Deus afirmou: "Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança. E criou Deus o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea os criou".
No que consiste a imagem de Deus em nós? Alguns vêem Sua imagem na razão, outros no livre arbítrio e ainda outros na imortalidade. Se juntarmos essas idéias, obtemos uma concepção completa da imagem de Deus no homem.
Antes de tudo, a imagem de Deus deve ser vista só na alma, não no corpo. De acordo com Sua natureza, Deus é o mais puro Espírito, sem qualquer tipo de corpo e não participante de qualquer tipo de materialidade. Assim, a imagem de Deus só pode se referir à alma imaterial.
O homem carrega a imagem de Deus nas mais elevadas qualidades da alma, especialmente na sua imortalidade e no seu livre arbítrio, na sua razão e na capacidade de um amor puro sem pretensão de ganho. Em resumo, pode-se dizer que todas as qualidades e capacidades boas e nobres da alma são uma expressão da imagem de Deus no homem.
O homem, veio das mãos do Criador sem falhas também no corpo. Seu corpo, tão notável em sua organização, sem duvida não recebeu nenhum erro ou defeito interno ou externo do Criador. O corpo humano possuía atributos que eram puros e não corrompidos.
Ele não tinha em si a menor desordem, e estava apto a ser livre de doenças e sofrimentos. Na verdade, doenças e sofrimentos são apresentados no Gênesis como consequências da queda de nossos primeiros ancestrais e como castigo para o pecado.
Adicionalmente, o Gênesis dá uma indicação mística da Árvore da Vida, cujo fruto estava acessível aos primeiros ancestrais antes da sua queda no pecado, fruto esse que os preservaria da morte física. A morte não era uma necessidade para o homem: "Deus criou o homem nem completamente mortal nem completamente imortal, mas capaz de ser ou um ou outro".
Mas não importa quão perfeito eram os poderes do homem, pois sendo uma criatura limitada ele requeria mesmo assim um constante reforço na Fonte de toda Vida, de Deus, assim como fazem todos os seres criados.
Meios apropriados para o reforço do homem no caminho do bem eram necessários. Assim um meio elementar foi o comando para não comer do fruto da árvore do conhecimento, do bem e do mal. Esse foi um comando de obediência.
Obediência livre é o caminho para o avanço moral. Onde existe obediência voluntária existe o caminho para a auto-estima, respeito e confiança para aqueles que estão acima de nós, e continência.
A obediência age beneficamente sobre a mente, humilhando o orgulho, sobre os sentimentos, limitando o amor-próprio e sobre a vontade, dirigindo a liberdade do homem para o bem. A Graça de Deus coopera e reforça o homem nesse caminho. Esse era o caminho que estava diante das primeiras pessoas, nossos primeiros ancestrais.
Compreensivelmente, a condição original das primeiras pessoas era de uma infantilidade e simplicidade espiritual, somadas à pureza moral. Mas essa condição continha a oportunidade de um desenvolvimento rápido, harmonioso e crescimento de todos os poderes do homem, dirigido para uma semelhança com Deus e a mais íntima união com Ele.
A mente do homem era pura, brilhante e sadia. Mas ao mesmo tempo era uma mente limitada e não testada pela experiência da vida, como foi revelado na hora da queda no pecado. A mente do homem ainda tinha que ser desenvolvida e aperfeiçoada.
Não importa o quanto a humanidade viole seu propósito no mundo, quanto ela caia ou que a massa humana conduzida por seus lideres malignos esteja inclinada a renunciar aos comandos de Deus como vemos no tempo presente.
A história da humanidade ainda assim culminará no objetivo estabelecido para ela pela Providência de Deus. O triunfo da justiça de Deus, em seguida ao qual haverá o Reino de Glória quando "Deus será tudo em todos".
Em geral é difícil se não impossível para o homem contemporâneo imaginar a verdadeira condição no Paraíso, uma condição que punha junto pureza moral, claridade da mente, a perfeição da primeira natureza criada, a proximidade de Deus, acrescidos de uma infantilidade espiritual geral.
Deve ser notado que as tradições de todos os povos antigos falam precisamente de tal condição, que os poetas chamam de "idade de ouro" da humanidade. São tradições nos povos chineses, indígenas, persas, gregos e muitos outros.
Mesmo as grandes mentes da antiguidade pagã, como Sócrates, Platão e Cícero, expressaram a certeza de que os povos antigos eram mais puros do que os homens que vieram depois, que as mais antigas tradições religiosas e suas concepções eram mais perfeitas que as concepções posteriores. Os primeiros homens estavam mais perto de Deus, e o conheceram como seu Criador e Pai.
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