Antes do nascimento de Jesus, plenamente narrado nos livros dos apóstolos Mateus, Marcos e Lucas, a população de Nazaré debatia e contestava a ordem contida no recente Édito de Roma; na qual o imperador Caesar Octavianus Augustus ordenava que todos os cidadãos retornassem aos seus vilarejos para o cumprimento do recenseamento do Império.
O censo demográfico que atingiu o Império Romano tinha como objetivo identificar quais eram os súditos que não pagavam impostos corretamente. Porém, distintamente das outras regiões, para a população da Galileia isto significou que famílias inteiras deveriam registrar-se na sua cidade natal e não aonde residiam atualmente, o que significava uma extensa viagem.
Naquela época existiam dois vilarejos com o nome de Belém, um no território norte e próximo da cidade de Nazaré, onde José e Maria viviam, dominado pela tribo de Zebulom, um dos filhos de Jacó; e Belém Efrata, localizado ao sul na região montanhosa, distando dez quilômetros de Jerusalém, no território dominado pela tribo de Judá, outro filho de Jacó.
Mas a obrigação de registrar-se na cidade natal complicou a vida de José, um descendente do Rei David, porque precisaria empreender uma viagem de duas semanas desde Nazaré até Belém Efrata. Existiam duas opções de itinerário: uma caminhada de 120 km pelo terreno acidentado da Samaria, ou pela via perigosa de 145 km que margeava o vale do rio Jordão, sob o risco das emboscadas dos salteadores.
A escolha foi pela rota acidentada da Samaria, e apesar das dificuldades, José e sua esposa Maria, já grávida do menino Jesus, iniciaram a longa e árdua jornada desde Nazaré em direção ao Sul, porque não havia tempo a perder. Eles enfrentaram as infindáveis colinas da Samaria até alcançar Jerusalém, para em seguida percorrer mais 15 Km por uma planície sob o Sol escaldante até Belém Efrata, a cidade onde nasceria o menino Jesus.
Foi uma árdua e exaustiva viagem, principalmente para Maria de Nazaré, também uma descendente do Rei David. Porém, tudo aconteceu exatamente como Deus previra há séculos: E de tu, Belém Efrata, sairá o Escolhido, Meu Filho, que há de reinar através das Eras, e cuja origem remonta aos tempos imemoriais; nos quais protegeu o espírito humano desde aqueles dias até a Eternidade.
Os estudiosos e arqueólogos confirmaram que a Belém da região montanhosa da Judeia é a bíblica Efrata, e o lar de Jesus durante 30 anos da Sua vida. Existe uma referência sobre Belém Efrata no Livro de Miquéias, um profeta do século VIII AC, e outra referência no Salmo 132 do povo hebreu, relatando que a Arca da Aliança estava abrigada em Efrata. A Bíblia a denominou Belém de Judá, enquanto que o Novo Testamento como a Cidade de David.
A Palestina (Filistina) antiga chamava-se Canaã, um nome alusivo a Cã, filho de Noé, e a origem do termo cananeus, um povo que dominou a região ao longo de mil anos. Em 1500 AC começava o êxodo dos hebreus para a Palestina, um povo semítico que formou as 12 tribos de Israel. Em 1000 AC, o rei David fundou a capital Jerusalém, e um século depois, os assírios aniquilaram o reino de Israel e os babilônios ocuparam o reino de Judá. Mas isto é História!
Na época do nascimento de Jesus, as edificações da maioria dos vilarejos comportavam até dois pavimentos, e normalmente o andar superior não era nada mais do que um simples mezanino, pouco elevado, onde os moradores dormiam e passavam a noite acolhidos do frio. Durante o período noturno, o andar térreo era ocupado pelos animais de criação até o amanhecer, uma precaução a mais contra os constantes roubos.
Habitualmente era no térreo que os residentes conviviam no passar dos dias, e nesta hora os animais eram transferidos para cercados de contenção ou simplesmente soltos no exterior. E sempre uma limpeza rígida era efetuada antes da presença dos moradores neste pavimento. Foi no térreo de uma estalagem com esta configuração, em Belém Efrata, que José e Maria acomodaram-se na volta à cidade natal.
Mas logo na primeira noite da estadia, eventos proféticos anunciaram a Vinda de Jesus, e a dinâmica da noite não foi normal. Enquanto a população dormia, um resplandecente cometa riscou os céus e iluminou a Terra, e nesta hora uma legião de anjos pairou sobre o vilarejo de Belém, anunciando o nascimento de Jesus: Eis que trazemos boas novas, e com grande alegria, porque nasceu o Salvador, Nosso Senhor Jesus.
Naquela noite, durante um surpreendente inverno na cidade de Belém e iluminado pela luz de um simples candeeiro, nascia o pequenino Jesus! Como era costume manter o bebê envolto em tecidos macios, Maria envolveu o menino Jesus no mais puro linho e na mais tenra lã, e deitou seu filho delicadamente numa manjedoura; o único local seguro e relativamente confortável no térreo da hospedaria.
O nascimento de Jesus foi uma cena indescritível, pois no local imperavam as realidades suprassensíveis; e tudo aconteceu como os anjos anteciparam aos sábios nas cercanias de Belém: A vinda desta criança que nortearia a conduta e proveria com exemplos quais seriam os valores morais da humanidade, e que, para salvar nossas almas, nos guiaria para o Amor do Seu Pai Eterno.
Os pastores e sábios, alguns vindo de terras muito distantes, foram guiados pelos anjos e pela gloriosa estrela de Belém, um resplandecente cometa que tornou a noite em dia, a prestar suas homenagens ao pequeno menino Jesus. Certamente este evento único, metafísico e de dimensão universal, não foi regido pelas leis comuns que regem o Universo, mas sim pelos princípios da Eternidade onde habitam os seres santos e celestiais.
Na hora exata do nascimento de Jesus o tempo cessou e deixou de existir, pois neste momento a Glória pertencia a Deus e Suas legiões de anjos e santos. A população de Belém sequer tomou conhecimento de que miríades de anjos mantinham uma vigilância nesta noite gloriosa, como também não puderam ouvir as odes celestiais entoadas pelos anjos que louvavam Jesus e guardavam Seu local de nascimento.
Poucos presenciaram a alegria de Maria acalentando Jesus e a grande satisfação de José ao perceber a transcendência e importância do seu filho, pois viria a libertar os corações e mentes dos povos através da Linguagem Universal de Deus, o Amor absoluto. José e Maria foram os únicos que interagiram com os anjos que protegiam e louvavam o pequenino Jesus!
E as profecias cumpriram-se no dia em que Nossa Senhora chamou seu filho de Yehoshua. Assim, atendendo à prática de ofertar a Deus quando nasce o primogênito na família, o que entre os ricos seriam cordeiros, peles ou tecidos de fino linho como dádiva; José ofertou somente dois pombinhos que agradaram a Deus muito mais do que uma profusão de futilidades.
Quando Jesus completou quarenta dias de idade, seus pais foram ao Templo conforme determinava a tradição e os costumes da época. Simeão de Jerusalém, o ancião que guardava o Templo e servira a Deus durante toda a sua vida, sabia que conheceria o Salvador porque Deus predisse: Simeão, você não morrerá até conhecer o Salvador e Redentor da humanidade.
Quando Jesus chegou acalentado pela mãe, Simeão reconheceu a criança como o Redentor profetizado por Deus, e achegando-se afetuosamente, tomou Jesus nos braços, afirmando: Agora Deus me deixará partir em paz, pois vi com meus próprios olhos a Salvação que Ele prometeu e nos enviou. Simeão liderou os cristãos para o refúgio na cidade de Pela antes da guerra dos hebreus contra Roma, em 66 DC, e foi crucificado sob as ordens do imperador Trajano.
Até o fim dos seus dias entre nós, Maria sempre recordou com alegria as sábias palavras do querido Simeão sobre seu filho, Jesus. As Eras passaram e as pessoas relevantes se foram, mas as profecias cumpriram-se inteiramente. Muitos conhecimentos importantes só serão desvendados quando tudo for finalmente revelado, à medida que nosso Deus receba as almas dos que foram criados na Sua Verdade Única.
Quando Jesus Cristo afirmou durante o Seu Sacrifício na Cruz: Está Consumado! Pai, em tuas mãos entrego meu espírito, Ele referia-se ao fim da Sua missão na Terra com a derrota definitiva do mal e a Salvação da humanidade através do Amor de Deus, que iluminou a escuridão que residia na alma humana. Neste momento, uma nova sociedade humanitária fundamentada nos Ensinamentos de Jesus foi instaurada, e a sabedoria refetida nos Seus atos divinos, que a todos impressionavam, repercutiram através dos séculos.
Deus enviou Seu Filho para nos resgatar através do Seu Amor, a fim de que pudéssemos alcançar a Vida Eterna. Os cristãos de todo o mundo têm uma motivação especial durante o Natal, pois sabem que todas as dádivas materiais e espirituais emanam de Deus. A festividade do Natal é, na sua essência, nosso agradecimento a Jesus por desvendar o caminho para a Felicidade Eterna através do Amor de Deus. Feliz Natal para todos!
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