14 dezembro 2012

NÃO SOMOS DESTE MUNDO - WE ARE NOT OF THIS WORLD

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Não só o Reino de Cristo não é do mundo como seus cidadãos também não são. Um pouco antes de ser preso Jesus orou por seus seguidores:

Dei-lhes a Palavra, meu Pai, e o mundo os odiou porque não pertencem a ele, assim como eu também não pertenço. Não peço que os tire do mundo mas que livre-os do mal. Eles não são do mundo como eu não sou. Santifica-os na Verdade, pois a Tua palavra é a Verdade. Assim como Tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo.

Portanto, se queremos ser seguidores de Jesus Cristo temos que "não pertencer a este deste mundo". Mas isto quer dizer que devemos nos retirar para o cume de alguma montanha inacessível ou a um refúgio no deserto? De jeito nenhum!

Jesus disse que Ele nos enviou ao mundo e não para longe do mundo. Mas se fomos enviados ao mundo, como evitamos pertencer a ele? São João explica: 

Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele, porque tudo o que há no mundo — a concupiscência da carne, dos olhos, e a soberba da vida — não é do Pai, pois pertence ao mundo. O mundo e sua concupiscência passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

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Portanto, "não ser do mundo" significa que vivemos no mundo mas estamos mortos para todas as suas atrações — somos simplesmente peregrinos que passam pelo mundo e não o convertemos em nosso lar.

Como João nos disse, não faz sentido falar do quanto amamos a Jesus enquanto estamos amando o mundo. Não ganhamos nada por pregarmos adesivos de Jesus em nossos veículos e cruzes nas casas, se amamos o mundo. Porque se amamos o mundo não amamos Jesus!

Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer um que quiser ser amigo do mundo constitui-se um inimigo de Deus, disse São Tiago.

Por esta razão, nem Jesus nem seus discípulos falaram de "nações cristãs". Na realidade o termo é um paradoxo: é como dizer silêncio estridente! A palavra Cristão sempre deve se aplicar a pessoas que não são deste mundo. Por outro lado, a palavra nação sempre deve referir-se a algo deste mundo.

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Por todo o Novo Testamento Deus dá a Seu povo instruções sobre como eles devem agir nos diversos âmbitos da autoridade. Ele dá instruções aos maridos e às mulheres, aos senhores e servos, pais e filhos, aos pastores e membros do rebanho que pastoreiam.

No entanto, quando se trata dos governos terrestres é muito diferente, pois o Novo Testamento só contém instruções para os súditos Cristãos e nunca para os governantes cristãos. Se Jesus considerasse a necessidade de governantes cristãos, porque não deu nenhuma instrução a eles?

Quando a Igreja encontrava-se próxima ao tempo dos apóstolos, os primeiros Cristãos realmente viviam neste mundo como estrangeiros. Eles viviam segundo os valores do Reino de Deus, o qual os fazia notavelmente diferentes do mundo ao redor.

Sua atenção estava em Jesus Cristo e seu Reino, e os assuntos públicos deste mundo não tinham a menor importância para eles. Taciano, um Cristão que viveu no Oriente Médio, escreveu sobre o cristianismo primitivo no ano 160 d.C. Ele proclamou:

Não desejo ser rei e não almejo ser rico. Rejeito toda posição militar e detesto a fornicação. Não sou levado por um amor insaciável aos lucros ou viajar pelo mar. Não compito por uma coroa e estou livre da sede excessiva pela fama. Desprezo a morte. Morrei para o mundo e repudiem a loucura que há nele. Vivei para Deus!

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Clemente de Alexandria foi um instrutor Cristão da Igreja primitiva em Alexandria, no Egito. Seus escritos datam do ano 195 d.C. e expressam a indiferença dos primeiros Cristãos à política, patriotismo e aos acontecimentos deste mundo. Ele resumiu o sentimento dos primeiros Cristãos quando escreveu: Não temos pátria nenhuma na Terra e, portanto, podemos desdenhar das posses terrestres.

Tertuliano, um Cristão ativo entre 195 e 212 d.C., foi um escritor enérgico que pertencia à Igreja primitiva em Cartago, norte da África. Juntamente com seus irmãos, os primeiros Cristãos daquela época, ele testemunhou que não tinham nenhum interesse nos assuntos políticos ao seu redor. Tertuliano escreveu:

Todo zelo na busca de glória e honra está morto entre nós, de modo que nada nos compele a participar das vossas reuniões públicas. Além do mais, não há outra coisa mais totalmente alheia a nós do que os assuntos do Estado.

Reconhecemos um único Estado que engloba tudo, o mundo. Renunciamos a todos os vossos espetáculos, pois entre nós, Cristãos, nunca se diz, se vê ou se escuta nada que tenha algo em comum com a loucura do circo, a desonestidade do teatro, as atrocidades da arena ou o exercício inútil da luta livre.

Por que vos ofendeis conosco se diferimos de vós no tocante aos seus prazeres? Quanto a nós, somos estrangeiros neste mundo e cidadãos do Reino de Deus. Nossa cidade está nos Céus!.

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Orígenes foi um dos homens mais brilhantes do seu tempo. Durante várias décadas serviu como mestre na Igreja primitiva de Alexandria. Posteriormente, mudou-se para Cesareia onde foi ordenado como ancião e presbítero.

Um dos trabalhos mais valiosos que está no registro histórico foi a resposta de Orígenes a Celso, um pagão crítico do Cristianismo primitivo:

Celso também insiste que devemos ocupar um cargo no governo do país se for necessário para a observância das leis e o apoio da religião. No entanto, reconhecemos em cada Estado a existência de outra organização nacional que não foi fundada pela Palavra de Deus.

Exortamos aqueles que são poderosos na palavra e que têm uma vida irrepreensível que governem as Igrejas. Não é com o propósito de evadir os deveres públicos que os Cristãos recusam seus cargos. Antes, é para que possam reservar-se a um serviço divino e necessário para a Igreja de Deus: a salvação dos homens. 


Cipriano serviu como Bispo de Cartago no ano 250 d.C. Ele deixou uma compilação volumosa de correspondência com Cristãos primitivos e Igrejas primitivas, a qual nos dá uma ideia significativa das crenças dos primeiros Cristãos deste tempo histórico.

Confirmando o que seus irmãos Cristãos escreveram, Cipriano respondeu: Todos os dias devemos lembrar que renunciamos ao mundo e que estamos vivendo aqui como visitantes e forasteiros.

Por não pertencer a este mundo, o Reino de Deus costuma entrar em conflito com os reinos deste mundo. Tal como Pedro e os apóstolos, os primeiros Cristãos negaram-se a violar qualquer Ensinamento de Jesus, inclusive quando o imperador César exigia.

Orígenes escreveu: E se a lei da natureza, ou seja, a lei de Deus, manda que se faça o que se opõe à lei escrita? Até a própria lógica nos diz que nos despeçamos do código escrito e que nos entreguemos ao nosso Legislador, Deus. A realidade é esta, mesmo que para cumpri-la seja necessário enfrentarmos os perigos, as inumeráveis provas, e até a morte ou a desonra.

Lactâncio acrescentou: Quando os homens nos mandam agir contra a lei de Deus e contra a justiça, nenhuma ameaça ou castigo que nos sobrevenha deve dissuadir-nos. Porquanto, preferimos os Mandamentos de Deus aos mandamentos do homem.

Desta forma, podemos dizer que a não-resistência e a separação do mundo foram práticas frequentes entre os primeiros Cristãos e fiéis que perpetuaram o Cristianismo primitivo até a conversão de Roma para esta religião.


JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU




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