06 maio 2021

A EXISTÊNCIA DO MAL - THE EXISTENCE OF EVIL

EXISTÊNCIA-DO-MAL

O Antigo Testamento, a Torá dos judeus, retrata a história de como lúcifer se instalou no mundo e fez com que os primeiros homens se afastassem de Deus. Ele descreve como a sinagoga de satanás foi estabelecida na Terra e está ativa desde então. O resultado foi a ampliação da violência e do mal, quando a impiedade consagrou-se como o princípio social da humanidade.

Buscar soluções ou tentar responder sobre o problema da aparente contradição entre nosso Deus amoroso e o mal é denominado teodiceia. Porém, as questões e conclusões sobre o tema que existem há séculos, carregam uma série de conflitos não resolvidos.

Uma abordagem prática para entender o problema do mal é definir sua natureza. O mal pode ser um tipo de parasita do bem ou a ausência de alguma coisa, por exemplo: um buraco no tecido não é material, mas sim algo que está faltando, e não uma coisa em si.

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Da mesma forma, o mal poderia ser um espaço vazio, uma lacuna não preenchida ou uma ausência. O mal requer o bem para existir porque é um parasita, e nesta perspectiva, o mal seria um estado de privação, a falta do amor de Deus e a ausência desta 'substância' inerente ao ser humano.

Esta seria uma alternativa razoável às questões e conflitos sobre a temática. Se o mal não é físico, ninguém pode ser o autor do mal, e uma vez que Deus é o autor do bem, o amor universal, o responsável pelas escolhas morais e sociais que resultam na maldade que causa infortúnios é o livre-arbítrio do ser humano.

No entanto, seria um erro ignorar a natureza metafísica da luta entre o bem e o mal, assim com a intervenção dos poderes do Senhor Jesus para afastar o mal absoluto que, na forma de agentes desencadeadores, interage há séculos com as populações para modificar sua compaixão.

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Efetivamente, o Livro do Apocalipse, escrito pelo profeta João na ilha de Patmos, no mar Egeu, revelou o enigma das diferentes denominações e a simbologia que define o mal, e de certa forma desmascarou seu objetivo sinistro. O mal continua ativo, mas devido à sua falta da onisciência e onipresença, não consegue afetar o ser humano.

O efeito do mal incide na alma humana, mas é impossível tentarmos personificar o mal. Jesus Cristo ensinou que o pecado é a servidão do mal, mas não mencionou nenhum ser supranormal ou demoníaco nesta alusão ao pecado.

O mal exerce apenas uma influência moral que é medida pelo acolhimento do indivíduo à sua instigação. As pessoas que realizam seus desejos sombrios em prol da maldade, o fazem livremente, e somente neste sentido e nesta medida que o mal pode nos atingir.

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Uma afirmação que merece a nossa atenção é a declaração que consagra Deus como o 'Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis', ou seja: o ser humano e a sua alma imortal. Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, confirmou que Jesus Cristo exerce Seu domínio sobre os seres do Céu e da Terra! 

Os teólogos afirmam que lúcifer nunca foi um anjo caído e muito menos uma criatura de Deus. Eles concluiram que este ser mitológico emanou de um caos das trevas, não possuindo de fato nenhum responsável pela sua existência. Ele seria um tipo de excrecência que emergiu de alguma substância exogenética derivada de um mal mais abrangente.

Esta pode ser uma dedução razoável, uma vez que Deus, o Princípio absoluto, a Realidade transcendente responsável pelo Universo e as Leis que regulam seu equilíbrio, a Fonte do Bem e de todas as excelências morais, não criaria um ser abjeto e mesquinho que não serve para nada, como os 'lúciferes' que vagueiam nas profundezas das trevas.

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A verdade é que a única realidade demoníaca atestada é aquela que identificamos como 'mistério do mal', um enigma espiritual esotérico que cerceia a vida cristã desde o passado remoto. Não sabemos mais do que os apóstolos por qual motivo Deus permitiria a presença do mal, nem como este poderia servir aos Seus desígnios.

A teodiceia de Irineu, um teólogo do 2º século cujas idéias foram adotadas pelo cristianismo oriental, afirmava que o mal e o sofrimento são necessários para o crescimento espiritual da humanidade, e que Deus permitiu o mal na Terra por este razão. Mas, este conceito apresenta falhas.

A maldade não parece promover o crescimento espiritual e pode ser positivamente destrutiva para a alma humana. Se fosse verdade que Deus permitiu que o mal se espalhasse visando este fim duvidoso, então o mal só deveria incidir sobre os humanos espiritualmente sem esperanças.

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Mas este não parece ser o caso, já que existem pessoas que mantém espíritos degradados mas desfrutam das benesses que os isolam dos males da vida, enquanto que muitos  cristãos piedosos vivem na penúria e bem 'familiarizados' com os males do sofrimento diário!

O caráter do ser humano é desenvolvido através das condições amorosas e construtivas que nutrem a sua alma imortal, e este fato esclarece a razão por que Deus nunca permitiria que o mal ou o sofrimento do ser humano fosse usado como uma 'estratégia' para o crescimento espiritual.

Isto seria um ato cruel e o sofrimento constante levaria à desumanização! Um sofredor não cresce espiritualmente,  e pode transformar-se num ser vingativo ou mau. Não há nenhuma evidência real de que o sofrimento melhore o caráter humano ou que Deus tenha participado deste fato!

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Diante do nosso salto quântico de macacos a homens, será que aprendemos a exercer nosso poder com benevolência ou ele ainda é usado para criar um futuro distópico? Este problema do mal adquire um significado sombrio quando qualquer decisão imprudente resulta na morte de milhões de pessoas.

A obsessão de Hollywood pelos filmes pós-apocalípticos é uma indicação de que o sentido da urgência por detrás da escolha do mal é monumental, enquanto que a temática da destruição do mundo agiganta-se na consciência coletiva.

Nenhuma quantidade de inovação tecnológica ou científica permitirá que a humanidade vença seus temores se não conseguirmos chegar a um acordo definitivo sobre o mal. Estas questões, geralmente tratadas no contexto teológico, são relevantes e urgentes para a sociedade em geral.

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O que é o mal? Esta pergunta pode ser mais antiga do que a busca da
 fonte de todas as coisas por Tales de Mileto! Os teólogos podem responder que é um desvio herdado do pecado original, e os antropólogos que a ideia do mal deriva de uma cultura mística e sombria.

Os sociólogos, por sua vez, podem indagar se a própria questão é regressiva, visto que remonta à época da caça às 'bruxas das letras escarlates'. Os filósofos, nem querem saber dos atos particulares do mal, mas talvez gostariam de entender o que queremos dizer quando mencionamos o termo 'mal'.

Uma maneira filosófica de pensar sobre o mal seria avaliá-lo na medida do sofrimento humano. Existem sofrimentos que surgem metafisicamente ou naturalmente, também compartilhamos os sofrimentos causados pelas nossas próprias escolhas, e lidamos com os males morais que são culpáveis e evitáveis, mas criam danos desproporcionais.

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Se pensarmos no mal apenas como um tormento, basta acabar com o sofrimento que o mal será eliminado. Mas o sofrimento resulta da tentativa de superar as desarmonias da vida, pois quando fixamos nossa atenção apenas no que podemos controlar, paramos de sofrer na hora.

As pessoas poderiam rejeitar este raciocínio que se baseia em premissas prováveis, possíveis ou contingentes, mas muitos se perguntariam ao longo dessas linhas, quando as coisas ruins tornam-se realidade, como Deus deixou tudo isto acontecer? Mas não é Sua culpa, são os fatos da vida!

Mesmo se pudéssemos conviver e habitar num mundo sem sofrimentos e amarguras, ainda assim o mal existiria. Nós somos seres sencientes, experimentadores, amorosos e aventureiros, e no sentido pragmático, nunca poderíamos viver em um mundo sem sofrer um pouco, e muito menos sem a presença libertadora de Deus!





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