Deus em Sua essência é incompreensível e habita na luz inacessível, a qual nenhum homem viu nem pode ver. Nós não explicamos Deus e confessamos não ter um conhecimento exato a respeito Dele. No entanto, até certo ponto nós identificamos Deus, pois Ele revelou-se para a humanidade na forma humana do Seu Filho Jesus Cristo.
Mas devemos fazer a distinção entre a compreensão de Deus, o que essencialmente é impossível, e o conhecimento sobre Ele pois, ainda que seja incompleto, um pouco nos foi revelado através do conhecimento das Leis Universais, das maravilhas naturais e de nós mesmos, já que espelhamos o ato da criação primordial.
Os segredos de Deus desde a criação do mundo, o Seu eterno Ser e a Sua Divindade, entendemos claramente através das coisas que nos foram criadas. Desta forma, o que é invisível Nele torna-se visível através da observação da Criação como um todo, pois o Universo e a Terra são o reino do pensamento Divino materializado.
Deus revelou-se através da encarnação do Seu Filho unigênito, que O fez conhecido por nós ao ensinar os conhecimentos do Seu Pai. Jesus Cristo ensinou: "Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar".
Até a queda do Império Romano do Ocidente, os hebreus heréticos introduziam a ideia de que Deus seria totalmente incompreensível e inacessível ao entendimento humano. Eles construíram suas afirmações sobre a suposição de que Deus seria constituido por uma essência simples, sem conteúdo interior ou qualidades.
Assim, começaram a criar denominações e atributos que julgavam ser pertinentes a Deus: Theos, 'Aquele que vê'; Jeová, 'Aquele que é', ou indicar alguma característica singular, como: 'A sua não-origem', etc. Isto é, de uma maneira acintosa e ofensiva os edomitas-talmúdicos dispuseram-se a inventar termos fictícios a respeito de Deus. Outros heréticos, como os marcionitas, também afirmaram que Deus é completamente desconhecido e inacessível à nossa compreensão.
Os gnósticos também raciocinavam desta forma, como Valentino, o teólogo gnóstico do período do cristianismo primitivo, e os anomoenses no IV século. O gnosticismo era um movimento religioso, de caráter sincrético e esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era à margem do Cristianismo institucionalizado, combinando misticismo e especulação filosófica.
Entretanto, para os cristãos existem diferentes níveis de intelectualização (discurso lógico) visando o conhecimento de Deus, o que é útil e necessário para nós. Se a essência de Deus fosse incompreensível, não falaríamos a respeito Dele! Se eu não consigo beber um rio inteiro, posso tomar a água com moderação para meu benefício.
Se meus olhos não podem enxergar tudo o que o sol ilumina, posso contemplar aquilo que é possível e necessário para continuar vivendo. Quando vou a um grande pomar e não consigo comer todas as frutas, não vou embora do pomar completamente faminto.
Se desejas falar sobre Deus renuncie a teu próprio corpo, a teus sentidos corporais e abandone a Terra. Faça com que o ar esteja abaixo de ti e passe sobre as estações do ano; coloca-te acima do éter e atravesse as estrelas - seu esplendor, grandeza e benefícios que elas fornecem, sua boa ordem, brilho, movimento e o vínculo entre elas.
Tendo passado através de tudo isso em tua mente, vá para o Céu. Postando-se acima Dele só com o teu pensamento, e observe as majestades que lá estão - os Chefes Arcanjos, a Glória dos Domínios, a Presidência dos Tronos, os Poderes, Principados e Autoridades.
Se quiser falar com Deus, eleve a tua mente acima dos limites dela e apresente-se à essência de Deus; imutável, simples, complexa, indivisível, poder inexplicável, magnitude infinita, glória resplandecente, infindável bondade, beleza incomensurável que golpeia poderosamente nossa alma mas que não pode ser validamente descrita em palavras.
Tal exaltação de espírito é demandada a alguém que quer falar com Deus. No entanto, nessa condição, os pensamentos humanos são capazes somente de permanecer nos atributos da Divindade e não na verdadeira essência da Divindade. Assim, pode-se falar somente dos atributos de Deus, mas não da Sua verdadeira essência.
A existência de Deus é atemporal, pois o tempo é somente uma forma para seres limitados e mutáveis. Para Deus não há passado nem futuro, só há o presente.
A Santidade consiste não só na ausência da malignidade ou pecado, mas na presença de valores espirituais mais elevados, juntos com a pureza em relação ao pecado. Santidade é como a luz, e a Santidade de Deus é como a mais pura das luzes. Ele é a fonte da Santidade para anjos e homens.
Os homens podem atingir a Santidade somente em Deus, não por natureza, mas por participação, por luta e oração. A Santidade e a Justiça de Deus estão intimamente ligadas. Deus chama cada um para a vida eterna Nele, no Seu Reino, e isso significa em Sua Santidade.
No Reino de Deus nada impuro pode entrar. O Senhor nos limpa por intermédio das provações, assim como por Seus atos providenciais, pois nós devemos passar pelo julgamento da justiça. Este julgamento para nós é terrível, por causa da nossa consciência dos valores cristãos, morais e espirituais. Como poderemos entrar no Reino da Santidade e Luz se nos sentirmos impuros, sem nenhuma semente de Santidade!
Deus oferece ao ser humano tantas coisas boas que cada um pode receber estas dádivas de acordo com a sua natureza e condição, que corresponde estar em harmonia geral com o Universo. Mas só para o homem é que Deus revela uma bondade particular.
Ele nos ama mais do que um pai, uma mãe, um amigo ou qualquer outro que nos possa amar. Ama-nos mais do que nós podemos amar a nós mesmos, porque Ele está preocupado mais com a nossa Salvação do que com a Sua própria Glória. Um testemunho disso é que Ele enviou ao mundo Seu Filho Único, Jesus Cristo, para sofrer e morrer somente para nos revelar o caminho da Salvação e da Vida Eterna.
Se o ser humano não entende o poder completo da bondade de Deus, isso ocorre porque concentra seus pensamentos e desejos demasiadamente no seu bem-estar terreno. A Providência de Deus costuma dar-nos coisas terrenas e temporais junto com o chamado para adquirirmos as 'coisas boas eternas' para a nossa alma.
Por conseguinte, nós acreditamos em um só Deus, um princípio sem começo, incriado, indestrutível e imortal, eterno, ilimitado, incircunscritível, irrestrito, infinito em poder, incorporal, imutável, desapaixonado, constante, invisível, fonte de bondade e justiça, luz intelectual e inacessível. O Poder que não está sujeito a qualquer medida, mas que é medido somente por Sua própria Vontade, pois Ele faz todas as coisas que O agradam.
1 comentários:
Nunca tinha lido algo tão belo como isso, obrigada.
Postar um comentário