O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, e os decorrentes casos de intoxicação por pesticidas e químicos resultaram numa crise galopante no país. Em 2021, segundo a 'Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental', foram registrados no Brasil mais de 17.000 casos de intoxicação e centenas de mortes relacionadas ao uso de agrotóxicos não notificadas.
Os agricultores ainda utilizam, pesadamente, inúmeros agrotóxicos proibidos há anos no mundo, e com a nova regulamentação estabelecendo o risco de morte como o único critério para determinar o nível da toxidade do agrotóxico, somada à proliferação da monocultura em larga escala e aprovação do uso de 500 novos pesticidas nas lavouras, a situação torna-se mais grave e epidêmica.
As isenções fiscais beneficiam a indústria agroquímica no Brasil em US$ 3 bilhões/ano segundo os pesquisadores, enquanto grupos de pressão das indústrias argumentam que os agrotóxicos são absolutamente necessários. Por outro lado, os defensores do meio ambiente afirmam que o povo é que sofre o impacto da contaminação enquanto as empresas obtém lucros absurdos.
Somos dominados pelas multinacionais agroquímicas: Syngenta, Bayer-Monsanto, Arysta, Corteva, Alzchem e DuPont, que mantêm o controle do setor de 'químicos industriais'. Este oligopólio formado por empresas americanas e europeias na sua maioria, lucra com a venda de produtos proibidos no mundo e nos seus próprios países há dezenas de anos!
O Roundup da Monsanto, foi classificado pela Organização Mundial da Saúde como um carcinógeno humano perigoso. Um estudo publicado no 'Environmental Health News' relatou que a exposição crônica às baixas doses do glifosato do produto levou a efeitos adversos no fígado e nos rins dos seres humanos, e que sua toxicidade é uma preocupação crescente.
O herbicida glifosato-roundup fabricado pela Monsanto está modificando os genes das crianças e causando defeitos congênitos de acordo com a exposição diária nas vítimas. Os perigos dos produtos químicos produzidos pela Monsanto e as outras multinacionais agroquímicas foram destacados em um filme de 2016, intitulado 'As Crianças Geneticamente Modificadas'.
Segundo a narrativa, os problemas começaram quando o governo da Argentina introduziu, em 1996, o cultivo das safras geneticamente modificadas (GM) para resistir ao herbicida glifosato vendido sob o codinome Roundup. Desde então, um número crescente de crianças nascem com graves defeitos congênitos além das deformidades cerebrais.
O Roundup prejudica a capacidade das plantas capturarem o carbono do ar. Este glifosato afeta negativamente o microbioma do solo e destrói sua capacidade de voltar a ser um meio nutritivo para a produção de safras futuras. A agricultura orgânica ou biológica regenerativa seria a solução para o setor agrícola sustentável, pois assegura a qualidade do solo e dos aquíferos.
O pesticida mais vendido da Syngenta, o Paraquat, é tão perigoso que apenas uma gota pode ser letal. O pesticida foi banido pela ANVISA e teve um prazo de três anos para ser retirado do mercado, mas no ano seguinte, cerca de 17.000 toneladas foram vendidas no Brasil. Dados do Ministério da Saúde revelaram que é o agrotóxico que mais tirou a vida de brasileiros nas últimas décadas!
Mas a ANVISA manteve o glifosato no mercado e reduziu a classificação toxicológica de dezenas de produtos usando o nível de toxidade como parâmetro. Todos os pesticidas extremamente tóxicos foram reclassificados como 'produto improvável de causar danos agudos'. Isto significou que o glifosato não precisava mais carregar o alerta de risco de vida na embalagem!
Um dos grupos mais vulneráveis, no que diz respeito ao uso dos defensivos agrícolas são os agricultores que ingressaram nesta dinâmica mortal por meio de dicas de conhecidos. Normalmente, eles carecem de qualquer treinamento formal e não têm acesso ao equipamento de proteção ao lidar com estes pesticidas; e não recebem assistência médica quando ocorrem acidentes.
Em muitos casos, os sintomas iniciais de intoxicação passam desapercebidos e acabam não sendo associados ao uso dos agrotóxicos. Os profissionais médicos também não são adequadamente treinados para diagnosticar envenenamento por pesticidas, especialmente nas áreas rurais remotas. E os testes de laboratório para avaliar a exposição são limitados ou inexistentes.
O exemplo definitivo de uma criança cujos genes foram alterados pelo produto químico, foi o caso do pequeno Lucas Texeira de cinco anos, filho de um fumicultor, visto que nasceu com uma doença genética incurável que deixou sua pele sem poros. A falta de poros significa que ele não consegue suar, retendo o calor do corpo e sofrendo de escamação dolorosa.
Segundo a família Texeira, acredita-se que o quadro de Lucas seja decorrente da exposição de sua mãe ao glifosato no início da gravidez. Sua mãe alegou que ninguém a informou sobre a toxicidade do herbicida, e seu pai expressou tristeza pela condição do filho somado ao medo que outras crianças pudessem sofrer o mesmo destino do seu filho Lucas.
O glifosato envenenou a Terra do Prata, ao ser utilizado pela primeira vez na Argentina em 1996, e no Brasil, com as culturas geneticamente modificadas pelo Roundup, como o tabaco plantado pela família Texeira. A decisão de suspender seu uso foi tomada na província de Misiones, no nordeste do país, baseando-se nos estudos realizados pela Monsanto, o causador do problema!
As lavouras de tabaco, entre outras, foram pulverizadas com glifosato e agroquímicos por mais de 50 anos, resultando no aumento de abortos espontâneos, defeitos congênitos e câncer. Os governos da Argentina e do Brasil subsidiaram as culturas geneticamente modificadas, pois recebem 40% em impostos das exportações da soja geneticamente modificada!
A província de Córdoba é aonde a maior parte da soja geneticamente modificada é cultivada, e onde o veneno glifosato é aplicado por cima utilizandoo meio da pulverização aérea. É também a casa, e a causa da ativista Sofia Gatica, cofundadora do grupo Mães de Ituzaingó que, na sua luta solitária, busca acabar com o uso indiscriminado dos agrotóxicos na Argentina.
A Sra. Sofia Gatica é globalmente reconhecida pelo seu trabalho na pesquisa e no rastreamento de taxas anormais de câncer nas populações, assim como das doenças renais e outras condições médicas, como o aumento de natimortos em áreas de cultivo aonde o glifosato foi aplicado, sem restrições, nas plantações geneticamente modificadas nas nações da América do Sul.
Contudo, ela própria foi uma vítiima dos males do uso de agroquímicos perigosos nas lavouras. Sua filha morreu devido à uma malformação renal, enquanto o seu filho perdeu a capacidade de andar depois de ter sido exposto a uma operação local de pulverização aérea contendo agrotóxicos mortais.
O grupo das 'Mães de Gatica' fizeram exames de sangue nos filhos e os resultados foram chocantes. Eles descobriram que três em cada quatro crianças que viviam na comunidade tinham agroquímicos presentes no sangue. Além dos pesticidas, o sangue das crianças continham elementos como cromo, chumbo e arsênico!
De acordo com seu estudo, as crianças que viviam a menos de 1 km das plantações apresentaram risco de desenvolverem leucemia. As crianças absorviam os pesticidas através dos olhos e da pele, seja por inalação ou ingestão. As doenças nas crianças, incluiam a diminuição da função cognitiva.
As doenças sistêmicas também são desencadeadas na infância pela exposição aos produtos antibacterianos, às toalhas anti-sépticas e desinfetantes. As crianças e bebês, não carregam sistemas imunitários adequadamente preparados para fornecer qualquer defesa imunológica contra qualquer ataque químico desta natureza!
No total, nossos alimentos são bombardeados atualmente por 7.000 produtos tóxicos comercializados no Brasil. A inércia governamental que desencadeou esta onda catastrófica de químicos perigosos, também foi responsável pelo desmatamento da Amazônia e a mineração extrativista que envenenou os cursos fluviais e o meio ambiente!
Agora, precisamos direcionar o Brasil para o construtivo caminho do desenvolvimento sustentável. E a agricultura orgânica demonstra que podemos migrar sem prejuízos os sistemas agrícolas tradicionais para os que promovem a biodiversidade e fornecem alimentos nutritivos e isentos de agrotóxicos. Nossas escolhas é que determinarão o futuro das crianças.
2 comentários:
Thanks, good work!
Que país é este...?
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