, a dança e o adultério. As penas impostas aos infratores eram geralmente duras e cruéis.

Muitos foram condenados à morte, entre eles, o médico espanhol Miguel de Servet, queimado vivo por negar o pecado original. Com base no calvinismo, criou-se um modelo do homem burguês que cultivava o trabalho, a religião, a poupança e o lucro máximo. Para esse homem calvinista, o sucesso econômico e a conquista de riquezas eram um sinal da predestinação divina.

Essa ideologia foi bem recebida pela burguesia comercial porque a ganância do lucro era justificada pela ética religiosa calvinista. Identificando-se com os valores da burguesia, o calvinismo espalhou-se por diversos países onde se expandia o capitalismo nascente, como a França, Inglaterra, Escócia e Holanda.



Henry VIII

O anglicanismo 

Henrique VIII, 1509-1547, rei da Inglaterra, tinha sido um fiel aliado do papa, recebendo o título de "Defensor da Fé". Entretanto, uma série de questões políticas e econômicas o levaram a romper com a Igreja Católica e a fundar uma igreja nacional na Inglaterra, a igreja anglicana.

A Igreja Católica exercia grande influencia política na Inglaterra. Era dona de grande parte das terras e monopolizava o comércio de relíquias sagradas. Para fortalecer o poder da monarquia inglesa, Henrique VIII teria que reduzir a influência do papa dentro da Inglaterra. Por outro lado, a nobreza capitalista inglesa queria apossar-se das terras e dos bens da Igreja Católica, para isso era preciso apoiar o rei.


Henrique VIII era casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, e teve com ela uma filha para sucedê-lo no trono. Entretanto o rei estava bastante descontente com seu casamento. Primeiro, devido à origem espanhola de sua esposa, já que a Espanha era inimiga da Inglaterra. Segundo, porque desejava um herdeiro masculino e pretendia casar-se com Ana Bolena.


Assim, em 1529, pediu ao papa que anulasse seu matrimônio com Catarina de Aragão, mas seu pedido foi recusado. Apesar disso, Henrique VIII conseguiu que o alto clero inglês e o parlamento reconhecessem a validade de suas intenções.


Em 1534, o parlamento inglês votou o "Ato de Supremacia", o qual outorgava Henrique VIII ser o chefe supremo da igreja da Inglaterra. Criava-se a nova igreja anglicana, mas nada foi modificado em termos de doutrina e culto em relação à Igreja Católica.


Os ingleses, por juramento, deveriam submeter-se ao rei da Inglaterra e não ao papa, caso contrário seriam excomungados e perseguidos pela justiça real. Houve pouca resistência, exceto a de Tomás Morus, que foi decapitado. Após a fundação da igreja anglicana, surgiram com os sucessores de Henrique VIII, uma série de lutas religiosas internas.


Primeiro, no governo de Eduardo VI, 1547-1553, quando tentou-se implantar o calvinismo no país. Depois, no governo de Maria Tudor, 1553-1558, filha de Catarina de Aragão, houve a contra-reforma Católica. Somente no reinado de Elizabeth I, 1558-1603, ocorreu a consolidação da igreja anglicana, com a mistura de elementos do Catolicismo e da doutrina protestante.



12 setembro 2012

A SABEDORIA DE UM SANTO - THE WISDOM OF A HOLY MAN


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Singulari Sapientia Sancti

Sob o pontificado de São Pio X a ameaça grave era o liberalismo político, que afetava a sociedade civil em seus fundamentos, além de contagiar a sociedade religiosa sob a expressão do modernismo. São Pio X enfrentou esta ameaça afirmando:

O reino de Deus se estabeleceu sobre a terra para a salvação eterna dos homens, priorizando desta forma o critério sobrenatural. Devemos julgar todas as coisas segundo as luzes da fé. Entre a razão e a fé não pode haver desacordo real, pois são duas filhas do mesmo Pai.

A ciência é necessária e o progresso é louvável. Exaltam-se com razão os progressos da civilização. A própria Igreja, contrariamente às calúnias de que foi alvo, nunca os negligenciou nem entravou, mas, ao contrário, os encorajou.

Acusa-se injustamente a Igreja de apegar-se a velhas doutrinas, de pôr obstáculo aos progressos das ciências, de cortar as asas de todas as inteligências privilegiadas, de opor-se aos que ensinam a verdade. Não se pode imaginar nada mais falso nem mais injusto.

Mas, se a fé e a razão, Revelação e leis naturais, verdades sobrenaturais e verdades naturais são compatíveis, tendo todas a mesma origem e a mesma fonte, que é Deus, há entre elas uma hierarquia necessária, estando as segundas por essência submetidas às primeiras, de modo que de todas as ciências, a primeira é a Teologia.

Na hierarquia das ciências, incluída a filosofia, a Teologia deve ocupar o primeiro lugar. A Teologia tem por base a Revelação Divina, ela fortalece na Fé os que já têm a felicidade de levar o nome de Cristão.Em meio a esta grande abundância de ciências tão diversas que se oferecem ao espírito ávido de verdade, é de direito que a Teologia tenha o primeiro lugar.

Entre todos os métodos de Teologia e de Filosofia, deve-se dar prioridade ao da escolástica, sobretudo à de Santo Tomás de Aquino. Quando prescrevemos a Filosofia escolástica, é a Filosofia em que aparecem claramente os fundamentos sobre os quais toda a ciência das coisas naturais e Divinas se encontra estabelecida.

São Pio X deplorava o dano causado aos indivíduos que, levados pelas opiniões do liberalismo moderno, adotavam certas idéias que jamais poderiam ser aceitas pela Igreja. Ele situava as raízes históricas do modernismo, na Reforma e na Revolução:

A Reforma preparou as rebeliões e a apostasia dos tempos modernos, seguida dois séculos depois pelas doutrinas dos pretensos filósofos do século XVIII, doutrinas da Revolução e do Liberalismo tantas vezes condenadas. Trata-se do idealismo, ou subjetivismo, e do individualismo decorrente, esse vago e mentiroso idealismo em que a razão individual é soberana.

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São Pio X conclamava para que se combatesse virilmente o racionalismo, o flagelo da razão e da fé que se espalha por todas as partes:

O neo-racionalismo, cuja perniciosa influência deveria ser afastada a qualquer preço, até por certos Católicos que fazem força para conciliar racionalismo e religião, que inchados como pavões pelo espírito da vaidade, esforçam-se erroneamente por estabelecer a fé sobre a única base da razão natural.

O naturalismo nega que exista algo acima da natureza, a existência de um Deus criador de tudo e cuja Providência reja o universo, e vai-se muito mais longe ainda.

Chega-se até a afirmar, na doutrina modernista, que a nossa Santíssima Religião, no homem Jesus Cristo assim como em nós, é fruto inteiramente da natureza.

Nada pode vir mais a propósito para dar cabo de toda ordem sobrenatural. A Igreja sabe quando os sentimentos e os pensamentos humanos são inclinados ao mal.

Os espíritos fracos que compactuaram com o livre-pensamento e abraçaram o agnosticismo, juntamente com seu cortejo variado de doutrinas absurdas e filosofias que duvidam de tudo. Sistemas multiplicados ao infinito, uns em oposição aos outros e que mergulham tudo nas trevas.


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Ainda como Cardeal e depois como Papa, São Pio X estabeleceu as ligações entre o liberalismo e as doutrinas socialistas:

Alerto os Católicos para as detestáveis e perniciosas doutrinas e os princípios subversivos do liberalismo, e de seus dignos filhos, o socialismo e a anarquia. A tirania invasora do socialismo, conduzirá ao totalitarismo, e que só à luz das doutrinas Cristãs podereis opor-vos eficazmente ao progresso do socialismo, que avançará ameaçador para destruir o edifício da sociedade, já abalado.

A Igreja sempre sofreu perseguições, mas desta vez as armas mudaram. Eis uma nova fase da eterna guerra declarada contra Deus, não há aí nada de novo, somente as armas empregadas. O laicismo, expressão do idealismo e do racionalismo.

A dignidade humana mal compreendida dos liberais e modernistas é, ao contrário, fundada sobre a autonomia do indivíduo.

Segundo os liberais, o homem só será verdadeiramente homem, digno deste nome, no dia em que tiver adquirido uma consciência esclarecida, forte, independente, capaz de dispensar um mestre, obedecendo somente a si própria e podendo assumir e levar adiante as mais graves responsabilidades.

A dignidade dos Santos era o apogeu da dignidade humana e a antítese da pretendida pelos liberais.



29 agosto 2012

A HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA - THE HISTORY OF THE CATHOLIC CHURCH - 2ª PARTE

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Crise e cisma do Ocidente


O Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417.

Correntes religiosas orientais antigas lançaram as suas raízes no sul da França e norte da Itália. Surgiram os "Valdenses" e os "Albigenses" ou "Cátaros", baldados os esforços religiosos-diplomáticos de Inocêncio III. Este acabou por convocar uma vitoriosa cruzada chefiada por Simão de Monforte. Para continuar a luta contra esta heresia foi criada a Inquisição exclusivamente para a defesa da fé e o combate à heresia.

Nesta empresa rivalizaram o poder eclesiástico e o poder civil. Em 1232 foi criada por Gregório IX a Inquisição Pontifícia, tanto o sistema penal da época como o processo inquisitorial tiveram graves defeitos que ferem a sensibilidade do homem moderno.

A Baixa Idade Média viu ainda surgir novas doutrinas heréticas, como as de Wiclef, professor em Oxford, cujas proposições são consideradas como precursoras dos reformadores do século XVI e tiveram forte influência sobre João Huss, cujas ideias tiveram ampla aceitação na Boêmia.

Os violentos conflitos entre o Imperador Frederico II e os Papas Gregório IX e Inocêncio IV foram a causa imediata da crise do sistema doutrinal e político da cristandade no século XIII, o que gerou um ressentimento dos povos germânicos contra o papado e que se constitui em causa remota que favoreceu a revolução luterana.


Os conflitos entre Bonifácio VIII e Filipe, o Belo, rei da França culminaram com o Papa prisioneiro em Avinhão. Em Avinhão o pontificado afrancesou-se: foram franceses os sete papas que ali se sucederam bem como a grande maioria dos cardeais. Apareceu um nacionalismo eclesiástico que desperta o interesse dos soberanos do ocidente. Em 1377 Gregório XI retorna a Sé Apostólica para Roma, no episódio sobressai a figura de Santa Catarina de Sena.

A crise culmina no Cisma do Ocidente, os reis europeus se filiam a diferentes papas segundo as sua conveniências, chegam a ter até três papas, cada um pretendendo ser a única cabeça legítima da Igreja. O Cisma deixou a cristandade dividida e perplexa, até mesmo entre os santos: Santa Catarina de Sena manteve-se ao lado de Urbano VI enquanto São Vicente Ferrer posicionou-se a favor de do Papa de Avinhão, Clemente VII. O Cisma do Ocidente vai de 1378 a 1417 e só vai terminar com a eleição de Martinho V, quando a Igreja recupera a sua unidade.

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Grande Cisma do Ocidente

Entre 1309 e 1377, a residência do papado foi alterada de Roma para Avinhão, na França, pois o Papa Clemente V, foi levado (sem possibilidade de debate) pelo rei francês para residir em Avinhão. Em 1378, o Papa Gregório XI voltaria para Roma, onde faleceria. A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em Roma. Foi então eleito o Papa Urbano VI, de origem italiana.

No entanto, ele demonstrou ser um papa muito autoritário, de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais, anularia a sua votação e foi realizado um novo conclave, sendo eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão. Iniciara-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica. Posteriormente, surgiria outro Antipapa em Pisa. O cisma terminou no Concílio de Constança em 1414, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

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História
De 1309 a 1377, o papa não residia em Roma, mas em Avinhão, um período geralmente chamado de Cativeiro Babilônico, em alusão ao exílio bíblico de Israel na Babilônia. O Papa Gregório XI deixou Avinhão e restabeleceu a Santa Sé em Roma, onde morreu em 27 de março de 1378. A eleição de seu sucessor, definiria a residência do futuro papa em Avinhão ou Roma. O nome do Bartolommeo Prignano, Arcebispo de Bari, considerado com uma rígida moral e inimigo da corrupção, foi proposto. Os dezesseis cardeais italianos presentes em Roma reuniram-se em conclave em 7 de abril.

No dia seguinte escolheram Prignano. Durante a eleição houve grande perturbação na cidade, pois o povo de Roma e dos arredores esforçou-se para influenciar a decisão dos cardeais, que tomaram meios para evitar possíveis dúvidas. No dia 13 eles realizaram uma nova eleição e, novamente, escolheram o Arcebispo Prignano para se tornar papa. Durante os dias seguintes todos os membros do Colégio dos Cardeais aprovaram o novo papa, que tomou o nome de Urbano VI e tomou posse. Um dia depois, o cardeais italianos notificaram oficialmente a eleição de Urbano aos seis cardeais franceses em Avinhão, que o reconheceram como papa e, em seguida, escreveram ao Imperador e aos demais soberanos. Tanto o cardeal Roberto de Genebra, o futuro Antipapa Clemente VII de Avinhão, e Pedro de Luna de Aragão, o futuro Antipapa Bento XIII, também aprovaram sua eleição.

O Papa Urbano não atendeu às necessidades de sua eleição, criticou os membros do Colégio dos Cardeais e se recusou a restaurar a sede pontifical em Avinhão. Os cardeais italianos então em maio de 1378, se retiraram para Anagni, e em julho para Fonti, sob a proteção da Rainha Joana de Nápoles e Bernardon de la Salle, iniciaram uma campanha contra a sua escolha, preparando-se para uma segundo eleição. Em 20 de setembro, treze membros do Colégio do Cardeais fizeram um novo conclave em Fondi e escolheram Roberto de Genebra como papa, que tomou o nome de Clemente VII. Alguns meses depois, esse antipapa, apoiado pelo Reino de Nápoles, assumiu sua residência em Avinhão. O cisma começava.

Clemente VII possuía relações com as principais famílias reais da Europa. Os estudiosos e os santos da época normalmente apoiavam o papa adotado pelo seu país. A maior parte de estados italianos e alemães, a Inglaterra e a Flandres apoiaram o papa de Roma. Por outro lado, França, Espanha, Escócia e todas as nações aliadas da França apoiaram o antipapa de Avinhão. O conflito rapidamente deixou de ser um assunto da Igreja para se tornar um incidente diplomático disseminado pelo continente europeu:

Avignon

França, Aragão, Castela, Leão, Chipre, Borgonha, Condado de Saboia, Nápoles e Escócia reconheceram o reclamante de Avignon;

Roma

Dinamarca, Inglaterra, Flandres, o Sacro Império, Hungria, Norte da Itália, Irlanda, Noruega, Polônia e Suécia reconheceram o reclamante de Roma.

Os papas excomungaram-se mutuamente, nomeando outros cardeais para compensar as deserções, enviando mensageiros para a cristandade defendendo sua causa e estabelecendo sua própria administração. Posteriormente Bonifácio IX sucedeu Urbano VI em Roma e Bento XIII sucedeu Clemente em Avinhão. Vários clérigos reuniram-se em concílios regionais na França e em outros lugares, sem resultado definitivo. O rei da França e seus aliados em 1398 deixaram de apoiar Bento e Geoffrey Boucicaut, sitiou Avinhão, o bloqueio privou o antipapa de comunicação com todos aqueles que permaneceram fiéis a ele. Bento retomou a liberdade somente em 1403. Inocêncio VII já tinha sucedido Bonifácio de Roma, e após um pontificado de dois anos, foi sucedido por Gregório XII.

Na época do cisma vivia-se na península Ibérica as guerras fernandinas e a crise de 1383-1385, ambas opondo os reinos de Castela e Portugal por questões dinásticas. Assim, no tempo de Fernando I de Portugal a sua desastrosa política externa levou-o a apoiar o Papa de Avinhão, que também tinha o apoio de Castela; depois da crise sucessória, como Castela continuasse a defender o papa de Avinhão, não será de estranhar que João I de Portugal, para mostrar bem a sua independência, fosse pelo Papa romano.

Em 1409, um concílio que se reuniu em Pisa acrescentou um outro antipapa e declarou os outros dois depostos. Depois de muitas conferências, discussões, intervenções do poder civil e várias catástrofes, o Concílio de Constança (1414) depôs o Antipapa João XXIII, recebeu a abdicação do Papa Gregório XII, e finalmente, conseguiu depôr o Antipapa Bento XIII. Em 11 de novembro de 1417, o concílio elegeu Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V, com o que terminou o grande cisma do Ocidente e foi restabelecida a unidade.


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Os papas e antipapas do cisma

Em Roma
Papa Urbano VI (r. 1378 - 1389) Papa Bonifácio IX (r. 1389 - 1404) Papa Inocêncio VII (r. 1404 - 1406) Papa Gregório XII (.r. 1406 - 1417)
Em Avinhão
Antipapa Clemente VII (r. 1378 - 1394) Antipapa Benedito XIII (r. 1394 - 1417)
Em Pisa
Antipapa Alexandre V (r. 1409 - 1410) Antipapa João XXIII (r. 1410 - 1417)

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A transição, Constantinopla e a América

Vários fatores contraditórios coincidem na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. As elites são alimentadas por uma nova visão, agora antropocêntrica e por um certo retorno à antiguidade pagã. Os papas do renascimento, com exceção de Adriano VI, são mais voltados para as artes e letras, tornaram-se mais governantes voltados para os assuntos temporais e verdadeiros mecenas, que preocupados com os problemas disciplinares eclesiásticos e para as questões espirituais.

Constantinopla cai no dia 29 de maio de 1453 na mão dos turcos otomanos. Perde-se o Império Cristão do Oriente que começava a se reaproximar depois do "Grande Cisma". Fechadas as portas para o Oriente têm início então as "grandes navegações" em que se destacaram as nações católicas Portugal e Espanha, a descoberta das Américas abre caminho para o Evangelho chegar a novos povos e permite novas perspectivas em que irão se destacar, no primeiro momento, os jesuítas de Santo Inácio de Loyola.

É deste tempo, o Humanismo, culto exagerado dos clássicos latinos e gregos, defendia uma piedade erudita. O maior dos humanistas foi Desidério Erasmo (1466 - 1536), de Roterdão, amigo de Thomas Morus. Na verdade, com exceção da Espanha, onde o humanismo apoiado pelo Cardeal Cisneros foi sinceramente cristão, a herança religiosa dos humanistas pouco contribuiu para uma esperada reforma da Igreja.

A grande divisão seguinte da Igreja Católica ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante a qual se formaram muitas das denominações Protestantes.



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A Reforma Protestante

A Reforma protestante teve Martinho Lutero por autor. Antigo frade da ordem dos Agostinhos o seu êxito reformador deveu-se não só aos seus talentos de líder, mas em boa medida a uma série de fatores históricos que se conjugaram de modo oportuno. Favoreceram o progresso da Luteranismo fatores de ordem política, como os conflitos entre papas e imperadores, a decadência moral do clero na Alemanha, os nacionalismos eclesiásticos, interesses burgueses e um império germânico fragmentado em pequenos principados e cidades-estado, mas, principalmente o ressentimento contra Roma que tinha tomado forma nos Gravamina Nationis Germanicae, a lista de querelas e agravos da nação germânica contra a Cúria Romana.

Lutero, de sua vez, construiu um herética sistema doutrinal-religioso em franca divergência com a tradição da Igreja. Segundo Lutero as obras do homem de nada servem para a salvação, nem os sacramentos na sua maioria, nem o Papado. A Igreja não seria nem depositária e nem interprete da Revelação. A Sagrada Escritura apenas e exclusivamente seria a única fonte da Revelação segundo a interpretação livre que cada fiel em particular lhe desse, diretamente inspirado por Deus. Publicou as 95 teses contra a Teologia Escolástica e as 95 sobre as Indulgências (Wittemberg, 1517), condenadas pelo Papa Leão X, que acabou por excomungá-lo (1521).

Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.

O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo.

As doutrinas de Lutero tiveram boa aceitação: a supressão do celibato eclesiástico por não poucos sacerdotes, numa época de baixo nível moral do clero; a supressão dos votos monásticos por comunidades religiosas. A doutrina de que "a fé sem as obras justifica" resolveu o problema de muitas pessoas conscientes de seus pecados mas desejosos de garantir a própria salvação. A possibilidade de se apropriar dos bens da Igreja atiçou a cobiça dos príncipes.

Em 1546, quando Lutero faleceu, a Reforma protestante já abrangia mais da metade da Alemanha. Zuínglio na Suíça, João Calvino na França, levaram adiante ideias similares às de Lutero. O Calvinismo vai arraigar-se com profundidade em Genebra, entre os franceses (huguenotes), na Escócia com John Knox e de uma forma mais amena nos Estados Unidos com a Igreja Presbiteriana. Na Inglaterra, Henrique VIII, por razões pessoais - não obtendo a invalidação de seu casamento - se faz Cabeça suprema da igreja no país - provocando o martírio de Tomás Moro, Lord Chanceler do Rei, de John Fisher, Bispo de Rochester, e de alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges capuchos.

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A Reforma Católica

A Contrarreforma, também denominada Reforma Católica é o nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517, teve como ponto principal o Concílio de Trento, embora este movimento tenha começado anteriormente em vários setores da Igreja. Em 1534 foi eleito Papa, aos 66 anos de idade, o Cardeal Alexandre Farnesio, que tomou o nome de Paulo III. Vencendo a resistência de reis e príncipes convocou o Concílio Ecumênico de Trento, que inicia os trabalhos as 13 de dezembro de 1545 e só concluiu em 1563.

Em 1543, a igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela Igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e semináriose, e a supressão de abusos envolvendo indulgências. A Inquisição e a censura exercida pela Igreja Católica foram igualmente determinantes para evitar que as idéias reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.

O Concílio determinou um novo vigor para a Igreja Católica. Medidas reformadoras foram impostas em todos os países que se mantiveram fiéis a Roma, cessando o avanço do protestantismo. Em alguns cantões Suíços, na Baviera, na Polônia, na Áustria consolidou-se o catolicismo. O avanço português e espanhol nas Américas, África e Ásia serviu de veículo à expansão da fé católica. Acabaram-se os pregadores de indulgências de "meia-pataca", puseram-se fim aos abusos e ao relaxamento moral do clero, restabelecendo uma disciplina eclesiástica. A Vulgata de São Jerônimo seria a tradução latina oficial da Igreja, todas as teses protestantes foram discutidas e revigorou-se as doutrinas dogmática, moral e sacramental Católicas.

Perante os cismas protestante e anglicano, cresceu no seio da Igreja fiel a Roma o desejo de que a Igreja entrasse pela via de uma autêntica reforma. Ela, porém, tardou, até que, depois dos Papas da Renascença, encontrou o apoio de Papas verdadeiramente interessados nessa reforma. Surgiu assim a ideia de um Concílio reformador, que se reuniu em Trento, por três períodos, entre 1545 e 1563, com a participação de bispos de grande valor (S. Carlos Borromeu, Beato Bartolomeu dos Mártires).


O Concílio condenou teses errôneas, definiu doutrina e tomou diversas medidas disciplinares, entre as quais a fundação de seminários para a formação do clero. Para a sua aplicação, contou com papas de valor, como S. Pio V (reforma litúrgica, Catecismo do Concílio) e com a Companhia de Jesus, fundada em 1540, que exerceu extraordinária ação nos campos da defesa do Papado, do ensino da Teologia e das Ciências, e da evangelização dos novos povos. Outras ordens religiosas, renovadas no seu espírito (p.ex., Carmelitas) ou de novo fundadas, deram também preciosos contributos para a autêntica reforma da Igreja.

Ao mesmo tempo São Pedro Canísio no Leste Europeu, São Carlos Borromeu como secretário de Estado de Pio IV, e mais tarde arcebispo de Milão, aplicando a Reforma Católica ao norte da Itália, foram elementos importantes para o cumprimento dos decretos do Concílio de Trento. Santa Teresa de Jesus, reformadora do Carmelo; Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ao falecer deixara ordenados mais de mil jesuítas evangelizando o mundo inteiro, e São Filipe Néri, foram três gigantes da Reforma Católica. São Thomas Morus morreria decapitado por se manter fiel à fé, juntamente com John Fisher e o Venerável Edmundo Campion. São Francisco Xavier levaria o Evangelho ao Extremo Oriente, à Índia, Malaia, Japão e à China, São Francisco de Borja repararia com folga os erros de sua família, São Roberto Belarmino daria novo impulso á teologia. A Igreja ressurgia da crise fortalecida e revigorada doutrinal e espiritualmente.



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A ascensão francesa

No século XVII a França passou a ocupar o espaço que anteriormente era o da Espanha e passou a ser a principal referência da vida Cristã.

A França permaneceu católica e com o Édito de Nantes (1598) os protestantes huguenotes receberam garantias de tolerância religiosa. Começa então um período de vívida atividade, as missões de São Francisco de Sales em Chablais, conseguiram o regresso ao catolicismo de grande parte da suiça francesa.

São Vicente de Paulo também promoveu missões de alcance popular, às quais se dedicaram os lazaristas, oriundos do Seminário de São Lázaro, desenvolveu intensa atividade beneficente e social, principalmente através das Irmãs da Caridade. São João Batista de La Salle funda uma ordem religiosa voltada para o ensino, e a ordem de Cister foi reformada pelo abade Rancé, dando origem à ordem dos trapistas.

No espírito tridentino foi fundado o "Oratório" pelo Cardeal Bérulle e Jean-Jacques Olier os "sulpicianos" do seminário de São Sulpício, formador de professores e mestres para outros seminários. A intelectualidade francesa foi enriquecida com personalidades católicas do nível de Blaise Pascal, Mabillon, Bossuet e Fénelon e Luís XIII consagra a França à Santíssima Virgem (1638) e Luís XIV revogou o Édito de Nantes (1685) impondo a unidade católica pela força.

O século XVII foi também um período de intensas disputas doutrinário-teológicas, o que demonstra a vitalidade e o interesse pelo tema religioso. São desta época o as correntes de pensamento religioso do "Molinismo" e os "Bañezianos" seus adversários, o "Jansenismo" e o "Quietismo", algumas delas condenadas expressamente por Roma.


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Do Regalismo à Restauração

O despotismo ilustrado

No século XVIII as monarquias católicas pretenderam o controle da vida eclesiástica, movimento que ficou conhecido como "Regalismo", o que fez com que o Pontificado Romano perdesse parte de seu poder político. Isto não só pela perda de territórios para nações protestantes. Pretenderam fazer da Igreja um serviço público subordinado ao rei e integrante da administração do Estado. Este comportamento era característico do Despotismo Ilustrado. Catolicismo como única religião oficial do Estado e sob intervenção do monarca e desconfiança em relação a Roma, seria a marca desta fase. Esta tendência anti-romana teve como alvo preferido a Companhia de Jesus, principal força de que dispunha o Papado. Os jesuítas foram expulsos de Portugal, da Espanha, de Nápoles e da França e finalmente foram dissolvidos por Clemente XIV.

Na França este intervencionismo clerical de Luiz XIV ficou conhecido como "Galicanismo", nas terras germânicas surgiu o "Febronianismo", de Febrónio, psudônimo de João Nicolau de Hontheim, bispo auxiliar do bispo eleitor de Tréveris que defendia a subordinação da Igreja aos príncipes. Na Áustria surgiu o "Josefismo" de igual tendência, o mesmo se deu com Pedro, o Grande na Rússia, que suprimiu o Patriarcado da Igreja russa. Os episcopados das monarquias regalistas se transformaram em patrimônio da aristocracia, tornaram-se dóceis ao poder, e nos finais do Antigo Regime a vida cristã tanto da hierarquia como do povo aparentava languidez e opacidade.

O Iluminismo

A partir de 1680 verificou-se uma mudança de mentalidades e ideias na Europa. Surge o racionalismo de Descartes que levado ao extremo chega ao ceticismo religioso, surgiram os "libertinos" que adotavam uma posição de indiferença para com a religião, eram epicuristas: "comamos e bebamos que amanhã morreremos". Espinoza faz uma crítica radical contra a Bíblia e o "Deísmo" da Inglaterra se propagou para o continente. O Deísmo não nega Deus mas o afasta do homem e adota uma construção panteísta e foi adotado pela Maçonaria, principalmente a inglesa que surge nesta época. Combate qualquer religião organizada, e era adversária em especial do cristianismo. Foi condenada por Clemente XII em 1738. O ódio a qualquer religião e principalmente ao cristianismo foi também uma obsessão para Voltaire.

Mas o principal instrumento para divulgação da ideologia "ilustrada" foi a "Enciclopédia", projetada por Diderot e D'Alembert, com orientação intelectual ostensivamente contrária ao Cristianismo, teve a sua ideologia religiosa fortemente influenciada por Rosseau de linha de pensamento vagamente Deísta. Emmanuel Kant de sua vez teve decisiva importãncia no pensamento europeu do século que viria.

O conflito entre o Iluminismo e a Igreja Católica teve seu auge no final do século XVIII com a Revolução Francesa, cuja Constituição Civil do Clero aboliu muitos privilégios do clero e reduziu a hierarquia francesa a funcionários públicos, sujeitos às interpretações teológicas e intervenções do Estado revolucionário.

A Revolução

A Revolução Francesa, nos seus momentos mais radicais, fez o possível para eliminar qualquer religião e extirpar qualquer resquício de vida cristã na sociedade. Dois papas foram aprisionados na França, os templos e bens da Igreja confiscados e depois cairam em mãos de particulares. Sob o Terror, a perseguição anticatólica atingiu o seu ponto máximo. Milhares de católicos subiram ao patíbulo pelo simples fato de professarem a religião e procedeu-se à matança dos clérigos que não juraram a Constituição Civil do Clero, proibida por Pio VI. Institui-se uma religião-ideologia de estado e tentou-se difundir o culto pagão à "Deusa-Razão" numa encenação da sua coroação na Catedral de Notre-Dame de Paris, em 10 de novembro de 1793.

Napoleão foi o restaurador da Igreja na França com a Concordata de 17 de julho de 1801 e, ao assumir o poder, restabeleceu as velhas práticas do "Regalismo Galicano". Depois de Waterloo muitos católicos defenderam uma "aliança entre o Trono e o Altar" achando que assim se asseguraria uma estabilidade para ambos. Esta aliança não duraria muito.



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O Século "Das Coisas Novas"

Em 1802 em consequência de uma Concordata entre Napoleão e a Cúria Romana, a Igreja Católica recuperou sua autonomia e legalidade na França.

As ondas do nacionalismo fizeram com que o Papado percebesse que estava perdendo terreno no poder temporal, assim passou a garantir sua hegemonia espiritual sobre toda a Igreja Católica: em 1847 foi estabelecido um Patriarcado Latino de facto em Jerusalém (desde as cruzadas o título era somente honorário); a hierarquia católica foi restabelecida e reconhecida pelo parlamento na Inglaterra, graças em parte às campanhas do irlandês O'Connel.

Surge nesta época o Movimento de Oxford na Igreja Anglicana que procurava uma aproximação com a Igreja Católica. Teólogos anglicanos como John Henry Newman que se converteu em 1845 e depois nomeado Cardeal e Edward Manning arcediago da Catedral de Chichester que converteu-se em 1851 e depois nomeado também Cardeal são fatos marcantes da vida da Igreja na Inglaterra deste século.

Em 1846, antes mesmo da proclamação do dogma, a Imaculada Conceição era declarada padroeira dos Estados Unidos da América e surgem os primeiros beatos e santos norte-americanos: Filipa Duchesne, Santa Francisca Xaviera Cabrini e Isabel Ana Seton.

Com as crises provocadas pelas guerras franco-prussianas e da unificação da Itália, Roma é invadida e o Papa se declara prisioneiro no Vaticano. Pio IX, na encíclica Quanta cura, condena os erros do liberalismo filosófico, do racionalismo, do pantéismo, do naturalismo, do agnosticismo, do indiferentismo, do racismo, do socialismo marxista e do comunismo.

Na verdade, a Igreja surge rejuvenescida. É deste tempo o Cura d'Ars, São João Maria Baptista Vianney, pároco de uma pequena aldeia perto de Lyon, na França, mais tarde proclamado patrono do clero secular; a Bernadete Soubirous de Lourdes e a confirmação da proclamação do dogma da Imaculada Conceição e as Conferências de São Vicente de Paulo, fundadas por Frederico Ozanam.

Na Áustria, São Clemente Hofbauer se notabiliza; na Itália, o trabalho de São João Bosco regenera marginais, conquista a juventude e convence pela caridade governos locais ateus e anticlericais. Santo Antônio Maria Claret funda a ordem dos Claretianos missionários.

Em 1854 é proclamado formalmente o dogma da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Em 1869 o Papa Pio IX convoca o Concílio Vaticano I, que afirma o dogma da Infalibilidade Pontifícia, na votação todos os Padres Conciliares, exceto dois, votaram neste sentido, e ambos os dissidentes logo que souberam do resultado aderiram, não obstante, por isto, alguns teólogos fundarem a cismático Igreja Vétero-Católica. A proclamação deste dogma determinou a discriminação e mesmo a perseguição de católicos na Prússia, onde Bismarck havia lançada a sua kulturkampf, que depois será contornada com a diplomacia de Leão XIII. O Concílio também adota a Constituição Apostólica Dei Filius que consolida a doutrina da Igreja sobre as relações entre fé e razão.

Também inicia a era da Doutrina Social da Igreja Católica, com a publicação da encíclica Rerum Novarum (1891) pelo Papa Leão XIII em que enfrenta os problemas da "questão social" que surge e onde condena os excessos do liberal-capitalismo e a luta de classes, defende o salário justo e proclama a função social da propriedade e critica tanto Estado do laissez-faire como dirigismo socialista.

O mesmo Leão XIII na encíclica Aeterni Patris reafirma as doutrinas de São Tomás de Aquino, na Immortale Dei (1885) dá diretrizes para a ação política cristã. Este século deu ainda ao mundo uma "pequena grande" santa: Teresa de Lisieux ou Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, freira carmelita enclausurada, falecida aos 24 anos de idade, canonizada, foi declarada co-padroeira dos missionários ao lado de São Francisco de Sales e se tornaria muito popular.

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Os primórdios do Século XX

Leão XIII foi sucedido por pelo Cardeal Giuseppe Sarto, de Veneza. Conta a história que, quando o Cardeal Sarto passou a ser o preferido, num exercício de autêntica humildade, pedia aos cardeais que nele não votassem. Mas ele era o escolhido também pela Divina Providência. No sétimo turno da votação, o Cardeal Sarto, por insistência de vários de seus pares no Sacro Colégio, acabou aceitando e foi eleito o 259º sucessor de São Pedro, por 50 votos a seu favor, no dia 4 de agosto de 1903, assumindo o nome de Pio X . Este iniciou os trabalhos de unificação das leis eclesiásticas que mais tarde se tornariam no Código de Direito Canônico de 1917, combateu o modernismo e recomendou a comunhão das crianças a partir da idade do discernimento. O glorioso, árduo e fecundo pontificado desse Vigário de Cristo durou 11 anos. Nesse período, foram lançados mais de 3.000 documentos oficiais, com o objetivo de Instaurare omnia in Christo, conforme seu lema. E tem estreita analogia com esta sua afirmação: "Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas em Cristo".Nesse sentido de restaurar todas as coisas em Cristo, foram numerosas e admiráveis as obras empreendidas pelo Santo Pontífice para defender a Civilização Cristã gravemente ameaçada. Faleceu nas primeiras semanas da Primeira Guerra Mundial, e viria a ser canonizado.

Bento XV, Cardeal della Chiesa, exerceria o pontificado de 1914 a 1922. Durante a Guerra, a Santa Sé realizaria um grande trabalho em favor das suas vítimas e de localização de soldados desaparecidos. A Bento XV sucedeu Pio XI (1922-1939): durante o seu período na Santa Sé assinou o Tratado de Latrão que instituiu o Estado da Cidade do Vaticano. Condenou os erros do fascismo na carta Encíclica Non abbiamo bisogno, escrita não em latim, mas na língua italiana, para que não se tivesse dúvida a quem se dirigia. Criou e incentivou a Acção Católica destinada a orientar o apostolado dos leigos, desenvolveu também a ação missionária. Inaugurou a Rádio Vaticano inserindo a Igreja na era da tecnologia das comunicações, criou um observatório astronômico e foram criadas universidades católicas na Itália, Holanda e Polônia.

Durante o pontificado de Pio XI foi assinado o Tratado de Latrão dando início ao reconhecimento internacional do Estado do Vaticano tendo o Papa como seu soberano e determinando o fim da chamada Questão Romana. Em 1931 Pio XI publicou as Encíclicas Casti Connubii e Quadragesimo anno por ocasião dos quarenta anos da publicação da Rerum Novarum do Papa Leão XIII atualizando a Doutrina Social da Igreja e a Divini Redemptoris, em que condenou os erros do materialismo marxista e os do comunismo ateu, ideologia oficial da União Soviética.

Publicou também a Encíclica Mit brennender Sorge (Com ardente ansiedade) em alemão, para condenar os erros do Nazismo e sua doutrina racista, que foi lida em todas as igrejas alemãs em 1937, o que determinou o recrudescimento da perseguição contra os católicos pelos nazistas. Foi um tempo de florescimento da Igreja que teve como contraponto a perseguição e o mártírio de muitos cristãos. Na Rússia comunista e no México a perseguição teve dimensões inéditas. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), foram assassinados sete mil religiosos espanhóis por "ódio à religião", pelo fato de serem religiosos católicos.


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A Segunda Guerra e o pós-Guerra

A Segunda Grande Guerra produziu muitos mártires Católicos, dentre eles se destacam Edith Stein e Maximiliano Kolbe e ainda o Rupert Mayer, nesta mesma época Clemens August von Galen, cardeal e bispo de Münster, destacou-se na denúncia dos crimes do nazismo.

O Cardeal Pacelli tomou o nome de Pio XII (1939-1958), quando os nazistas ocuparam Roma, acolheu no Vaticano milhares de perseguidos, de todos os credos e raças e nacionalidades. Por uma grande soma de dinheiro resgatou 200 judeus e, com a sua aprovação, Monsenhor O'Flaherty, alto funcionário da Congregação do Santo Ofício, organizou uma rede clandestina de auxílio aos perseguidos que permitiu que fossem salvos milhares de judeus e comunistas.

Desde 1939 não se nomeavam novos cardeais. Pio XII, em 1946, procedeu à nomeação das 32 vagas existente num colégio de cardeais que na época era de 70 cardeais. Nomeou quatro cardeais italianos e vinte e oito de outras nacionalidades

Em 1950, Pio XII proclamou solenemente o dogma da Assunção da Virgem Maria cuja tradição já era celebrada desde São Leão Magno, no século V (15 de agosto) e consagrou a Humanidade ao Imaculado Coração de Maria. Criou 190 dioceses e incentivou a criação de novas instituições na Igreja. No seu tempo a divisão da Europa aumentou o sofrimento da Igreja e a perseguição religiosa no Leste Europeu.

A HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA - 1ª PARTE