Os atributos pessoais, ou hipostáticos da Santíssima Trindade são designados assim: "O Pai é não-gerado, o Filho é gerado pré-eternamente e o Espírito Santo procede do Pai".
Apesar de termos sido ensinados que existe uma distinção entre geração e progressão, no que consiste essa distinção, e o que é a geração do Filho e a processão do Espírito Santo do Pai, isso nós não sabemos.
Nenhum tipo de cálculo lógico a respeito do que geração e processão significam é capaz de revelar o mistério interior da Vida Divina. Concepções arbitrárias podem até mesmo conduzir a distorções do ensinamento Cristão.
As expressões que o Filho é "gerado pelo Pai" e que o Espírito "procede do Pai", são simples e precisas transmissões das palavras das Sagradas Escrituras. Do Filho é dito que ele é "O unigênito do Pai".
Da mesma forma, o Senhor disse: "Tu és meu Filho, hoje eu te gerei". O dogma da processão do Espírito Santo repousa sobre a direta e precisa expressão de Jesus: "Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade que procede do Pai, ele testificará de mim".
Na base das expressões citadas acima, as do Filho são usualmente ditas no verbo passado, isto é que Ele é "gerado" e as do Espírito Santo no presente, isto é que Ele "procede." No entanto, essas validações de forma gramatical não indicam qualquer relação com o tempo de maneira alguma. Ambas "geração" e "processão" são "desde toda eternidade," "fora do tempo."
O dogma da geração do Filho pelo Pai e a processão do Espírito Santo do Pai mostram as místicas relações interiores das pessoas em Deus e a vida de Deus Nele mesmo.
Deve-se claramente distinguir essas relações pré-eternas e fora do tempo nas manifestações da Santíssima Trindade no mundo criado, das atividades e manifestações da providência de Deus no mundo, ou seja, a criação do mundo, a vinda do Filho de Deus para a Terra, Sua Encarnação e o envio do Espírito Santo.
Essas manifestações e atividades providenciais foram realizadas no tempo. No tempo histórico, o Filho de Deus nasceu da Virgem Maria pela vinda do Espírito Santo: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua graça para que o Santo, que de ti há de nascer, seja chamado de Filho de Deus".
No tempo histórico, o Espírito Santo desceu sobre Jesus Cristo no tempo do Seu Batismo por João, e o Espírito Santo foi enviado, aparecendo na forma de línguas de fogo.
O Filho veio para a Terra através do Espírito Santo. Apesar de o significado das palavras "geração" e "processão" estar além de nós, isso não diminui a importância dessas concepções a respeito de Deus no ensinamento Cristão. Elas indicam a totalidade de Divindade da Segunda e Terceira Pessoas.
A existência do Filho e do Espírito é colocada em oposição a qualquer tipo de criatura, a qualquer coisa que foi criada, e se foi chamada pela vontade de Deus só pode ser divina e eterna.
Assim, a palavra de Deus diz do Filho que veio para a Terra:"O Filho unigênito, que está no seio do Pai", e a respeito do Espírito Santo: "Que eu vos hei de enviar e que procede do Pai". Aquele que é gerado é sempre da mesma essência que o que gera. Mas o que é criado e feito é de outra e inferior essência, e é externo em relação ao Criador.
Existem igualmente muitos testemunhos a respeito do fato de que a Igreja, desde os primeiros dias de sua existência, fez os batismos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, como Três Pessoas Divinas, e acusou os heréticos que tentaram batizar em nome somente do Pai, considerando o Filho e o Espírito Santo como poderes inferiores, ou em nome do Pai e do Filho, ou mesmo do Filho sozinho, minimizando assim o Espírito Santo.
A respeito da completude da divindade da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, não houve heresias na história que a tivessem negado ou diminuído. No entanto, nós encontramos afastamentos do ensinamento Cristão autêntico a respeito de Deus Pai.
Assim, na antiguidade sob a influência dos Gnósticos, e mais recentemente sob a influência da assim chamada filosofia do idealismo na primeira metade do século 19, com Schelling, surgiu um ensinamento que considerava Deus como o Absoluto, Deus desligado de tudo que seja limitado, finito e, em decorrência, não tendo contato com o mundo e requerendo um intermediário.
O conceito do Absoluto foi ligado ao nome de Deus Pai e o conceito de intermediário ao nome do Filho de Deus. Essa conceituação está em total desarmonia com o entendimento Cristão e com o ensinamento da palavra de Deus.
A palavra de Deus nos ensina que Ele está perto do mundo, que Deus é amor e que Deus Pai amou tanto o mundo que deu o Seu Filho Unigênito para que todos que acreditem Nele tenham a vida eterna. A Deus Pai, juntamente com o Filho e o Espírito Santo, pertencem a criação do mundo e a providência incessante sobre ele.
Quando a mente do homem é dirigida para a compreensão da vida de Deus em Si próprio, seu pensamento se perde na impotência e só pode se dar conta da incomensurável e inatingível grandeza de Deus, e a interminável e insondável diferença entre a criatura e Deus.
Mas quando a mesma mente do homem volta-se para o conhecimento de Deus no mundo, para atividades de Deus no mundo, ela vê em todas as coisas e em todos os lugares o poder, a mente, a bondade e a misericórdia de Deus: "As Suas coisas invisíveis desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder como a Sua Divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas".
Mais além, voltando-se para sua própria alma, olhando fundo dentro de si mesmo, concentrando-se no grau de seu próprio crescimento espiritual, o homem torna-se capaz de entender o que é inexplicável em palavras, a proximidade de Deus à sua criação e especialmente sua proximidade ao homem.
Mais ainda, diante dos olhos espirituais de um Cristão lá está um segredo, o ilimitado, brilhante e insuperável amor de Deus por cada um de nós, ao enviar Seu Filho para a nossa redenção.
THE END
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