Sem sofrer! Também desejamos um Cristianismo que não requer sofrimento. Mas Jesus disse a seus discípulos: "O que não toma sua cruz e segue por trás de Mim, não é digno de Mim. O que acha sua vida, a perderá, e o que perde sua vida por causa de Mim, a achará". Apesar destas palavras do Senhor, muitos não querem falar hoje da cruz. Na Igreja primitiva, os crentes ouviram outra mensagem. Ser Cristão os envolveria em sofrimento!
São típicas as seguintes palavras de Lactâncio: "O que escolhe viver bem na eternidade, viverá em desconforto aqui. Será oprimido por muitos problemas enquanto viva no mundo, para que no fim receba a consolação Divina e Celestial. Da outra maneira, o que escolhe viver bem aqui, sofrerá na eternidade".
Estamos tão afastados da mensagem da Igreja primitiva que nem sequer entendemos o que significa sofrer por Cristo. Na verdade, não entendemos o que significa sofrer por ser Cristãos. Cremos que quando suportamos as tribulações comuns, que qualquer pessoa pode passar, isso é sofrer por Cristo. Claro, há maneiras de levar nossa cruz mais do que só suportar a perseguição e morte.
Jesus tinha feito um contraste parecido entre o caminho que conduz à Vida, e o caminho largo e espaçoso que conduz à destruição. Inácio, bispo de Antioquia e um colega do apóstolo João, foi preso por seu depoimento Cristão. Enquanto viajava rumo a Roma para seu juízo e martírio, escreveu cartas de ânimo e exortação às várias congregações Cristãs.
A uma congregação escreveu: "Portanto, é necessário não só que um seja chamado Cristão, senão que seja em verdade um Cristão. Se não está disposto a morrer da mesma maneira em que morreu Cristo, a vida de Cristo não está nele".
Para outra escreveu: "Que tragam o fogo e a cruz. Que tragam as feras. Que rompam e se desloquem meus ossos e que cortem os membros de meu corpo. Que mutilem meu corpo inteiro. Em verdade, que tragam todas as torturas diabólicas de satanás, que permitem só que alcance a Jesus Cristo. Quero morrer por Jesus Cristo mais do que reinar sobre os fins do mundo inteiro".
Poucos dias depois de escrever estas palavras Inácio foi levado para a arena de Roma, onde as feras o despedaçaram. Mas a maioria dos crentes não precisava de nenhuma advertência sobre o que pudessem ter que sofrer. Eles mesmos tinham visto o exemplo de milhares de Cristãos que preferiam suportar o sofrimento e a morte do que negar a Cristo, o que chegou a ser um dos métodos mais poderosos do evangelismo Cristão.
Clemente comentou que, para alguns Cristãos, a cruz pode representar suportar o cônjuge incrédulo, obedecer a pais incrédulos ou sofrer como um escravo sob um amo pagão. Ainda que tais situações pudessem trazer muito sofrimento, tanto emocional como físico, não são nada em comparação ao que se preparou para suportar a tortura e a morte por Cristo.
Ainda que os primeiros Cristãos suportassem casamentos difíceis com incrédulos, milhares de Cristãos hoje se divorciam de seus cônjuges crentes sem pensar, só porque têm algumas falhas. Tais pessoas preferem desobedecer a Cristo antes de suportar um sofrimento temporário.
Que respostas darão tais pessoas no dia do juízo final quando se encontrarem ante mulheres e homens Cristãos dos primeiros séculos, que puderam suportar que se lhes arrancassem os olhos com ferros incandescentes, os braços do corpo ou que os degolassem vivos. Porque aqueles primeiros Cristãos tinham poder para suportar semelhantes torturas terríveis, e a nós falta o poder para aguentar sequer um casamento difícil. Talvez seja porque não aceitamos nossa responsabilidade de levar a cruz.
Os primeiros Cristãos aceitaram a mensagem de sofrer por Cristo porque seus olhos estavam postos na eternidade. Não pensavam em sofrer o resto de sua vida e sim em sofrer não mais de uns sessenta anos, e o resto das suas vidas passariam na eternidade, com Jesus! Comparadas com semelhante futuro, suas tribulações pareciam insignificantes aos seus olhos.
0 comentários:
Postar um comentário