Não sabes, não ouviste que o Eterno Deus, Nosso Senhor Jesus, dá força ao cansado e multiplica os esforços daqueles que já não tem nenhum vigor. Os ainda jovens de espírito logo se cansarão e certamente cairão. Mas os sábios que se fortaleceram junto ao Senhor Deus, renovarão suas forças e voarão com asas de águias até a Eternidade.
O Cristianismo proclama que a existência é resultado da divina Providência, visto que declara a bondade do Criador que conduz as criaturas para o fim que lhes foi destinado. Mas o homem sofre por causa do mal, que é a falta ou a limitação do bem. Pode-se dizer que o ser humano sofre por causa de um bem do qual ele foi excluído porque ele mesmo se privou.
O mundo do sofrimento humano possui uma própria capacidade de se reinventar. Os homens que sofrem tornam-se semelhantes por efeito da conformidade da situação, a provação do destino partilhado, mas sobretudo por causa do questionamento contínuo sobre o sentido do sofrimento. O sofrimento contém em si mesmo um desafio à solidariedade humana.
Ao pensarmos no sofrimento, como a dor moral, amargura e a penúria, ou no seu significado coletivo, vemos que se adensa de modo particular em certos períodos da existência humana. É o que acontece, por exemplo, nos casos de calamidades naturais, das epidemias, catástrofes e cataclismos, ou nos diversos flagelos sociais; como é o caso da fome.
Pensemos por fim nas últimas duas guerras mundiais, e a Segunda Guerra foi responsável por uma matança maior do que todas as guerras da História, e pela acumulação mais penosa do sofrimento humano coletivo. Agora vivemos à sombra da ameaça nuclear, que resultará no maior sofrimento possível para os sobreviventes e na provável autodestruição da humanidade.
Deste modo, o mundo de sofrimento detém um influxo em cada homem que parece transformar-se na época atual, talvez muito mais do que em qualquer outro momento particular de sofrimento na sociedade. O mundo está se transformado pelo progresso operado pelo homem, mas está em perigo por causa dos erros deste mesmo homem.
Para descobrir o sentido profundo do sofrimento, seguindo a Palavra de Deus, é preciso considerar amplamente o elemento humano e suas múltiplas potencialidades. É preciso também acolher a luz da Revelação, não só porque ela exprime a ordem transcendente da justiça, mas porque ilumina esta ordem com o Amor, a fonte única e definitiva de tudo o que existe.
O Amor é a fonte mais sólida para responder qualquer pergunta sobre o sentido do sofrimento, e a resposta vem de Deus. Ele amou tanto o ser humano que sacrificou Seu Filho para que todos que acreditassem n'Ele teriam a bem-aventurança da Vida Eterna. Este ato de Deus expressa a própria essência da Teologia da Salvação que resultou na libertação do mal e do sofrimento humano.
O cristão só perece quando perde a Vida Eterna. A perda da Salvação de Deus não é apenas um sofrimento temporal ou qualquer outro tipo de vaticínio, mas sim o sofrimento pela perda da Sua presença e convívio, ou seja: a condenação à escuridão eterna. Jesus caminhou entre a humanidade para nos proteger do mal e do sofrimento da condenação às trevas.
Na sua missão salvífica, Jesus Cristo teve que atingir o mal nos seus fundamentos transcendentais, a partir dos quais desenvolveu-se a saga da humanidade. Suas raízes são apegadas ao pecado e à morte; a perda da Vida Eterna. Jesus Cristo venceu o pecado na Sua obediência ao Pai e venceu a morte através da Ressurreição.
A morte natural é cultuada como uma libertação dos sofrimentos da vida terrena, porém não passa despercebida ou de forma inócua, porque ela constitui a síntese definitiva e destruidora do sofrimento humano, que afeta o organismo corporal e a esfera psíquica. A morte desagrega a personalidade psicofísica do ser humano.
A alma sobrevive e subsiste separada do corpo, ao passo que o corpo é sujeito a uma decomposição progressiva evidenciada nas palavras do Senhor: Lembra-te que és pó e ao pó voltarás. Portanto, mesmo que a morte não seja um sofrimento no sentido profano do resultado, o mal que ela acarreta ao ser humano tem um carácter ignominioso e desagregador.
Com a Sua obra salvífica Jesus libertou o homem do pecado e da morte, cancelando da História humana o domínio do pecado que se enraizava desde a época do pecado original. Agora existe a possibilidade de vivermos na Graça santificante, o resultado da vitória sobre o pecado que exauriu o domínio e o poder da morte; abrindo o caminho para a Ressurreição geral.
Como consequência da obra salvífica de Jesus, o homem passou a ter mais esperança na vida e na santidade eterna. Caso a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, na Cruz e na Ressurreição, não tivesse eliminado os sofrimentos temporais da humanidade, a perspectiva apocalíptica do sofrimento de Jesus seria suficiente para cancelar o mal da da humanidade.
Na sua atividade messiânica Jesus Cristo tornou-se parte do sofrimento humano, fazendo o bem e salientando que este modo de proceder ajudava aos que sofriam e esperavam a Sua ajuda. Ele curava os doentes, consolava os aflitos, dava de comer aos famintos, libertava os homens das doenças e suas deficiências espirituais e físicas.
Jesus ressuscitou os mortos e era sensível a toda a espécie de sofrimento, tanto do corpo quanto da alma. Seus Ensinamentos e bem-aventuranças aproximavam as pessoas e ajudavam aqueles desafiados pelos sofrimentos; geralmente os pobres de espírito e os aflitos que têm fome e sede de justiça pois eram perseguidos.
Quando Jesus aproximou-se do mundo do sofrimento humano, já suportava sobre si este sofrimento. Ele sofreu com a exaustão física e a incompreensão dos que viviam perto dele, e acima de tudo foi acantoado por um círculo hermético de fariseus talmúdicos hostis que tornavam a cada dia mais manifesto seus preparativos para eliminá-lo.
Jesus foi ao encontro da Sua Paixão e Morte com plena consciência da missão que devia realizar, e Seu sofrimento permitiu que a humanidade merecesse a Vida Eterna. Foi precisamente por meio do sacrifício que Jesus atingiu as raízes do mal que se embrenhavam nas almas humanas. Sua obra, o desígnio de Deus, teve um caráter redentor para o Homem.
Que a atitude de vocês seja a mesma de Jesus, que embora fosse Deus não considerou que devia apegar-se; esvaziou-se do orgulho tornando-se semelhante aos homens da Terra. E tendo mantido a forma humana, humilhou-se e sofreu terrivelmente, mas sempre foi obediente ao Pai até a morte na Cruz.
Poucos entenderam Jesus, pois se tivessem entendido não teriam crucificado o Senhor da Glória. Todavia, como está escrito, olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que O amam. Mas Deus revelou a nós por meio do Espírito Santo, o qual sabe todas as coisas até às profundezas do Divino.
1 comentários:
Magnífico, emocionante e profundo...thanks!
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