04 agosto 2012

THEOLOGIAE ET SCIENTIAE



teologia-ciencia

O objetivo da ciência é o conhecimento sistemático do universo físico. Este objetivo, de conhecer para dominar ou controlar a natureza, está muito ligado à teologia. Nesta, o objetivo é o conhecimento direto de Deus, um conhecimento que transforma a maneira como o homem vive sua vida no mundo.

Quando ocorre uma experiência que nos comove profundamente, e que percebemos ter relação com a existência, forçosamente refletimos sobre ela, daí surge a teologia, que é o esforço para compreender o significado da experiência e sua implicação em face da Religião.

Essa compreensão é que nos traz a experiência religiosa de pertencer àquilo de que pensávamos que éramos apenas parte. Quando o intelecto trabalha com a experiência religiosa, surge a teologia.

A teologia reflete sobre as experiências mais relevantes para o ser humano, as experiências internas. A ciência reflete sobre as experiências externas, a filosofia da ciência já está refletindo sobre experiências internas, particularmente a partir da mecânica quântica.

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Como tais reflexões se referiam a aspectos diferentes, tradicionalmente ciência e religião estavam em choque, fato que tende a cessar, pois, hoje, ambas se inspiram mutuamente.

Ambas são caminhos que levam a um maior entendimento da realidade, apresentam grandes diferenças e grandes semelhanças. Baseiam-se na experiência e num certo tipo de observação sistemática e, mesmo havendo grandes diferenças nas maneiras como cientistas e teólogos observam, são reflexões teóricas sobre a experiência.

A religiosidade de uma pessoa influencia inevitavelmente sua posição na vida de relações, e é expressão de sua teologia particular, pessoal, de sua reflexão individual sobre a experiência que teve de Deus. Toda e qualquer coisa que se afirme em ciência será sempre descrição aproximada e limitada da realidade.

Do mesmo modo na teologia, que é a fé em busca de convencimento, não se pode abranger o significado total do mistério. Hoje, entende-se a revelação como um processo histórico sempre em andamento, no qual a natureza e o propósito de Deus são revelados para "aqueles que o buscam".

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Quando tenho uma experiência religiosa, estou explorando, conhecendo Deus. A ação não é minha, é ação de Deus que se revela à minha compreensão. Fé é esse tipo de auto-entrega a Deus que se revela e me revela meu verdadeiro eu, que é Ele.

Esta é a seqüência: Experiência, revelação, resposta, fé, e, após, vem a reflexão sobre o experimentado, que resulta em entendimento necessário para relembrar aquela experiência com a verdade, e para poder comunicá-la aos demais.

O ascetismo é uma prática sistemática cujo objetivo é nos prepararmos para a experiência religiosa. Deus está se revelando a nós incessantemente na realidade do dia-a-dia, mas só o percebemos se nos tornarmos receptivos ao fato.

Esse é o objetivo do ascetismo, que procura o desenvolvimento da sensibilidade, o aguçamento dos sentidos, confiança, entrega, gratidão, persistência, atenção. Não se apegar às coisas, faze-las tão bem quanto se puder, mas sem se preocupar com os resultados, estar atento a tudo no momento presente.

Uma das razões, pelas quais temos de dar atenção a tudo, é que estamos por demais mergulhados nas coisas do dia-a-dia, às quais não podemos prestar a devida atenção. Estamos tão empanturrados de alimentos que, de fato, não conseguimos comer um pedaço de pão com sentimento de gratidão.

Nós temos coisas demais. Desse modo, para nos tornarmos atentos, temos de jejuar e depois comer um pedaço de pão e nele focalizar, de maneira efetiva, nossa atenção.


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Jesus nos trouxe as implicações da percepção do Reino de Deus, isto é, o poder salvador de Deus na história.

O poder salvador de Deus é experimentado na experiência religiosa, a experiência de pertencer sem limites, que vivenciamos em nossos momentos, e nos liberta da insanidade em que vivemos.

A mensagem de Jesus nos diz que podemos nos sentir salvos, que fomos aceitos e abençoados pela graça de Deus. A salvação é uma ação de Deus sobre o homem, e caberá a este o seu merecimento.



3 comentários:

Tania disse...

Este artigo é uma reflexão muito necessária nos dias atuais...
A conduta dos que buscam a Deus é de recolhimento, são interiores, e se aplicam à oração, conforme o exemplo da Virgem Maria, cuja glória está no interior e que, durante a vida inteira tanto amou o retiro e a oração. Se aparecem às vezes fora, no mundo; fazem-no porém, em obediência à Vontade de Deus e de sua querida Mãe, para cumprir os deveres de estado.
O homem atual não encontra Deus pois vive rodeado de barulhos e agitação desnecessária. Vive no ativismo.

Luiz disse...

Pode-se definir o homem como aquele que procura a verdade plena.Se o homem possui uma demanda congênita de luz para sua mente,não pode deixar de ter em si uma faculdade intelectiva,apta a captar essa luz da Verdade.

É impossível que uma busca tão arraigada na natureza humana,seja frustada e vã.A própria capacidade de procurar a Verdade e fazer perguntas implica já em uma primeira resposta,o homem não começaria a procurar uma coisa que considerasse absolutamente inatingível.

A separação entre fé e razão empobreceu tanto uma como outra.A sede de Sabedoria é o porto seguro para quantos procuram por ela,e nesse sentido fé e ciencia caminham de mãos juntas para satisfazer toda a ânsia do ser humano.

Anônimo disse...

Um dos pensamentos mais idiotas e contraditórios que existe hj em dia é aquele que procura, de forma RACIONAL, tentar demonstrar a irracionalidade do mundo....

Se o mundo tem ordem e racionalidade, o tem porque Alguém pensou assim. A ordem e a racionalidade pressupõem uma inteligência ordenadora.