21 setembro 2016

PENSAMENTOS CRISTÃOS - CHRISTIAN THOUGHTS

CHRISTIAN-THOUGHTS

Jesus perguntou aos apóstolos: "E vós, quem dizeis que eu sou? " Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". E Jesus respondeu: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não te revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos Céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela".

Porém, a afirmação de Jesus: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja", baseava-se na resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", e não na pessoa de Pedro. Jesus não criou um trocadilho com os termos pedra e Pedro — palavras gráfica e sonoramente diferentes no grego original do Novo Testamento. A revelação de Deus ao apóstolo Pedro, o seu reconhecimento da Divindade de Jesus, é que fundamentaria a futura Igreja, da qual Jesus Cristo seria a rocha, a pedra angular, pois sem Ele não existiria o Cristianismo.

Desde que creditaram ao apóstolo Pedro o status de primaz na religião Católica, a hierarquia papal perpetuou-se até nossos dias. Mas São Pedro não ajustar-se-ia ao padrão dos papas da era moderna, pois nunca permitiu que fiéis se curvassem em sua presença nem exaltou o título de "Pai" (páppa, em grego). São Pedro não legou sua liderança na primitiva Igreja Católica, pois seria impossível que qualquer sucessor fosse uma testemunha viva do Cristo ressuscitado.

CHRISTIAN-THOUGHTS

Durante o primeiro século da Era Cristã, os princípios e dogmas da recente Igreja Católica foram protegidos com fervor pelos Primeiros Cristãos, os únicos mantenedores dos Ensinamentos de Jesus. No século II, a presunção dos novos cristãos romanos permitiu a interpretação pessoal e seletiva dos Ensinamentos e do Novo Testamento, quando o consequente desvirtuamento atingiu níveis inimagináveis. No século III, o imperador romano Constantino incorporou o Cristianismo à sua sede de poder e a alteração da Palavra de Deus alcançou proporções irreais.

Constantino atribuiu ao Deus Cristão a vitória sobre o imperador tetrarca Magêncio durante a Batalha da Ponte Mílvio (312 d.C.), alegando que no dia anterior sonhara com uma cruz que trazia os dizeres "in hoc signo vinces" (por este sinal vencerás), levando-o a gravar o símbolo da cruz nos escudos dos soldados das suas tropas. Entusiasmado com a ajuda divina, Constantino incrementou sua cruzada pelo poder até destronar a tetrarquia romana em 324 d.C., quando alçou-se à posição de imperador único do Império Romano.

PENSAMENTOS-CRISTAOS

Quando pensamos sobre a existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e como a união destas três divindades distintas formam um só Deus — Mistério da Santíssima Trindade —, podemos compreende-la melhor se fizermos uma analogia com a dinâmica do Espaço-Tempo de Friedmann, o intervalo decorrido desde o Big-Bang a partir do qual os eventos cosmológicos sucederam. Quando analisamos a divisão do tempo em passado, presente e futuro, vemos que mesmo servindo a propósitos diferentes as partes formam um todo, unindo-se na mesma dimensão temporal.

Os apóstolos perpetuaram os Ensinamentos de Jesus, agora a única filosofia necessária para nortear a humanidade. A riqueza dos fatos que estes biógrafos de Jesus Cristo nos legaram está ao alcance de qualquer ser humano, e não precisamos de intermediários para conhecê-los, pois o único mediador entre a humanidade e Deus Pai é Seu Filho, Jesus Cristo: "Peçam e lhes será dado, busquem e encontrarão, batam e a porta lhes será aberta; pois todo o que pede, recebe, o que busca, encontra, e àquele que bate, a porta será aberta."

Na hierarquia da verdadeira Igreja de Deus primeiro estabeleceram-se os apóstolos, em seguida, os profetas, depois, os mestres e os que realizavam milagres através inspiração divina — aqueles que têm o dom da cura e prestam ajuda aos necessitados, como os nossos Santos Pio de Pietrelcina e Pio X, entre outros guardiões da Fé Cristã. São Pedro não tinha mais autoridade do que os outros apóstolos, pois todos carregavam o poder de ligar e desligar na Terra e nos Céus, mas sempre guiados pelo Espírito Santo. A fraseologia "ligar e desligar" significa declarar permitido ou proibido segundo a Palavra de Deus.

PENSAMENTOS-CRISTAOS

Os discípulos de Jesus precisavam dar continuidade ao Seu trabalho entre a humanidade, e divulgar Seus Ensinamentos era a prioridade máxima. Eles possuíam a autoridade cedida por Deus para efetuar milagres e permitir que outros discípulos também realizassem estes acontecimentos inexplicáveis pelas leis naturais, beneficiando aqueles que mereciam esta dádiva de Deus. Os milagres de Jesus sobre a natureza eram o prenúncio da vinda do Reino de Deus entre os homens, anunciando que o poder Divino de Jesus Cristo estender-se-ia muito além da existência humana.

Após a morte, só acessaremos o local onde beneficiam-se os recompensados pela presença de Deus se formos merecedores. Nossos destinos são fixados na hora da morte e qualquer ação posterior não pode alterá-lo, pois cada ser humano será contemplado pelo que fez e nada poderá ser alterado por outrem. Pode-se orar por outro cristão, mas isto não comutará sua pena pela recompensa. Somente Deus pode perdoar e todos podem orar para que Jesus Cristo perdoe nossos pecados. O pecado é um ato contrário à Lei Eterna, uma ofensa a Deus que atenta contra a solidariedade e a natureza humana.

PENSAMENTOS-CRISTAOS

No fim do sábado, quando despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o sepulcro onde Jesus Cristo jazia. Repentinamente houve um terremoto, quando um anjo do Senhor desceu do Céu. Ele suavemente removeu a pedra que guardava o sepulcro, e assentou-se sobre ela. O aspecto deste anjo era sublime, como o de um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. Os soldados romanos que mantinham a guarda ficaram amedrontados e assombrados, até quedarem-se como mortos.

O anjo dirigiu-se às duas mulheres, dizendo: "Não tenhais medo, pois sei que buscais Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas Ele não está mais aqui porque ressuscitou como havia predito. Venham, e vejam o local onde Nosso Senhor Jesus jazia. Sigam pois, imediatamente, e digam aos Seus discípulos que Seu Mestre já ressuscitou dentre os mortos. Ele vai adiante de vós, para a Galileia, sigam o caminho, que lá o encontrarão".

Os apóstolos também partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus designara dias atrás. Ao chegarem, Jesus aproximou-se e disse: "Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Portanto ide, fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado, e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos, Amém".




09 setembro 2016

A NOVA RELIGIÃO MUNDIAL - THE NEW WORLD RELIGION

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Em 1997, Robert Muller, subsecretário-geral das Nações Unidas, um adepto do movimento espiritual new age (esoterismo ocultista), convocou uma conferência de signatários para estabelecer a paz universal através da instituição de uma única religião global. Muller (1923-2010) era um fervoroso apologista do governo mundial e convenceu os membros da ONU a participar da United Religions Initiative (Iniciativa das Religiões Unidas), uma rede inter-religiosa com sede em São Francisco, Califórnia, que advoga a unificação de todas as vertentes religiosas: a religião mundial.

Entre os debatedores, incluíam-se religiosos e gurus de todas as seitas ou religiões, que uniram-se no esforço comum de formalizar o estatuto da United Religions Initiative (URI) e iniciar o processo de elaboração das estratégias para um forte crescimento da instituição durante os próximos 20 anos. Liderados por Muller, conhecido na ONU como "o filósofo das Nações Unidas", debateram durante meses qual seria a melhor estratégia para a implementação da religião única sem que ferisse os brios dos demais líderes religiosos mundiais. Após intensos períodos de discussões, os planejadores passaram a tratar efetivamente do empreendimento comercial.

No final da conferência de 1997, William E. Swing, bispo da Igreja Episcopal da Diocese de São Francisco, assumiu uma posição-chave entre os cristãos na divulgação da organização Religiões Unidas, assim como a responsabilidade de arregimentar adeptos religiosos para compor seus quadros executivos. Swing invocou que os delegados da conferência anunciassem a "nova palavra" para a humanidade: "Espalhem a notícia sobre a existência da Iniciativa das Religiões Unidas para o mundo, porque algo novo está prestes a acontecer", clamou. Atualmente a organização faz-se presente em 80 países.

NEW-WORLD-RELIGION

O Papa Francisco mantêm laços estreitos com a Iniciativa das Religiões Unidas e, especialmente, com William E. Swing. Quando Francisco era o arcebispo de Buenos Aires, convidou o Sr. Swing para celebrar o 10º aniversário da organização Religiões Unidas da América Latina, e o culto foi realizado na catedral da cidade. Um Papa que abraça a reconciliação com todas as religiões claramente transmite uma mensagem dúbia para os católicos que incorrem no risco de abraçar o sincretismo religioso como parte da Fé Cristã, o que seria extremamente prejudicial com relação à Salvação ensinada por Jesus Cristo.

Entre os participantes da conferência era notória a presença dos laureados Desmond Tutu, arcebispo da Igreja Anglicana, Betty Williams, ativista pela paz e o jurista-muçulmano Javid Iqbal. Os líderes da rede norte-americana Interfé e vários católicos episcopais, clérigos muçulmanos e líderes judeus, budistas, hindus, siques, entre outros, completavam o número de membros votantes que aprovaram a necessidade de minimizar-se os conflitos resultantes da implantação da religião global no mundo. Robert Muller sempre afirmava que a United Religions Initiative era o equivalente espiritual das Nações Unidas. [sic]

No último dia da conferência, os "comensais", agora mais relaxados, foram brindados com a execução das "múltiplas-preces", o que exigiu o esforço conjunto de cristãos, budistas, muçulmanos, siques, monges tibetanos, judeus e indígenas. As vertentes religiosas envolvidas neste acontecimento ecumênico global para a criação da Nova Religião Mundial (New World Religion) puderam ser rastreadas em grande parte: islamismo, hinduísmo, cristianismo, budismo, membros da seita semita B'nai B'rith, zoroastrismo, taoismo, siquismo, judaísmo, panteísmo, membros de cultos orientais e seitas antigas, indígenas de diversas nações, entre outros.

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Na primeira semana após o término dos acalorados debates e da fundação da religião global, Robert Muller já posicionava-se em Vancouver, no Canadá, para iniciar a doutrinação nas "classes de jovens", um novo apostolado-tupiniquim, que primeiro deveriam passar por um treinamento formal até estarem de prontidão e sentirem-se aptos para iniciar a divulgação da "nova palavra", para assim promover seu conhecimento ao mundo: "Todos vocês precisam aderir à nova religião universal, a Iniciativa das Religiões Unidas, o local que congrega todas as religiões e um oásis espiritual onde todos serão salvos, não importando o que façam!"

Nesta preleção os verdadeiros motivos acabaram transparecendo, e expressaram que o multiculturalismo atingira níveis absurdos. Mesmo que você seja um protestante ou hindu, mórmon ou cristão, muçulmano ou católico, hinduísta ou comunista, ou qualquer outra coisa, não importa! Não precisa preocupar-se com a sua alma, se tiver uma, porque nesta salvação da religião única não é preciso fazer o bem ou amar ao próximo, pois até matar seria relevado. Basta adorar o deus único que você já está dentro! Segundo Robert Muller, os deuses dos cristãos, muçulmanos e das outras vertentes religiosas são um só, e na religião da "nova era" somente as comunidades engajadas na diversidade é que alcançarão a salvação. [sic]

NOVA-RELIGIAO-MUNDIAL

E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a Terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada.

E faz grandes sinais, de maneira que até fogo fez descer do Céu à Terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida de espada e vivia.

E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.

E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.

E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias, e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do Seu Nome, e do Seu tabernáculo, e dos que habitam no Céu.

E foi-lhe permitido fazer guerra aos Santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a Terra, esses cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

JESUS-CRISTO

A grande verdade é que os Cristãos prescindem da ajuda das instituições e seus cultos, ou da mediação humana, para alcançarem o caminho da Salvação, ensinou Jesus Cristo. Ele mostrou o caminho da Salvação quando sofreu pela humanidade, e agora só devemos seguir Seus Ensinamentos. Isto aparenta ser muito fácil e simples, mas é exatamente o que Jesus ensinou aos Apóstolos: "O que precisam é manter uma conduta irrepreensível e o compromisso de amar a Deus". Estas foram as últimas palavras de Jesus Cristo na Santa Cruz: "Está consumado", expressando no Seu sofrimento que o trabalho salvífico estava completo.

Mas lembrem-se que a Salvação que Jesus ofereceu para a humanidade é apenas o início do árduo caminho que os Cristãos devem percorrer, pois as ações na Terra serão relevantes para a Salvação da alma. A consciência humana permite que assumamos a responsabilidade pelos atos praticados, e seu justo juízo é a nossa testemunha da verdade universal do bem e, desta forma, é fácil escolhermos entre o bem e o mal. Porém, vários falsos cristãos atravessam suas vidas seguindo a liderança dos pastores, bispos, gurus, mestres e toda a espécie de falsos líderes. Para alcançamos a Salvação Eterna devemos aceitar somente a liderança de Jesus Cristo e observarmos Seus Ensinamentos.




07 setembro 2016

A IDADE DAS TREVAS: JUSTINIANO E A PESTE YERSINIA - THE DARK AGES: JUSTINIAN AND THE YERSINIA PLAGUE

JUSTINIANO-PESTE-YERSINIA

Flávio Pedro Sabácio Justiniano (483-565 d.C.), Justiniano I ou Justiniano, o Grande, foi um imperador bizantino — Império Romano do Oriente — conhecido por suas árduas campanhas militares que objetivavam a reconquista e a reconstrução do então fragmentado Império; assim como pelo seu empenho em restaurar a antiga glória do centro do mundo católico: Roma, a "cidade eterna".

Autocrático, burocrático e cristão convicto, Justiniano controlava o sistema político-religioso e todos os aspectos da vida dos habitantes do Império Romano (27 a.C. até 1453 d.C.). Elaborou o Código Justiniano, um sistema de leis que confirmava o poder ilimitado do imperador, que evoluiu lentamente até sua forma final: o Corpo de Direito Civil (Corpus Juris Civilis), o extrato das obras dos juristas históricos e juristas romanos.

O Corpo de Direito Civil vigorou no Império Romano até 1453 e, posteriormente, foi considerado uma obra jurídica fundamental, desde que serviu de base para o Código Civil e Penal de várias nações do Ocidente. Justiniano ainda mantinha um grande interesse nas questões metafísicas — as realidades que transcendem a experiência sensível — e pretendia unir o mundo romano através da religião.


Justiniano travou violentas batalhas para conter a invasão bárbara na Europa Central e no Império Bizantino do Oriente. Em 533, instaurou o "período da paz sem fim" ao recuperar o controle das regiões-mediterrâneas e das nações limítrofes ocupadas pelos bárbaros germânicos. A Pax Romana reafirmou seu domínio sobre Constantinopla, a capital do Império Romano Bizantino que, nesta ocasião, alcançou sua máxima extensão de terras reconquistadas.

Porém, enquanto Justiniano liderava com sucesso seus exércitos romanos durante as campanhas de reconquista e expansão territorial, um inimigo muito mais letal do que tribos bárbaras espreitava nas sombras do desconhecimento, e preparava o seu ataque devastador: a bactéria Yersinia pestis, o agente patogênico da peste bubônica, ou Peste Negra, a afamada pandemia da Idade Média.

Certamente as pulgas dos roedores, ou a mordida destes, seriam o vetor de disseminação da pestilência, assim como ocorrera durante a Peste Negra na Idade Média. Na época de Justiniano, o Egito era considerado como o celeiro do mundo-mediterrâneo, porém esta super oferta de grãos e alimentos exerceria forte influência na proliferação do afamado rato-preto egípcio (Rattus rattus), cuja população atingia níveis dantescos!


Em 541, a pestilência alastrou-se por todo o Egito e, rapidamente, alcançou a capital do Império Bizantino, Constantinopla (atual Istambul), ceifando 10.000 vidas/dia e levando a população da antiga metrópole à beira da extinção. A partir destes focos primordiais, a Peste Yersinia espalhou-se por toda a Europa e partes do Oriente, convertendo-se na mais letal pandemia da história da humanidade.

O historiador bizantino Procópio de Cesareia (500-565 d.C.) fornece um relato histórico sobre o início da Peste e a magnitude da infestação:

"Nesta época, uma Peste ceifou a vida de mil milhares de pessoas, e a população do mundo foi quase dizimada. A doença teve início entre os egípcios que viviam em Pelúsio (cidade do Baixo Egito) e logo atingiu o porto de Alexandria, e depois o resto do Egito. Alcançou o povo da Palestina e suas terras vizinhas, invadindo a Constantinopla, e chegou até Bizâncio (cidade da Grécia Antiga). Esta doença nasceu no porto de Alexandria, e a partir da costa transferiu-se para as nações interiores".


Procópio de Cesareia agora detalha o terror dos doentes infectados pela Peste Yersinia, os sintomas e o manejo dos milhares de mortos:

"A Peste castigou Bizâncio em poucos meses, quando estava no seu auge. No começo, as pessoas não morriam mais do que o habitual, mas a contaminação cresceu e o número de mortos alcançou a média de cinco mil por dia, e logo em seguida superava os dez mil, e depois muito mais do que isto. Primeiro o doente manifestava uma febre e tosse sanguinolenta, e apresentava inchaços púrpura-escuro nas axilas. Alguns destes calombos cresciam maiores do que maçãs e outros do tamanho de um ovo.

O aspecto da doença começou a alterar-se e colocar manchas de cor totalmente negra nos lívidos doentes. As manchas estavam nos braços, nas coxas e em todos os lugares do corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e esparsas, em outras eram pequenas e abundantes. Era o indício inevitável da morte, e os doentes morriam em menos de três dias. Os gritos, gemidos e o choro constante de milhares enchiam o ar com a angústia do sofrimento.

A peste era tão contagiosa que passava rapidamente de uma pessoa para outras em sua volta. O cheiro de podridão do líquido que escorria dos calombos perfurados e dos mortos era insuportável. Centenas de corpos apodreciam nas casas e nos locais de recolha. Os cadáveres iam chegando às centenas, e depois já contavam-se aos milhares. Os corpos eram empilhados como se faz com as mercadorias nas embarcações, organizados, e a maioria era queimada em imensas fogueiras e muitos atirados ao mar".


O Império sofreu vários reveses no decorrer do sexto século. O despovoamento devido à inimaginável taxa de mortalidade da Peste Yersinia foi responsável pela grave escassez de mão de obra da época, o que levou ao aumento significativo no contingente de bárbaros (estrangeiros) servindo nos exércitos romanos, trazendo como consequência a desmoralização e o forte aumento dos salários.

O exército, a antiga pedra fundamental do poderio romano, economicamente arrasado e sem guarnições suficientes para preservar suas fronteiras, abriu caminho para a derrocada final do Império Bizantino do Oriente. Devido ao desequilíbrio operacional, quaisquer aspirações futuras de reconquistas foram obliteradas e adiadas.

A maior pandemia da história da humanidade cobrou o número impressivo de mais de 100 milhões de vítimas! Os danos colaterais futuros foram tão intensos que os impérios Persa e Bizantino tornaram-se vulneráveis aos avanços e reconquistas organizadas pela imensa população de soldados muçulmanos no próximo século. A devastação da Europa pela Peste Yersinia, ou Praga de Justiniano, cunhou a essência desta época sombria: A Idade das Trevas.


30 agosto 2016

O INÍCIO DA IGREJA CATÓLICA - THE BEGINNING OF THE CATHOLIC CHURCH

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A Igreja Católica é a mais antiga instituição religiosa no mundo desde que, perseguidos pelo Sinédrio, denominação da suprema corte judaica em Jerusalém, os primeiros Cristãos desvincularam-se das sinagogas e fundaram a Igreja Primitiva e, em seguida, nomearam-na como Católica (Universal) — a origem é a palavra grega Katholikos latinizada para Catholicus. A Igreja Católica invocou o princípio da universalidade desde o início, pois aceitava todos em suas congregações, sem distinção de credo ou raça. No meado do primeiro século, os fiéis foram isentos de obedecer à antiga Lei mosaica, conforme resolução do Concílio de Jerusalém (50 d.C.), o primeiro concílio da Igreja Católica.

O Cristianismo floresceu na atmosfera político-cultural do Império Romano, onde o paganismo e a apocrifia eram parte das normas sociais e morais. Assim, durante os três primeiros séculos, os Cristãos foram perseguidos por professarem o Cristianismo, religião contrária à veneração do imperador e seus deuses. Isto foi considerado uma afronta ao poder do Estado e as perseguições aos Cristãos tiveram início. As mais cruéis foram as elaboradas por Nero César, em 100 d.C., Trajano Décio, em 249 d.C., Públio Valeriano, em 260 d.C. e Valério Diocleciano, em 305 d.C., considerada a mais sangrenta da história, porque seu objetivo era o extermínio total dos Cristãos e o fim da Igreja Católica.

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O início do século IV foi um período de paz graças ao Édito de Milão, quando o imperador Constantino vetou oficialmente toda a perseguição aos Cristãos e à Igreja Católica. No decurso deste século, o Cristianismo passou a ser tolerado pelo império romano e a doutrina cristã professada com liberdade, acabando por tornar-se a religião oficial do império romano. Finalmente, no final do século, o Imperador Flávio Teodósio convocou as assembleias dos bispos e instaurou vários concílios, permitindo à Igreja organizar seu conjunto de inter-relações sociais.

Em 381 d.C., o Primeiro Concílio de Constantinopla foi convocado por Teodósio I, para debater as heresias do arianismo, ideologia do padre Ário de Alexandria, Egito, e atestar a natureza, a humanidade e divindade de Jesus Cristo, confirmando o dogma da Trindade Divina. Em 431 d.C.Teodósio II realizou o Concílio de Éfeso. Este foi conduzido em uma atmosfera de confronto e recriminações, onde o nestorianismo e o sabelianismo foram declarados heresias.

Nestório, patriarca de Constantinopla, defendia que Cristo não seria uma pessoa única, pois Nele haveria uma natureza humana e outra divina, distintas. Também negava o ensinamento tradicional que a Virgem Maria pudesse ser a "Mãe de Deus" (Theotokos), portanto ela seria somente a "Mãe de Cristo" (Cristokos), para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza Divina.

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O Catecismo de São Pio X disserta sobre a doutrina católica e confirma sua profunda relação com os Ensinamentos de Jesus, e como estes nos orientam sobre o caminho da Salvação e do Reino de Deus. As partes mais importantes e necessárias da doutrina são: o Credo, o Pai Nosso, os Dez Mandamentos e os sete Sacramentos. Jesus Cristo é o personagem central do Cristianismo, e veio anunciar a Salvação da humanidade pela Vontade de Deus. Ele é o Filho Unigênito de Deus e a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. É o Único e Verdadeiro Mediador entre Deus e a humanidade.

Os dogmas do Cristianismo professam que a Salvação da humanidade originou-se da Graça Divina e da Paixão de Jesus Cristo. Este supremo sacrifício foi um ato de submissão à Vontade e ao Infinito Amor de Deus, objetivando a Salvação da humanidade. É fundamental que a adesão à Fé Cristã, a crença em Jesus Cristo e Seus Ensinamentos, ocorra de forma espontânea, porque a liberdade humana, um dom divino, é autônoma perante o Criador. A Fé Cristã transmuda-se na caridade e no amor ao próximo, e para que isso suceda, devemos levar uma vida espiritual elevada.

INICIO-IGREJA-CATOLICA

Jesus Cristo ensinou que a suprema felicidade só é alcançável pelos Santos e justos no Reino de Deus, e que temos nascer novamente para fazer parte Dele. Ele também ensinou que a Graça e a Misericórdia Divina eram superiores ao pecado e ao mal absoluto, e que o arrependimento sincero dos pecados e a Fé em Deus podem salvar nossas almas. Instruiu como um Cristão pode fazer parte do Reino de Deus, Um Reino que está entre vós, disse Jesus. Ele viveu de acordo com os princípios que ensinava e legou exemplos claros de como alcançar a Glória de Deus.

Mas, o que Jesus quis dizer quando afirmou que o Reino de Deus está entre vós? Tertuliano, um escritor da Igreja primitiva, respondeu: "Entre vós significa em vossas mãos ou em vosso poder. Se cumprir os Mandamentos e fizer o bem, qualquer pessoa pode entrar no Reino de Deus, mas só se assumir o compromisso exigido".


Jesus estava divulgando algo maravilhosamente novo e revolucionário. Não era somente um novo reino, como todos que existiram na Terra e desapareceram, mas um Reino com outra natureza que não era deste mundo. Um Reino totalmente diferente, que ninguém jamais tinha ouvido falar. Um Reino que está entre vós...Jesus estava descrevendo um Reino de Verdade, o Reino de Deus.


JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU


29 agosto 2016

UM BRASIL SEM DEUS - BRAZIL WITHOUT GOD

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Crise após crise é o que acontece no Brasil, e talvez você conheça a velha parábola: "Se colocar um sapo numa panela cheia d'água e aumentar gradativamente a temperatura, ele gostará da sensação e nem pensará em pular fora, cozinhando até a morte".  O povo brasileiro já alcançou o estágio da fervura e não percebeu seu sofrimento. Só resta preocupar-nos com a morte espiritual, pois a aniquilação física já ronda nossos "quintais".

No passado distante, os imigrantes europeus propagaram a ideologia cristã no Brasil e Deus abençoou e fez prosperar esta nação até tornar-se maior e mais benevolente. Através da Fé e da bênção Divina tornamo-nos conscientes do amor dignificador, a mais importante característica do ser humano. Infelizmente não tornamo-nos o que pretendíamos alcançar porque retrocedemos, e a nossa moral, princípios e valores decaíram a um só tempo.

O povo brasileiro ainda acredita no amor dignificador de Deus, mas as diversas categorias apócrifas do cristianismo, somadas às seitas alternativas e aos cultos afro-brasileiros impregnaram o imaginário religioso. Mas é seguro afirmar que a maioria da população reconhece que os preceitos da Igreja Católica ainda predominam no Brasil. Assim, podemos intuir que os Ensinamentos de Jesus são uma fonte de inspiração para os brasileiros.

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Desde a implantação do marxismo no país negligenciamos o ensino da religião nas escolas, pois o governo proibiu que as crianças orassem e observassem os momentos de silêncio e reflexão nas salas de aula — quando poderiam rogar silenciosamente a Deus. Atualmente, não ensinam o primeiro versículo das Escrituras: "No princípio, Deus criou os Céus e a Terra", mas incutem o princípio sectário da sociedade sem classes.

Ensinam que uma proteína penetrou na forma cristalina do silício e evoluiu até o ser humano. Este reducionismo a um simulacro-quartziforme sem alma, um pouco mais apto do que um símio, torna-nos apenas animais diferenciados. Neste desconstrucionismo não há lugar para Deus e o amor, a decência e a caridade, nem a possibilidade de reavaliarmos nossas ações boas ou más.

Os antigos imigrantes não mais reconheceriam esta nação que, no estatuto atual, incentiva o assassinato de bebês pelo abortamento indiscriminado e ignora o extermínio da população que atingiu proporções alarmantes. Eles nunca poderiam imaginar a desgraceira que acometeu seus descendentes! Aqueles europeus sempre transmitiram o axioma de que filhos são uma benção, e o fruto do ventre da mãe seu galardão. Todas as crianças eram consideradas a recompensa advinda da Graça de Deus.

BRASIL-SEM-DEUS

O contraste moral entre as mães que escolhem a vida e aquelas que matam seus bebês, atendendo ao politicamente correto da liberdade reprodutiva, é estarrecedor. Podemos ler no Deuteronômio, o 5º Livro do Pentateuco, um sério alerta sobre esta questão: "Os Céus e a Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolha pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência".

Pensem no que a mídia (imprensa, televisão, cinema) produziu e como torna-se cada vez mais absurdo e infame. Pode-se dizer muito sobre uma família a partir do seu entretenimento. Havia uma época onde a diversão saudável e as boas lições transmitiam a consciência de que deveríamos amar o próximo e respeitar os idosos. As famílias reuniam-se frequentemente em seus lares e os adultos transmitiam aos jovens ensinamentos e princípios morais que nos deixariam inspirados até nos turbulentos dias atuais. 

Agora tornou-se popular menosprezar os Cristãos! No início diziam que estavam "apenas brincando com eles" mas, atualmente, os Cristãos são humilhados e perseguidos de forma sistemática pela mídia, principalmente em Hollywood, assim como pelos muçulmanos e agregados, comunistas e suas variantes, além de todo o resto da corja espalhada pelo mundo. "Eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, vocês serão odiados por todas as nações por minha causa", disse Jesus.

BRASIL-SEM-DEUS

Quando o Filho do homem vier em Sua Glória, com todos os anjos, Ele se assentará em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante Dele, e Ele separará umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita, venham, benditos de meu Pai, recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo.

Jesus descreve os da direita como aqueles que ajudam os pobres, visitam as pessoas internadas e alimentam os famintos. Analogicamente, os bodes da esquerda são aqueles que não revelam respeito ou deferência para com o ser humano. Você já viu comunistas ajudando os pobres ou criando locais seguros onde pudessem aliviar suas mazelas — sem a perspectiva de lucrar muito dinheiro com o feito? Mas conhecemos as iniciativas cristãs, sempre ajudando e assistindo aos necessitados, motivados pelo amor ao próximo. Isto é parte da nossa herança cristã e sabemos o que é o certo!

O acinte da canalhada é observável nas nações comunistas, como a China, Rússia, Brasil, entre outras, pois mesmo com um excedente de biliões de reais não-empregados, ainda espoliam a população miserável. Os países islâmicos, principalmente a Arábia Saudita, não ajudam os necessitados ou seus irmãos muçulmanos, pois não herdaram uma herança cristã ou são orientados por princípios cristãos. Se Deus é amor, certamente Ele não poderá ser encontrado nestes buracos do inferno.

Precisamos urgentemente de um presidente cristão para sanear a corrupção. Um governante que expresse compaixão e sabedoria, com um amor manifesto a Deus, o que agitaria emocional e moralmente a nação. Temos que salvaguardar a nossa herança cristã e voltar à época quando os Ensinamentos de Jesus norteavam a sociedade. Seus fundadores clamaram em oração por Sua ajuda e Ele atendeu-os de formas maravilhosas. Mas agora somos uma nação imersa na maldade, um Brasil sem Deus.

ABORTO

Em uma sociedade que se propõe valorizar a vida humana, chegou a hora de nós reagirmos, debatermos e lutarmos contra este descaso e omissão que cerca o tema do aborto. O Brasil, já no caminho da legalização do aborto, tornar-se-á um dos maiores centros de extinção da raça humana jamais visto em qualquer tempo. 

Sob a égide comunista, já somos a nação mais criminosa do planeta, computando quase cem mil assassinatos por ano. Tal número ainda não se equipara aos milhões de abortos já cometidos ilegalmente no país.

O que acontecerá  quando legalizarem o aborto no Brasil? Teremos um quadro de pesadelo, o verdadeiro inferno de Dante instalado no país! Somaremos às já existentes clínicas "ilegais" de aborto, inúmeras outras "legalizadas", hospitais públicos também "legalizados" para o serviço macabro e talvez até "franchisings aborticidas".

Não demoraremos por conseguir um novo título: "Brasil, a nação mais destruidora e mutiladora de crianças sobre a face da Terra". O atual governo comunista e pró-aborto deveria responder por todos estes crimes bárbaros mas, como o próprio povo brasileiro aprovou a continuidade destes criminosos no poder no pleito de 2014, deverão pagar um alto preço por compactuar com o mal absoluto e pelo desprezo pela vida humana.

Estes brasileiros que posicionaram-se ao lado do mal deverão suportar as consequências fatais da sua livre escolha. Aquilo que os aguarda será muito pior do que os assassinatos dos bebês pelo aborto. Gerações inteiras dos descendentes destes indivíduos que compactuaram com o governo, pagarão sua dívida eterna e sofrerão pelos erros cometidos por seus ancestrais!

Existe uma Lei na vida, de causa e efeito, que não pode ser violada sem que alguém seja o responsável pelo ato perpetrado ou crime cometido. Agora, nem Deus apiedar-se-á das suas almas podres, pois vocês cometeram o pecado sem perdão, a ofensa contra o Espírito Santo. Serão desterrados do mundo  aonde reina o Amor de Deus!

JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU








26 agosto 2016

A RESSUREIÇÃO DE JESUS CRISTO SEGUNDO PÔNCIO PILATOS - THE RESURRECTION OF JESUS CHRIST ACCORDING TO PONTIUS PILATE


Jesus-risen

Nobre soberano Tibério César Augusto, devo oficialmente relatar os eventos singulares que abalaram a província da Judeia. O desenlace da situação apresentou uma forma tão extraordinária que será preciso enumerar todos os detalhes na íntegra, exatamente na ordem em que ocorreram. Mas não fique desconcertado se no decorrer da história tais eventos alterem o destino da nossa nação pois os desígnios dos deuses não são mais favoráveis, e desde então o desconforto e a angústia constante regem a minha existência.

Quando tomei posse do Pretório na cidade de Jerusalém, organizei uma esplêndida festa para a qual convidei o tetrarca da Galileia Herodes Antipas e seus associados, mas minha honraria foi em vão, porque na hora marcada nenhum convidado dignou-se a comparecer. Este insulto abalou a minha dignidade e foi considerado um desrespeito ao governo que represento. Enfim, quando Herodes resolveu me honrar, notei que  sua conduta era simulada nos agrados, fingindo que a religião o impedira de confraternizar com os romanos, mas seu semblante traiu sua hipocrisia.

Herodes-Antipas

Considerei estratégico aceitar sua falsidade pois me convencera de que o conquistado era inimigo do conquistador. Devo alertar aos romanos sobre as autoridades judaicas, porque trairiam a própria raça para manter o status e a presunção. Jerusalém será difícil de governar, pois tão turbulenta é a população que temo uma insurreição espontânea. Não tenho tropas suficientes, apenas uma centúria ao meu comando. Solicitei reforço ao governador da Síria, Públio Quirino, mas fui informado que não consegue manter sua própria província. 

Entre os vários rumores, um em particular atraiu a minha atenção. Foi relatado que um galileu divulgava uma nova lei do Deus que o tinha enviado. No princípio temi que seu desígnio fosse a incitação das massas, mas os temores se dissiparam, pois ele falava mais como um amigo do que um insurgente. Certo dia, passando pelo poço de Siloé, observei no meio da multidão um jovem que proferia sábias palavras. Foi-me dito que era Jesus, o Nazareno, e notável era a diferença física entre ele e a multidão que o cercava.

Jesus-Cristo

Jesus parecia ter uns trinta anos, e seus cabelos dourados e a barba no estilo dos nazarenos davam-lhe um aspecto celestial. Nunca havia visto um semblante mais sereno, e que contraste entre seu povo, com sua barba escura e pele castanha. Continuei o passeio por Siloé mas pedi a meu secretário Manlius que juntasse ao grupo para ouvi-lo. Manlius conhecia a região da Palestina e era familiarizado com a língua semítica, o aramaico. Mais tarde ele relatou que os ensinamentos de Jesus carregavam uma nova e surpreendente filosofia nunca explorada pelos grandes filósofos. 

Foi por causa desta sabedoria que concedi-lhe a liberdade irrestrita de agir e dirigir-se ao povo, pois estaria ao meu alcance prendê-lo ou exilá-lo para Pontus. O Nazareno não era sedicioso nem rebelde e assim estendi-lhe a minha proteção. Em outra ocasião, Jesus indignou-se com as esmolas dos ricos e orgulhosos, dizendo-lhes que a migalha dos pobres era mais preciosa aos olhos do seu Deus. Esta liberdade ilimitada irritou os judeus, mas não o pobre, e sim os ricos, os escribas do Templo e os fariseus.

As queixas dos anciãos do Templo contra a pretensa insolência do Nazareno eram constantemente reportadas aos oficiais do Pretório. Fui informado pelo meu secretário que Jesus poderia sofrer algum tipo de retaliação vinda da parte dos anciãos, porque não seria a primeira vez que apedrejariam um dos seus, caso fosse considerado como um profeta pela população. Assim, nobre Tibério, peço que considere o meu apelo para o envio de novas centúrias que, se aprovado no Senado, fornecerá um reforço no contingente da segurança pública em Jerusalém.

Poncio-Pilatos

Enviei um memorando a Jesus solicitando uma entrevista no Pretório, e finalmente ele veio. Você sabe que em minhas veias corre uma mistura de sangue romano e espanhol, pois sou incapaz de sentir medo mas sinto-me emocionalmente fraco. Quando Jesus entrou na Basílica meus pés pareciam presos por uma mão de ferro no pavimento de mármore, e tremi em cada membro como um réu culpado. Ele parou, e por um sinal pareceu dizer-me: Estou aqui! Por algum tempo contemplei este ser extraordinário, o tipo de homem desconhecido dos nossos pintores que deram forma aos deuses e heróis. Não havia nada em seu caráter que fosse rejeitável, mas fiquei impressionado ao aproximar-me dele. Jesus, disse eu, e na hora minha língua falhou. Jesus de Nazaré, repeti com voz firme:

Nos últimos três anos tenho lhe concedido ampla liberdade de expressão sem me arrepender. Suas palavras são as de um sábio, e não sei se você leu Sócrates ou Platão, mas sei que não há nada desabonador nos seus ensinamentos, nada além do que uma inteligência única e a simplicidade majestosa que te elevam muito acima desses filósofos.

O Imperador foi informado dos fatos, e sou seu representante humilde nesta província. Estou contente por ter permitido a liberdade da qual você digno. No entanto, não devo esconder que seus discursos despertaram potentes e inveterados inimigos. E isto não é surpreendente, pois Sócrates teve inimigos e caiu vítima do ódio. Os escribas e anciãos do Templo estão duplamente indignados contra vós, por causa dos seus discursos, que são graves, mas também contra mim por causa da liberdade que lhe proporcionei.

Eles me acusam de estar coligado a você com o objetivo de privar os hebreus do pequeno poder civil que Roma os legou. O meu pedido, não digo a minha vontade, é que no futuro você seja mais prudente e moderado em seus discursos, mais atencioso com eles, para que não desperte o orgulho dos seus inimigos, senão eles sublevarão contra ti a população estúpida e me obrigarão a empregar todos os instrumentos do direito de justiça.

Jesus-Cristo

Então, Jesus respondeu calmamente:

Príncipe da Terra, suas palavras não procedem da verdadeira sabedoria. Diga à torrente que pare no meio do desfiladeiro da montanha pois ela poderá arrancar as árvores do vale, mas ela irá responder-lhe que obedece às leis da natureza e do Criador. E só Deus sabe para onde fluirão as águas da torrente. Em verdade vos digo, que antes que vejamos flores na Planície de Saron, o sangue dos justos será derramado.

Seu sangue não será derramado!, disse eu com profunda emoção. Você é mais precioso por causa da sua sabedoria do que todos os fariseus turbulentos e orgulhosos que abusam da liberdade que lhes foi concedida pelos romanos. Eles conspiram contra César, incitando os ignorantes de que ele é um tirano que procura a sua ruína, desgraçados insolentes! Eles não estão cientes de que o lobo do Tibre (Roma) às vezes veste-se com a pele das ovelhas para realizar seus desígnios. Vou protegê-lo contra eles! Meu Pretório será seu asilo sagrado, dia e noite.

Jesus descuidadamente sacudiu a cabeça e disse com um grave e divino sorriso: Quando os dias terminarem não haverá asilos para o Filho do Homem, nem na Terra e nem debaixo da terra. O asilo dos justos está lá, apontando para os Céus. O que está escrito nos livros dos profetas deve ser realizado. Respondi suavemente: Ó homem novo, você vai obrigar-me a converter meu pedido em uma ordem, pois a segurança da província foi-me confidenciada e assim o exige. Você deve observar a moderação em seus discursos pois sabe as consequências. Agora Jesus, foi uma felicidade poder atendê-lo.

Respondeu Jesus: Príncipe da Terra, não vim para trazer a guerra ao mundo, mas a paz, o amor e a caridade. Eu nasci no mesmo dia em que Augusto trouxe a paz ao mundo romano. As perseguições não procedem de mim e espero que os outros encontrem a paz e o amor ao próximo em obediência à vontade do meu Pai, que me mostrou este caminho. Restrinja, portanto, sua prudência mundana. Não está em seu poder prender a vítima ao pé da tenda da expiação. Assim dizendo, Jesus desapareceu como uma sombra brilhante por trás da cortina da Basílica, para meu grande alívio, pois sentia um pesado fardo sobre mim, do qual não pudera me aliviar durante a sua presença.

Traidores-de-Jesus

Herodes e os inimigos de Jesus já começavam a perpetrar sua sede de vingança contra o Nazareno. Se Herodes pudesse seguir suas próprias convicções, teria condenado Jesus imediatamente à morte mas, orgulhoso da sua dignidade real, hesitou em cometer um ato que poderia diminuir sua influência no Senado de Roma e, principalmente, porque tinha respeito e muito medo do poder sobrenatural de Jesus de Nazaré. Herodes veio ao Pretório e depois de alguma conversa insignificante perguntou qual era a minha opinião sobre o Nazareno.

Disse que Jesus é um daqueles grandes filósofos que as nações por vezes produzem, e que suas doutrinas não eram ofensivas. Confirmei minha intenção de deixá-lo em paz para que a liberdade de expressão fosse justificada pelas suas sóbrias ações. Herodes sorriu maliciosamente, e saudando-me com um respeito irônico, partiu. A grande festa dos judeus estava próxima e sua intenção era aproveitar a exultação popular que se manifestava nas solenidades da Páscoa. A cidade estava em grande agitação e a população tumultuada já clamava pela morte de Jesus.

crowd-condemning-Jesus

Fui informado que o tesouro do Templo foi utilizado para comprar a vontade do povo, para que se voltassem contra Jesus. O perigo era eminente e a situação estava fora de controle, os centuriões já estavam sofrendo insultos. Novamente enviei uma mensagem ao governador da Síria solicitando uma centúria da infantaria e três da cavalaria, mas novamente recusou-se a ajudar. Eu me vi sozinho, cercado por um punhado de soldados veteranos no meio de uma cidade rebelde e, sem efetivos para suprimir o levante, tive que aceitar a situação imposta.

A ralé sediciosa já condenara Jesus e não tinha nada a temer do governo romano. A turba seguia os líderes vociferando em contínua sedição: Crucifiquem Jesus! Crucifica-o! Duas facções poderosas conspiravam contra o Nazareno, os herodianos e os saduceus, cuja conduta sediciosa procedera de duplas motivações: o ódio a Jesus e a imposição do jugo romano. Eles nunca me perdoaram por ter entrado em Jerusalém portando a efigie do imperador. Outra acusação que impregnava o meio era que teria me apropriado dos tesouros do Templo para financiar um aqueduto.

Os fariseus eram inimigos declarados de Jesus, mas para estes o governo não importava. Tímidos e covardes demais para agir por conta própria, abraçaram as reivindicações dos herodianos e saduceus. Além destas três partes revoltosas, tive que combater uma população imprudente e analfabeta, pronta para participar de qualquer sedição e lucrar com a desordem ou confusão reinantes. E tudo começou quando enviei uma guarnição ao Monte da Oliveiras para prender Jesus a pedido do sumo sacerdote Caifás que, antecipadamente, o condenara a morte.

Caiaphas

Mas o covarde Caifás, em um ato de discrepante submissão, exigiu que eu confirmasse a condenação e garantisse a execução. Respondi que Jesus era galileu e o caso estava sob a jurisdição de Herodes, e aconselhei-o a procurá-lo. Mas o astuto, com fingida humildade, confirmou sua deferência ao enviado de César e colocou o destino do homem-justo nas minhas mãos. Logo meu palácio assumiu o aspecto de uma fortaleza sitiada e a cada momento aumentava o número de descontentes. Jerusalém foi envolta por multidões oriundas das montanhas de Nazaré e mais além. Parecia que toda a Judeia estava se deslocando para a cidade!

Minha mulher Cláudia Prócula, nascida na Galileia, atirou-se aos meus pés, chorando e pedindo: Não te envolvas neste caso porque sofri hoje em sonhos. Cuidado, não toque neste homem porque ele é santo. Eu o vi em uma visão onde estava andando sobre as águas e voando nas asas do vento. Ele falou com a tempestade e os peixes lhe eram obedientes. Vi na torrente do Monte Kedron fluxos de sangue, e as estátuas de César sendo preenchidas com argila.  Vi o sol velado em luto como uma vestal no túmulo. Ah! Pilatos, o mal te espera. Se não queres ouvir os votos da tua mulher, teme a maldição do Senado romano e as carrancas de César.

Enquanto isto, a escadaria de pedra do Pretório parecia gemer sob o peso da multidão. Jesus foi trazido à minha presença, mas continuei caminhando para os salões da ala da justiça seguido pela minha guarda pessoal. Indaguei à multidão em um tom grave: O que vocês querem! A morte do Nazareno foi a resposta. Por qual crime, perguntei: Blasfemou, profetizou a ruína do Templo, e proclama ser o Filho de Deus, o Messias, Rei dos Judeus, vociferaram as vozes ensandecidas. Disse eu: A justiça romana não pune tais crimes com morte, mesmo assim urravam os fariseus implacáveis: Crucifica-o! Crucifica-o!. Os vociferações da turba enfurecida 'sacudiam o palácio na bases'.

Jesus-e-Pilatos

Havia apenas uma pessoa que mantinha a calma no meio da multidão, Jesus de Nazaré. Depois de muitas tentativas infrutíferas para protegê-lo da fúria dos perseguidores alucinados, adotei uma medida que, no momento, pareceu-me ser a única que poderia salvar sua vida. Conforme o costume judaico o povo poderia escolher entre dois prisioneiros, quem seria executado ou libertado. Assim, ofereci à morte o criminoso Barrabás para ser o bode expiatório como assim chamavam! Mas a multidão vociferava que Jesus deveria ser crucificado.

Então discursei sobre a inconsistência do curso da condenação e como era incompatível com as leis judaicas, demonstrando que nenhum juiz condenaria um réu que não respeitasse o período de jejum por um dia inteiro, e que a sentença deveria ter a aprovação do Sinédrio, a assembleia judaica de anciãos, com a assinatura do presidente deste tribunal. Demonstrei que nenhum réu poderia ser executado no mesmo dia em que fosse sentenciado, e que no dia da execução o Sinédrio era obrigado a rever todo o processo.

Confirmei que de acordo com a lei judaica uma testemunha precisaria apregoar o nome do réu e qual o seu crime, e apresentar os nomes de três testemunhas da acusação, também se alguém estaria disposto a testemunhar a favor do réu. Além disso, remarquei o direito do prisioneiro que, a caminho da execução, poderia retornar três vezes para pleitear quaisquer novas provas que auxiliassem o seu caso. Informei que todos estes fundamentos estavam escritos na lei judaica, esperando que os escribas pudessem cumpri-los em sujeição, mas o povo ainda uivava: Crucifica-o! Crucifica-o!.

Jesus-Cristo

Então ordenei que Jesus fosse açoitado, esperando que o fato saciaria a sede de sangue da população implacável, numa tentativa de aplacar a ira da turba enraivecida. Mas isso só serviu para aumentar a fúria desmedida. Sem mais expedientes, pedi uma bacia d'água e, simbolicamente, lavei as mãos na presença da multidão clamorosa, atestando meu juízo de que Jesus de Nazaré era inocente e que não merecia ser condenado à crucificação. Foi em vão, pois extinguir a vida de Jesus é que esses miseráveis tinham sede, e não de justiça.

Durante as comoções civis do Império nada poderia ser comparado ao que testemunhei na ocasião, o ódio furioso de uma multidão ensandecida. Parecia, verdadeiramente, que todos os espectros das regiões infernais estavam reunidos em Jerusalém neste momento: A multidão não caminhava, mas aglomerava-se e girava como um vórtice, rolando em ondas vivas a partir dos portais do Pretório até ao Monte Sião, uivando, vociferando, lamuriando, como algo que nunca se viu ou ouviu nas sedições de Pannonia ou nos tumultos do Fórum.

Pouco a pouco o dia escureceu, como no crepúsculo de inverno durante a morte do grande Júlio César, nos idos de março. Eu estava encostado entre as colunatas da Basílica, contemplando exausto a escuridão sombria que envolvia estes demônios do tártaro, que se arrastavam e empurravam para assistir a execução do inocente Nazareno. Tudo ao meu redor ficou deserto. Jerusalém tinha vomitado sua luz pelos portais que levavam à Gehenna, o inferno judeu. Um ar de desolação e tristeza me envolveu.

Jesus-crucifixion-crowd

Minha guarda pessoal tinham aderido à cavalaria. Um centurião, numa última exibição de poder, açoitava a multidão tentando manter a ordem. Fui deixado sozinho, e meu coração alquebrado advertiu que aquele momento pertencia mais à saga dos deuses do que à história da humanidade. Um clamor alto foi ouvido, indescritível, proveniente do Gólgota, como se mil vozes lamentassem um sofrimento. Estes sons espalharam-se como um vento, e prenunciavam uma intensa agonia sobrenatural nunca sentida pelos ouvidos dos mortais.

Nuvens escuras cobriram o pináculo do Templo, e Jerusalém imergiu num espesso véu. Tão terríveis eram os sinais nos Céus e na Terra que Dionísio, o Areopagita, assim exclamou: O Autor da natureza está sofrendo ou o Universo está caindo aos pedaços! Enquanto os prodígios se manifestavam, a multidão ensandecida uivava e contorcia-se em resposta ao seu crime indescritível. Terríveis terremotos sacudiram o baixo Egito, a península do Sinai e toda a Judeia, trazendo terror e medo para os supersticiosos judeus, os verdadeiros assassinos que seriam afligidos por toda a eternidade.

Baltasar, um hebreu idoso de Antioquia e amigo íntimo de Jesus foi encontrado morto pela dor do sofrimento. Perto da primeira hora da noite coloquei um manto e caminhei para dentro da cidade em direção aos portões do Gólgota. O sacrifício já estava consumado. A multidão voltava, ainda agitada, é verdade, mas sombria, taciturna e desesperada. Aos que tinham testemunhado, acometia-os o terror e o remorso. Vi os judeus murmurando palavras estranhas, feitiços, que não entendia. Pessoas relatavam milagres, e outras paravam, imóveis, olhando para trás em direção ao Monte Calvário, na expectativa de presenciar algum novo prodígio.

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Voltei ao Pretório, triste e pensativo. Ao subir as escadas marcadas pelo sangue de Jesus percebi um homem idoso numa postura suplicante, e logo atrás várias pessoas em lágrimas. Ele segurou meus pés e chorou amargamente. É doloroso ver um homem de idade chorar e, com meu coração sobrecarregado pela dor, e embora fossemos estranhos, choramos juntos. Mas as lágrimas foram superficiais naquele dia, pois nos muitos que eu observara dentre a multidão, testemunhei uma repulsa extrema de sentimentos. Aqueles que traíram Jesus não choravam, saíram de mansinho como cães covardes para lavar seus dentes com vinagre.

Eu sabia que Jesus pregara sobre a Ressurreição, e tenho certeza de que alguma coisa profunda manifestara-se entre aqueles que o apoiaram. Voltei-me ao ancião que chorava e, depois controlar meus sentimentos, perguntei: Pai, quem é você e qual o seu pedido? Ele respondeu: Sou José de Arimateia e vim pedir de joelhos a permissão para enterrar Jesus Cristo. Disse eu: Sua oração é concedida. Pedi que Manlius levasse alguns soldados para supervisionar o enterro e cuidar para que não fosse profanado. Mas no domingo o sepulcro foi encontrado vazio!

Jesus-in-sepulchre

Os discípulos de Jesus proclamaram que Jesus Cristo ressuscitara dos mortos como Ele havia predito, e o fato criou mais comoção do que a Crucificação. Quanto à sua veracidade não posso afirmar com certeza, mas depois de uma investigação sobre o ocorrido, repasso a vós, meu nobre soberano, todos os fatos para que possas examinar e dizer se estou em falta, como o covarde do Herodes afirmou. Digo com certeza que José e os seguidores de Jesus ajudaram a encerrar o Nazareno na Sua mortalha, e que meus soldados testemunharam o ato do fechamento do túmulo.

Agora, se os discípulos que contemplavam Sua ressurreição calcularam outra coisa não posso confirmar. No dia seguinte, isto é, no sábado, um escriba adentrou bruscamente no Pretório exigindo minha presença, afirmando que os anciãos do Templo estavam apreensivos porque os discípulos tinham a intenção de roubar o corpo de Jesus e escondê-lo, para depois parecer que Ele havia ressuscitado dos mortos, um fato que seus discípulos estavam completamente convencidos. Ignorei as acusações do ancião conspirador e expulsei-o do Pretório, pois estava cansado dos problemas por eles criados.

JESUS-RESURRECTION

Anteriormente a este episódio, já havia ordenado que meu capitão Malcus enviasse uma guarnição para montar guarda ao redor do sepulcro de Jesus, antecipando que os escribas e anciãos poderiam culpar os romanos por qualquer acontecimento diferente. Quando a notícia sobre o sepulcro vazio surgiu senti uma comoção mais profunda do que nunca. Malcus relatou que tinha situado seu oficial Ben Isham e seus soldados em torno do sepulcro. Ele me reportou que Isham e sua guarnição estavam muito alarmados com o fato ocorrido. Ordenei que Isham reportasse pessoalmente as circunstâncias do ocorrido, e eis sua declaração:

Por volta do início da quarta vigília vimos uma luz suave e bonita sobre o sepulcro. Num primeiro momento, pensamos que as mulheres tinham entrado para embalsamar o corpo de Jesus, como era costume, mas não podiamos entender como elas não foram vistas pela guarda. Enquanto avivava estes pensamentos com meus companheiros todo o local iluminou-se para cima, e parecia que multidões de pessoas em suas mortalhas pairavam além do ar. Tudo estava girando e sentimo-nos em pleno êxtase, até ouvimos uma música maviosa e o ar parecia estar cheio de vozes.

Ben Isham reportou que neste momento os soldados quedaram-se de fraqueza, não conseguindo ficar em pé. Ele disse que a terra parecia flutuar debaixo dele e que seus sentidos o deixaram, de forma que não sabia onde estava. Então perguntei-lhe em que condição ele voltou a si. Ele relatou-me que estava deitado com o rosto para baixo. Perguntei-lhe se não poderia estar enganado quanto à luz que irradiou e se não era o dia despontando no oriente. Ele disse que no início assim pensou, mas que estava extremamente escuro e muito cedo para o amanhecer. Perguntei-lhe se as tonturas não poderiam ser o efeito do despertar e levantar de repente. Ele disse que a guarnição não tinha dormido durante a noite porque a punição por dormir em serviço era o exílio.

Jesus-is-risen

Ele assegurou que só os soldados da guarda periférica dormiram, um de cada vez, mas que nenhum estava dormindo naquele momento. Perguntei-lhe quanto tempo a cena durou, e respondeu que não sabia, mas intuiu que durara uma hora. Relatou que no ápice do acontecimento tudo estava escondido sob uma luz mais clara do que o dia. Perguntei-lhe se ele foi ver o sepulcro depois de ter voltado a si. Ben Isham disse que não, porque estava com medo, e que tão logo o alívio veio todos voltaram para suas tendas. Perguntei-lhe se os sacerdotes hebreus os questionaram, e relatou-me que os tinham arguido. Afirmou que os sacerdotes queriam que ele mentisse sobre um terremoto, que teria sido a causa dos efeitos que sentiram. Relatou que os escribas ofereceram moedas de ouro para que dissesse que os discípulos roubaram o corpo de Jesus.

Finalmente acrescentou que não viu os discípulos naquele dia e que só soube que o corpo do Nazareno tinha desaparecido até os anciãos hebreus o indagaram. Perguntei-lhe qual era sua opinião particular sobre os sacerdotes que tentaram suborná-lo. Ben Isham disse que eles achavam que Jesus não era um homem real, não era um ser humano, e que não era filho de Maria, aquele que foi dito ter nascido da virgem em Belém. Disseram que Ele estava na Terra desde os tempos imemoriais, junto com Abraão e Ló, em muitas épocas e lugares distantes.

Assim, meu nobre soberano, parece-me que a teoria é verdadeira e que as conclusões estão corretas, pois estão de acordo com a vida do Nazareno. Foi testemunhado por amigos e inimigos que os elementos em suas mãos eram como o barro nas mãos de um oleiro. Ele podia converter água em vinho, transformar a morte em vida e a doença em saúde. Ele podia acalmar os mares e as tempestades. Agora eu digo, se Ele fez todas estas coisas e muito mais, como é possível que os judeus que a tudo testemunharam puderam voltar-se contra Ele?

Digo que Jesus não foi acusado de infrações ou de violar qualquer lei. Desde que os fatos são conhecidos por milhares de pessoas, amigos e inimigos, posso repetir as palavras proferidas por Manlius diante da Cruz: Verdadeiramente, Este era o Filho de Deus. Agora, César, nobre soberano, isso é o mais perto dos acontecimentos que posso chegar, e tive o cuidado de construir um depoimento muito completo, de modo que você possa julgar minha conduta diante das dificuldades desta matéria e dos episódios únicos ocorridos nesta fração do Império. Com a promessa de fidelidade e bons desejos para o meu nobre Tiberius Caesar Augustus, despeço-me como seu servo mais obediente. Pontius Pilatus.

JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU