O Papa João Paulo II, Karol Józef Wojtyła, nasceu em 18 de maio de 1920 em Wadowice, um município da Polônia, e faleceu em 02 de abril de 2005 na Cidade do Vaticano. O Bispo de Roma e chefe da Igreja Católica Romana, foi o primeiro Papa não italiano em 455 anos e o único de um país eslavo. Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história.
O pai de Wojtyla, Karol senior, era tenente do exército polonês. Sua mãe, Emilia Kaczorowska, morreu quando ele tinha apenas oito anos; e seu irmão Edmund, que se tornara médico, morreu menos de quatro anos depois. Wojtyła era um jovem extrovertido, embora sempre com um lado sério. Ele se destacou nos estudos e na literatura dramática, jogou futebol (soccer) e, sob a orientação do seu pai, viveu uma vida disciplinada de observância religiosa rotineira.
Depois de se formar no ensino médio, Wojtyła mudou-se com seu pai para Cracóvia, onde estudou na Universidade Jagiellonian; a mais antiga da Polônia e da Europa. Seus estudos terminaram abruptamente quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia em 1º de setembro de 1939. Nos meses que se seguiram, os líderes culturais e políticos, incluindo professores e padres, foram mortos ou deportados para campos de concentração pelos nazistas, que consideravam os eslavos como uma raça inferior.
Em fevereiro de 1941, retornando do trabalho, Wojtyła descobriu que seu pai morrera; e orou junto ao corpo o dia inteiro. No outono de 1942, ele decidiu seguir a carreira eclesiástica. Por dois anos, enquanto trabalhava na fábrica de produtos químicos, também frequentava as aulas do seminário ministradas pelo arcebispo de Cracóvia. Depois de escapar por pouco de uma blitzkrieg em 1944, Wojtyła passou o resto da guerra na função de clérigo.
Superando todas as dificuldades da época conturbada na Polônia ocupada pelos nazistas, ele estudou em segredo e foi ordenado como sacerdote em 1946, e depois tornou-se o arcebispo da Cracóvia. No dia 17 de setembro de 1939, as tropas soviéticas invadiram a Polônia e os alemães retiraram-se conforme o acordo firmado entre Adolf Hitler e Joseph Stalin. Assim, Wojtyła e milhões de compatriotas sofreram sob a ocupação da União Soviética comunista que por décadas causou desespero e a destruição da nação polonesa.
Em 1978, Karol Józef Wojtyła, o amado Filho da Polônia, tornou-se o Papa João Paulo II, e menos de um ano depois, o novo Papa iniciou uma visita de nove dias à sua pátria natal, um fato que mudaria todo o curso da História. Na sua trajetória de vida Wojtyła sempre recordou os horrores de guerra e o terror comunista, o que revelou para ele o verdadeiro significado do sacerdócio.
No dia 2 de junho de 1979, metade da população polonesa compareceu para receber o Santo Padre em Varsóvia, enquanto o resto do mundo acompanhava sua viagem inédita pela televisão ou pelo rádio. No primeiro dia da peregrinação, João Paulo II declarou: 'Não pode haver uma Europa justa sem a independência da Polônia marcada em seu mapa'. Seu chamado à liberdade foi uma fonte de grande força e esperança para milhões de perseguidos em todo o mundo.
Ao longo do seu pontificado, o Papa João Paulo II trabalhou incansavelmente para defender a liberdade e promover a dignidade humana. Ele foi o Papa que mais peregrinou pelo mundo, e como parte do seu esforço para promover um maior entendimento entre as nações e religiões, ele empreendeu inúmeras viagens ao exterior, cobrindo distâncias muito maiores do que todos os outros papas juntos percorreram. Ele estendeu sua influência para além da Igreja Católica, trabalhando contra a opressão política mundial e criticando o materialismo do Ocidente.
Na década de 1980, seu nacionalismo e a ênfase no ativismo político não violento ajudaram o movimento Solidariedade na Polônia, o que impulsionou a dissolução pacífica da União Soviética em 1991. De maneira geral, João Paulo sempre usou sua influência entre os católicos de todo o mundo para promover o reconhecimento da dignidade humana e impedir o uso da violência.
Em 13 de maio de 1981, o Papa foi baleado duas vezes no abdômen por Mehmet Ali Agca, um turco de 23 anos. Enquanto isso, um outro líder espiritual dos poloneses, o cardeal primaz Wyszyński, estava morrendo de câncer. A perspectiva de perder os dois ícones religiosos perturbou a população e afetou o pacífico movimento Solidariedade dos trabalhadores.
Embora nenhuma conspiração tenha sido comprovada, a suspeita de que os soviéticos estavam envolvidos na tentativa da assassinato para desmoralizar o movimento pacífico que derrotou o comunismo, fez muito para denegrir a opinião mundial sobre a União Soviética.
O Papa mais tarde perdoou publicamente seu suposto assassino, que havia atirado no Papa no dia 13 de maio, o Dia de Nossa Senhora de Fátima. João Paulo disse que a Virgem salvou sua vida guiando a bala para longe dos órgãos vitais! Em maio de 2000, o Vaticano anunciou que o Terceiro Segredo que Nossa Senhora passou aos filhos dos camponeses em Fátima, Portugal, no ano de 1917, foi a visão da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em 1981.
O Papa fez uma peregrinação ao Santuário de Fátima no primeiro aniversário da tentativa de assassinato, mas incrivelmente, durante a cerimônia em que João Paulo consagraria o mundo moderno ao Imaculado Coração de Maria, um falso sacerdote a serviço do arcebispo dissidente francês, Marcel Lefebvre, lançou-se contra o Papa com uma baioneta, errando por pouco seu 'alvo'.
João Paulo II foi em um sentido real, o primeiro Papa com orientação global. Sua eleição coincidiu com a chegada das comunicações audiovisuais mundiais instantâneas, e muitos dos seus esforços visavam ajustar os princípios essenciais do catolicismo para um mundo aberto e interconectado, aonde as nações e as religiões conviveriam em contato diário.
Ele também esperava fortalecer o Cristianismo em muitas culturas ao redor do mundo, canonizando mais santos e vivenciando neste novo espectro geográfico e ocupacional mais amplo; muito mais abrangente do que vivenciou qualquer um de seus predecessores.
Ao celebrarmos a vida e o legado do querido Papa São João Paulo II, que continuemos a ser inspirados e fortalecidos pelo seu grande exemplo de Amor e Fé em Deus e na humanidade.
A Igreja Católica considerou dois milagres atribuídos ao Papa João Paulo II a fim de comprovar sua santidade. Quando um milagre é comprovado o autor é beatificado e denominado de bem-aventurado; o primeiro passo até ser canonizado e declarado santo. Veremos agora os milagres atribuídos ao Papa João Paulo II:
Em meados de 2001, os médicos diagnosticaram que a freira católica Marie Simon-Pierre padecia do Mal de Parkinson, que acarreta um grande comprometimento no sistema nervoso central e dificulta as habilidades motoras básicas.
Em 2005, com o agravamento da condição da irmã Marie, sua Ordem das Carmelitas começou a orar ao recém-falecido Papa João Paulo II pedindo ajuda e misericórdia. E dois meses depois, Simon-Pierre estava curada!
Como parte da investigação de rotina, o Vaticano contratou neurologistas e médicos para comprovar e garantir que se a irmã carmelita estava realmente curada, e após dois árduos anos o teste foi concluído. A cura de Simon-Pierre foi realmente considerada um vrdadeiro milagre.
O segundo milagre que levou à canonização de João Paulo II dizia respeito à Floribeth Mora Diaz, uma mulher de 50 anos de Santiago, na Costa Rica.
Ela sofreu um aneurisma cerebral em abril de 2011, e depois de uma série de testes, incluindo uma tomografia cerebral, Floribeth sofreu uma operação que durou três horas. Logo os médicos disseram a ela que sua condição era intratável e que teria apenas um mês de vida.
Depois de receber as más notícias, Floribeth voltou para casa para sentir-se confortável no restante dos seus dias na Terra. Pensando nos quatro filhos que dependiam dela, ela manteve um forte desejo de viver e começou a orar ao Papa João Paulo II por sua intercessão.
Por coincidência, a beatificação do Papa João Paulo II estava marcada para o dia 1º de maio de 2011, e Floribeth decidiu assistir aos eventos na TV. Depois de assistir à beatificação ela adormeceu, mas foi 'acordada' pelo Papa João Paulo dizendo: 'Levanta-te! Não tenha medo!'
Para grande surpresa do marido, ela saiu da cama e disse-lhe que se sentia normal, e também o informou sobre seu encontro com o falecido pontífice.
Floribeth passou por vários exames médicos, incluindo varreduras cerebrais que deixaram seu neurologista e os médicos completamente estupefatos. Eles declararam que sua cura virtualmente instantânea era cientificamente inexplicável.
Mais tarde, uma comissão do Vaticano levou Floribeth para Roma e internou-a em um hospital a fim de elucidar o caso através de novos exames. E mesmo assim, comparando seu estado de saúde com os registros neurológicos e exames antes da cura instantânea, os médicos concluíram que a recuperação foi inexplicável pela ausência de qualquer agente natural conhecido.
Quando eu e alguns amigos nos dirigíamos à Basílica de São Pedro, mal podíamos prever o que ali se passaria. Eu pensava comigo: 'Bem, serão três ou quatro horas de fila no máximo, por isso nem vou levar comida ou bebida'. Quanta ilusão…! Quando chegamos na Praça de São Pedro, era por volta das 5:00 h. Estava ainda escuro e relativamente frio.
Muitos guardas estavam ali controlando a multidão e organizando as pessoas que ansiosamente aguardavam para dar seu último adeus a João Paulo II, este homem de Deus que o Coração Imaculado de Maria nos presenteou em nossos tempos de aflição e temores, tanto para a Igreja como para o mundo.
Chegando lá, qual não foi nossa surpresa ao ver a imensidão da fila. Recordo-me somente do guarda dizendo: 'Avanti, avanti'. A interminável fila era dividida em grupos para melhor organizar tudo. E fomos andando, andando, andando até dar uma volta imensa por entre os edifícios que rodeiam o Vaticano.
Foi quando pensei comigo: 'É, acho que não será tão rápido assim'. Mas, nós não ligávamos, pois tudo era movido pela fé e por amor e de um grande desejo de retribuir ao Papa tudo aquilo que ele tinha feito especialmente por nós, jovens, durante todo o seu longo pontificado.
Era uma beleza ver aquela multidão de pessoas caminhando, rezando e cantando. Sim, o clima de fé e amor era contagiante. Pessoas nas sacadas também participavam, acenando lenços, rezando e cantando juntos. A grande maioria dos que ali se encontravam era jovens, oriundos de todos os continentes.
Devo confessar que sentia um 'santo orgulho' de ser católico, de pertencer à Igreja de Nosso Senhor, que abriga em seu seio todas as línguas, raças, culturas, povos! Uma das notas que constituem a Igreja de Cristo é, sabemos, sua 'catolicidade', e isso pude ver bem presente ali. Nos sentíamos como em uma grande família, todos unidos pelo poder da fé, da mesma fé católica, isso é muito belo.
Passadas algumas boas horas, eu já estava com fome e sede. Eram distribuídas gratuitamente garrafas de água para a multidão. Mas e a comida? Pessoas que nunca tinha visto, vinham oferecer-me bolacha, pão, sanduíche e outras coisas para comer, tudo em um clima muito cristão, muito fraterno. 'Vede como se amam', era o que os pagãos diziam a respeito dos primeiros cristãos.
E o tempo foi passando e nós rezando, cantando e conversando também, conhecendo pessoas no meio daquela multidão, partilhando experiências. Outra coisa que muito me impressionou, foi perceber que não se viam empurrões, brigas, ou palavras de ofensa, desentendimento, o que seria até compreensível nestas circunstâncias. Tudo transcorria na paz, apesar do cansaço que acometia sempre mais a todos.
Recordo-me de uma jovem que, após 8 horas na fila, se sentou e parecia não aguentar mais. Começou a chorar e sua amiga abaixou-se e com a mão em seu ombro disse: 'É pelo Papa, vamos, ele merece'. As duas se levantaram e continuaram, uma ajudando a outra. Foi uma cena que muito me comoveu, confesso. Realmente não sei também como as pessoas de idade conseguiram percorrer todo o caminho. Havia pessoa de 60 e até 70 anos! Somente a graça de Deus mesmo ajudando.
Quando estava já na entrada da porta da Basílica, não aguentava mais, tinha que ir ao banheiro, como fazer? Pedi ao guarda para dar uma 'escapadinha'. Voltei e então entrei na Basílica. Puxa, a emoção tomava conta, não por entrar na Basílica, pois isso já o fizera tantas e tantas vezes, mas então se tratava de um momento todo especial. Em poucos minutos estaria dando último adeus ao nosso querido Papa.
Em minha mente e coração trazia meus pais, meus amigos e todas as pessoas de que me lembrava, os doentes, aqueles que pediam orações. Queria fazer uma prece por todos e pedir a Deus por intercessão desse Papa, pois tinha a certeza de que já estava no Céu intercedendo por nós. Considerava-me um privilegiado por estar ali e agradecia a Deus por isso, afinal quantos milhões não gostariam de estar em nosso lugar naquele momento.
Quando cheguei na frente do corpo, fiz minha oração. Breve, pois os guardas não nos deixavam permanecer parados; era uma questão de segundos. Depois, quem quisesse podia ficar mais afastado rezando por mais tempo. Ao final fui saindo exausto, mas com o coração alegre por este momento inesquecível que sei jamais sairá de meu coração, de minha mente.
Aí olhei no relógio e só então fui-me dar conta de que tinha passado 12 horas na fila! Eram 17:00 h quando descia as escadas da Basílica para retornar para casa. Na saída me impressionava ver aquela multidão em Roma, parecia 'sei lá o quê', não cabia mais ninguém. Era um formigueiro.
Bem, tanto que foi proibida a entrada de mais estrangeiros na cidade por motivos de segurança e ordem pública, Roma não suportava mais ninguém. E, em meio a uma sociedade cada vez mais secularizada e hostil ao Cristianismo, me vinham em mente as promessas de Cristo ao primeiro Papa, São Pedro: 'Eu te declaro, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mt. 16,18). Como não ver neste evento um sinal claro do cumprimento das promessas do Senhor?
Irmãos na fé, amigos! Espero que este testemunho possa ajudar mais jovens a sentir a alegria de ser católicos, de valorizar mais sua fé, de conhecer mais sua beleza. E também possa este testemunho ajudar todos nós a amar mais o Papa e estar unidos a ele, a seus ensinamentos, conscientes de que em torno dele formamos a Igreja de Cristo, Santa, Católica e Apostólica. Um abraço a todos e que Nossa Senhora nos guarde e abençoe!
Baseado nas memórias de Diogo Hoefel, cofundador do blog.
1 comentários:
Obrigado...Diogo. Você faz muita falta!
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