A regra geral da Igreja Católica é ignorar as visões e profecias não aprovadas considerando-as como tentações, parafraseando São João da Cruz, frade carmelita espanhol venerado pelos cristãos. No entanto, muitas profecias ou visões particulares de pessoas santificadas ou crentes são reconhecidas pela Igreja, de uma forma ou de outra, como dignas de crença.
O Papa João Paulo II, Karol Józef Wojtyła, nasceu em 18 de maio de 1920 em Wadowice, um município da Polônia, e faleceu em 02 de abril de 2005 na Cidade do Vaticano. O Bispo de Roma e chefe da Igreja Católica Romana, foi o primeiro Papa não italiano em 455 anos e o único de um país eslavo. Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história.
A sedia avançou, carregando o Papa Pio X. Ele usava um manto vermelho e a alta mitra dourada. Seu rosto era doce e triste, sua alma, longe de todo esse espetáculo e esplendor, parecia perdida na contemplação da distância que separa as coisas da Terra das coisas do Céu, enquanto sua mão movia-se de um lado para o outro abençoando os fiéis. Profundamente gravado no seu rosto pensativo, no qual nenhum sorriso poderia aliviá-lo, ele realmente carregava nos ombros o peso da dor do mundo. De repente, um movimento na multidão interrompeu a procissão, e o sereno rosto do Papa ergueu-se como se despertasse da sua contemplação. Ele inclinou-se para a frente, e um sorriso de doçura e bondade infinita, como um raio de sol num céu invernal, iluminou por um momento suas feições tristes, enquanto ouvia-se dois italianos murmurando: "Ó Pai, querido! Querido e velho Pai!"
Giuseppe foi o segundo filho, entre dez irmãos, de uma família rural da província de Treviso, na região do Vêneto, Itália. Ordenou-se sacerdote em 1858, aprofundando-se no estudo do direito canônico e da obra de São Tomás de Aquino. Em 10 de Novembro de 1884 foi elevado ao status de Bispo de Mântua, em seguida tornou-se Patriarca de Veneza em 1896. Foi eleito Papa em 04 de Agosto de 1903, com 55 votos dos 60 possíveis durante o Conclave. Escolheu como seu lema, Renovar todas as coisas em Jesus Cristo, sabiamente expresso na sua Encíclica "Supremi Apostolatus". O Papa Pio X destacou-se como um defensor intransigente da ortodoxia doutrinária e governou a Igreja Católica com uma mão firme, numa época na qual o laicismo era intenso e hostil à influência da Igreja. Pio X condenou as diversas tendências do modernismo como a síntese de todas as heresias!
O Papa foi realizou grandes reformas na liturgia e codificou a Doutrina da Igreja Católica, no sentido tradicional, facilitando a participação popular no Sacramento da Eucaristia. Foi um Papa pastoral, encorajando estilos de vida que refletissem os valores cristãos. Permitiu a prática da Comunhão Eucarística frequente e incentivou o acesso das crianças à Eucaristia, quando chegada a chamada idade da razão. Promoveu ainda o estudo do canto gregoriano e do catecismo. Ele foi o autor de um catecismo que, mais tarde, tornou-se conhecido como "Catecismo de São Pio X". Criou a Pontifícia Comissão Bíblica e consolidou o Código de Direito Canônico, promulgado em 1917 após a sua morte. O Santo Papa Pio X escreveu e publicou 16 encíclicas durante o exercício da sua missão na Terra.
Em 1873, Giuseppe Melchiorre Sarto era um jovem pároco de Salzano, vilarejo italiano na região do Vêneto, província de Veneza, durante a epidemia de cólera que cobrou 150.000 vidas na Itália. Nesta época, o futuro Papa foi um amparo e o porto seguro para a população, consolando os aflitos, cuidando dos enfermos e enterrando corpos, ignorando a própria segurança pois só preocupava-se pelos paroquianos sofredores. Sua compaixão por todo tipo de dor ou tristeza foi uma das suas características ao longo da vida. Não foi sem razão que recebeu a fama de "carregar o maior coração e suportar toda a dor da humanidade". A visão do sofrimento alheio o levava às lágrimas, e não havia qualquer problema do corpo ou da alma humana que não despertasse a sua empatia e compaixão.
Em 1895, Giuseppe Sarto já ocupava o cargo de Patriarca de Veneza quando, durante sua caminhada diária pelos bairros pobres da cidade, ouviu gritos penetrantes de criança, aparentemente sendo surrada pela mãe, vindos de uma casa no final de um beco. Logo, o Cardeal Giuseppe caminhou célere pela rua e tocou a campainha da casa vigorosamente, e uma janela abriu-se e apareceu o rosto de uma mulher enfurecida. "Pare de bater nessa criança de uma vez!", foi a ordem do indignado Cardeal. A mãe, branca de espanto ao ver o Patriarca na sua porta fechou a janela, confusa, mas as surras cessaram para sempre.
Qualquer fato relacionado com a tirania despertava a indignação de Pio X. Quando diversos relatos chegaram a ele, fortes demais para serem ignorados, sobre a condição das tribos indígenas no Brasil e o tratamento atroz ao qual eram submetidas, os bispos daquele país foram exortados a fazer o possível para pôr um fim ao que era nada menos do que uma escravidão cruel. Estes casos eram os tipos de tristezas que torciam o coração do Santo Homem, que só preocupava-se com os cristãos do mundo. Todas as calamidades despertavam sua atenção e os sofredores eram consolados com palavras de Fé e farta ajuda material.
Até a imprensa laica, menos favorável à Igreja e seus atos, ressaltou o interesse paternal e pessoal do Papa pelas alegrias e tristezas da sua congregação mundial de cristãos. Em 1908, seu apelo à caridade e ajuda dos católicos europeus por ocasião do terremoto da Calábria, que em momentos destruiu as cidades de Messina, Reggio e as aldeias vizinhas, soterrando milhares de pessoas, teve uma resposta magnífica. O auxílio financeiro de milhões de francos foi generosamente oferecido para suprir as necessidades imediatas dos sobreviventes e desabrigados, e no dia seguinte ao desastre, Pio X enviou especialistas para resgatar as vítimas e trazê-las para o amparo dos hospitais na cidade de Roma.
O grande número de pessoas afetadas pelo terremoto que chegava diariamente em Roma, era logo transportado para o Hospital de Santa Marta, entre outras instalações na região da grande metrópole. A compaixão cristã do Papa e sua grande iniciativa, além da magistral estratégia organizacional para lidar com o resgate, renderam uma explosão de elogios até mesmo do afamado 'sindicato anticlerical', enquanto um periódico esquerdista expressava sua admiração: "Este Papa, que diziam ter como sua política o Evangelho e como diplomacia os Ensinamentos de Jesus Cristo, inflamou a imaginação da população mundial por sua coragem apostólica, simplicidade e uma Fé obstinada".
Escreveu o Monsenhor Benson: "Talvez tenha sido seu desejo ardente de ajudar e confortar qualquer tipo de sofrimento da humanidade, unido à santidade pessoal, oração fervorosa e ao amor incondicional, que transformaram o toque da sua mão e sua bênção tão eficazes na cura dos doentes e na realização dos milagres em nome de Deus". As maravilhosas graças obtidas através das orações e o toque divino do Papa Pio X dominavam as conversas em Roma, pois várias pessoas testemunharam estes fatos inexplicáveis pelas leis naturais.
As notícias sobre os milagres do Papa espalharam-se pelo mundo, e uma jovem da Inglaterra lendo os Atos dos Apóstolos, o Livro de autoria do apóstolo Lucas, sentiu que devia encontrar o Papa pois sofria de ulcerações na cabeça e no pescoço que nunca curavam, dizendo: "Se a benção de São Pedro sobre os doentes os havia curado, a mão do seu sucessor me curaria". Assim, ela e a mãe viajaram para Roma. Durante uma audiência pública, Pio X caminhava entre os fiéis conversando aqui e ali enquanto avançava, até que acenou suavemente para uma jovem ajoelhada, e aproximando-se abençoou a menina. Neste exato momento ela sentiu que estava curada, e na volta ao albergue ela e a mãe removeram as ataduras e viram que as feridas estavam completamente cicatrizadas!
Mais notável ainda, foi o caso das freiras florentinas sofrendo de paralisia progressiva. Elas viajaram com grande dificuldade para Roma e numa audiência privada pediram que o Papa as curasse. "Por que você quer ser curada?" perguntou Pio X a uma das freiras. "Para que possamos trabalhar para a Glória de Deus", respondeu a irmã. Então, o Papa colocou a mão sobre suas cabeças e abençoou-as. "Tenham Fé, vocês estão bem e farão muito trabalho pela Glória de Deus". Neste momento elas foram restauradas à saúde! Mas Pio X pediu que elas ficassem em silêncio sobre o milagre. Na chegada, elas mal tinham forças para se arrastar, mas na volta caminhavam como mulheres saudáveis; tanto que o taxista que as esperava recusou-se a levá-las para o albergue porque não eram as 'mesmas pessoas que ele tinha transportado'.
Desta vez, numa audiência pública no Vaticano, apresentou-se um homem que carregava seu filho pequeno, paralisado desde o nascimento e incapaz de locomover-se. "Dê-o para mim" pediu Pio X, e levando a criança colocou-a sentada sobre seus joelhos, e continuou a palestrar com um grupo de peregrinos. Instantes depois, a criança escorregou do joelho do Papa e começou a brincar e correr pelo salão das audiências! Assim, podemos confirmar que o toque de um Homem Santo, seus objetos pessoais e principalmente sua interação com os enfermos, carregam um enorme potencial de cura em nome de Deus - o que foi plenamente confirmado através dos milagres de Jesus Cristo e Seus apóstolos.
Jesus confirmou literalmente que a Fé em Deus e o Seu Amor é que tornavam possíveis a realização dos Seus milagres, e o Santo Papa Pio X também afirmava: "Este é o poder das Chaves de São Pedro". Acontecimentos ainda mais maravilhosos do que as graças obtidas pelo toque pessoal do Papa, foram os milagres ocorridos a grande distância através das bênçãos e orações, além das suas visões proféticas sobre os acontecimentos que futuramente marcariam a História da humanidade.
No verão de 1911, a princesa Zita de Bourbon-Parma, noiva do arquiduque Charles da Áustria, teve uma audiência com o Papa Pio X. Charles era o segundo da linhagem sucessória ao trono imperial austríaco. Pio X felicitou a princesa por seu próximo casamento e referiu-se ao futuro marido como o herdeiro do trono. A princesa observou respeitosamente que seu marido não seria o herdeiro pois o primeiro sucessor era Franz Ferdinand. O Papa ficou sério e insistiu que Charles é que seria o sucessor! Mas ela garantiu a ele que Franz Ferdinand era saudável e certamente não abdicaria, e o Papa preocupado comentou com a voz grave: "Se é uma abdicação eu não sei".
Claramente o Papa profetizara o futuro de Franz Ferdinand e sua esposa Sophie, a duquesa de Hohenberg, que em 28 de junho de 1914 foram assassinados em Sarajevo. O assassinato do arquiduque é considerado a causa principal da Primeira Guerra Mundial, e a imediata declaração de guerra do Império Austro-Húngaro à Sérvia confirma o fato. Charles I da Áustria, o marido da princesa Zita de Bourbon-Parma, foi entronizado e reinou até 11 de novembro de 1918 como o último Imperador da Áustria. Acabou sendo deposto e foi exilado para a Ilha portuguesa da Madeira, onde morreu de insuficiência respiratória em 01 de abril de 1922.
No convento do Sagrado Coração de Jesus na Irlanda, uma serviçal da comunidade religiosa padecia de osteoartrose do quadril e não aguentava manter-se em pé. Em outubro de 1912, a madre superiora soube das curas do Papa Pio X e decidiu recorrer ao seu auxílio. Pediu que a filha de seis anos da enferma escrevesse ao Papa pedindo-lhe que abençoasse a sua mãe. Na noite de 29 de outubro, esta percebeu que a dor havia sumido, e na manhã seguinte levantou-se e caminhou até a Igreja para uma oração de graças. Só mais tarde é que soube do envio da carta ao Papa, e comentou: "Eu não entendia o que tinha acontecido, tudo o que sabia era que a dor desaparecera e eu podia andar".
Um trabalhador e sua esposa criavam um filho de dois anos que sofria de meningite meningocócica, a inflamação na membrana que envolve o cérebro. O médico já havia perdido a esperança e pediu ao pároco local que repassasse a triste notícia aos pais do menino. Então, após ouvirem o prognóstico médico, os pais lembraram do passado distante e disseram: "Vamos escrever ao Papa, pois já confessamos com ele quando éramos crianças na época em que costumava ouvir confissões durante seu bispado em Mântua". Assim, a carta foi escrita e enviada para Pio X que, respondeu e pediu que o casal orasse pelo filho. No dia seguinte a criança estava curada!
Outro caso envolveu Marie-Françoise Deperras, uma freira que sofria de câncer ósseo e curou-se durante uma novena, quando colocou uma relíquia do Santo Papa em seu peito. Outro milagre beneficiou a freira Benedetta De Maria que também sofria de câncer. Após uma novena Benedetta tocou uma imagem de Pio X e foi curada. O cardeal Ernesto Ruffini, arcebispo de Palermo, recorreu ao Papa depois que recebeu o diagnóstico médico de tuberculose. Pio X encontrou-se com Ruffini e abençoou o amigo, depois simplesmente pediu que ele voltasse para casa pois já estava curado.
Francesco Belsami, advogado de Nápoles, foi diagnosticado com um abscesso pulmonar sem remissão, foi curado ao colocar uma foto do papa Pio X em seu peito. Outro milagre envolveu a irmã Maria Ludovica Scorcia, contaminada por um grave vírus neurotóxico. Assim, depois de uma novena para obtenção da graça do Papa ela ficou curada. A remissão da doença de uma freira redentorista passando pelos estágios agudos de um câncer, serviu-se da aplicação de um material (tecido) usado pelo Papa Pio X, fato testemunhado pelo Cardeal Vives y Tuto.
Para o súbito retorno à vida da esposa de Don Rafael Merry del Mal, quando sua morte foi oficialmente declarada, foi utilizada a oração intercessória para a benção do Santo Papa Pio X. Outro caso envolveu Clem Lane, que sofrera um ataque cardíaco e permanecia na "tenda de oxigenação" esperando a morte, desde que até recebera a extrema-unção. Mas, quando uma relíquia do Papa foi colocada sobre ele sua recuperação imediata causou grande surpresa para os médicos. Uma irmã católica da Webster University no Missouri confirmou que seu irmão sacerdote foi curado através de uma oração intercessória para o Papa Pio X.
Oração intercessória é a ação de orar por outras pessoas. Jesus Cristo foi considerado o intercessor supremo, e por Sua causa todas as orações cristãs tornam-se uma intercessão pois são oferecidas a Deus por intermédio de Jesus, que aproximou-nos de Deus ao sacrificar-se pelos nossos pecados. Jesus é o mais importante mediador e intercessor da História, e por causa Dele podemos interceder através da oração em benefício das outras pessoas. O Papa Pio X, com humildade, fazia todo o possível para abafar as notícias sobre seus milagres, e respondia feliz: "Não tenho nada a ver com estes fatos, pois o responsável é o poder das Chaves de São Pedro".
O Papa Pio X mantinha um conceito preciso sobre a música sacra, pois a considerava como uma importante parte da liturgia da Missa. A essência desta reforma de São Pio X está contida no "Motu Proprio Tra le sollecitudini", qualificado pelo Papa João Paulo II como o verdadeiro código jurídico da música litúrgica. Pio X ensinou: "A música contribui para ampliar a solenidade das sagradas cerimônias e sua atribuição principal é adornar de adequadas melodias o texto litúrgico proposto à consideração dos fiéis, o seu objetivo final é acrescentar mais eficácia ao texto. Uma composição religiosa será um tanto mais sacra e litúrgica quanto mais aproximar-se da melodia gregoriana".
Pio X oportunamente estabeleceu as ligações entre o liberalismo e as doutrinas socialistas: "Alerto os cristãos para as perniciosas doutrinas e princípios subversivos do liberalismo e das suas crias: o socialismo e a anarquia. A tirania invasora do socialismo sempre conduzirá ao totalitarismo, e só defrontando estes fatos à luz das doutrinas cristãs podereis opor-vos eficazmente ao progresso do socialismo, que avançará ameaçador para destruir a sociedade já abalada. A Igreja sempre sofreu perseguições, mas desta vez as armas modificaram-se. Agora inicia-se uma nova fase da eterna guerra declarada contra Deus, mas não há nada de novo a não ser as armas empregadas: o laicismo, a expressão maior do idealismo e do racionalismo".
Ensina o Papa Pio X: "A dignidade humana mal compreendida pelos liberais e modernistas é, ao contrário do que pensam, fundada sobre a autonomia do indivíduo. Segundo os liberais, o homem só será verdadeiramente homem no dia em que tiver adquirido uma consciência esclarecida e independente capaz de dispensar seu mestre obedecendo somente a si mesmo. Porém, a dignidade dos mártires é que foi o apogeu da excelência humana, devido aos seus valores, a rigidez dos princípios morais e a resignação diante do sofrimento, que fizeram deles a antítese do que pretendem os liberais".
Mas, furtivamente, uma nuvem negra, física e ideologicamente ameaçadora avançou sobre as nações da Terra, quando o espectro do comunismo iniciou sua caminhada perniciosa e avassaladora; destruindo instituições, aniquilando populações, excluindo religiões, deturpando a moral humana e depravando as leis estabelecidas na tentativa de trocar o certo pelo errado, o belo pelo feio, amor pelo ódio e paz pela guerra. O comunismo! A ideologia genitora do caos em que vivemos nos tempos atuais. Então, a Era da Desolação teve seu início marcado pela morte de milhões e a destruição desmedida.
A revolução portuguesa em 1911 foi um enorme padecimento para Pio X, pois a Nova República era amargamente anticatólica e anticlerical. A primeira ação dos revoltosos foi dissolver as ordens religiosas e confiscar seus prédios e pertences, e isto foi feito da maneira mais brutal possível, pois as freiras foram encarceradas depois que seus conventos foram saqueados e os habitantes das aldeias vizinhas executados. Milhares morriam das privações sofridas, enquanto outros testemunhavam na carne a desumanidade dos carcereiros ensandecidos. Qualquer instrução religiosa foi proibida nas 'novas escolas do governo' e os padres foram presos. O Bispo do Porto foi expulso da sua diocese e do país!
A lei da separação entre a Igreja e o Estado abateu-se mais fortemente em Portugal do que na França comunista, pois o objetivo dos socialistas portugueses era a eliminação total do Cristianismo da sociedade portuguesa. Todos estes fatos pesaram no coração do 'Pai da Cristandade' que agora padecia pelos seus filhos sofredores e desterrados. Ele protestou contra a injustiça e os crimes perpetrados pelos comunistas na Encíclica "Jamdudum in Lusitania", de 24 de maio de 1912, na qual expôs e condenou as agressões e as medidas opressivas da nova república. Uma emocionante carta enviada para Pio X expressou a gratidão do clero português pelo protesto corajoso do Papa.
Na primavera de 1913 a saúde do Papa causava apreensão, pois uma forte gripe o enfraquecera bastante, logo seguida por uma recaída diagnosticada erroneamente como pneumonia, devido ao aparecimento sintomas pulmonares que acabaram por revelar apenas uma bronquite aguda. Assim, chegavam de todas as partes do mundo orações de apoio e votos de uma rápida recuperação para Pio X, enquanto que na cidade de Roma a ansiedade intensa sentida pela população vergava-se como um peso imenso sobre a cidade!
O Papa recuperou-se bem, porém ele não era um bom paciente, pois seus médicos tinham muita dificuldade em mantê-lo quieto no leito. O médico pessoal do Papa, Dr. Amici, relatou que na sua ausência o Papa desobedecia as ordens médicas e recebia convidados ou acertava acordos políticos urgentes que precisavam da sua presença. "Apenas pense na nossa responsabilidade diante do mundo" disse o Dr. Amici ao Papa Pio X, seu paciente mais recalcitrante. "E você pense na minha responsabilidade diante de Deus se eu não cuidar da Sua Igreja!", respondeu o Papa, feliz.
Durante o inverno anterior, Rosa Sarto, a irmã mais velha do Papa faleceu. Ela estivera ao lado do irmão a vida toda, pois ainda jovem foi cuidar da casa quando Giuseppe era apenas um curador em Tombolo, província da Pádua. Rosa também o acompanhou a Salzano, região do Veneto, e durante os anos em que viveu em Treviso e Mântua, ela também cuidava da mãe idosa até sua morte. Logo após veio para Roma com as duas irmãs mais novas e uma sobrinha para auxiliar o irmão, o então Cardeal Sarto, durante sua caminhada até o papado. Esta unida, eficiente e amorosa família Sarto levava uma vida tranquila fazendo caridade e executando suas boas obras!
Aqueles que foram orar na última morada da facelida Rosa Sarto, ficaram igualmente impressionados com a simplicidade do ambiente aonde residira e a intensa sensação de paz que prevalecia no local. No pequeno quarto, repousada numa cama de ferro comum, jazia uma senhora com um rosto doce e quase transparente emoldurado por um boné branco e liso. Adornando o quarto, viam-se pétalas de violetas e rosas espalhadas sobre a cama e junto ao corpo sereno, emoldurando a beleza única e pura desta cena final.
O funeral ocorreu na "Basilica Papale di San Lorenzo fuori le Mura" e todos os Cardeais de Roma estavam presentes, juntamente com uma grande multidão ansiosa por honrar alguém que foi tão próximo do Santo Padre, que infelizmente não estava presente por problemas de saúde. Mas, seguindo em espírito a última jornada da querida irmã, Pio X ajoelhou-se em seu oratório e rezou pela alma imaculada de Rosa Sarto. Telegramas e mensagens chegavam de todo o mundo demonstrando empatia pela perda do Papa, que sempre carregou consigo toda a tristeza do mundo. Pio X estava abatido, mas a demonstração de amor e interesse de tantas pessoas foi um imenso consolo para a dor que sentia, um ato que o comoveu profundamente!
Mas um novo golpe estava reservado para o Santo Padre, pois as notícias reveladas pela imprensa mostravam que a revolução socialista espalhara seu ódio até a nação mexicana, onde os sofrimentos dos seus filhos novamente abalaram a saúde do Papa Pio X. José Venustiano Carranza liderava uma revolução contra Victoriano Huerta, o presidente do México, mas o bandido Pancho Villa, o principal correligionário de Carranza, logo voltou-se contra ele e iniciou uma contra-revolução seguida por uma perseguição sistemática aos religiosos e cristãos no país.
Muitos padres foram forçados a fugir e vários outros cruzaram a fronteira dos Estados Unidos para evitar um truque favorito dos insurgentes: 'eles prendiam os religiosos e contando com a importância do pastor para seus fiéis, exigiam um resgate exorbitante, mas no final matavam a vítima'. Ultrajes horríveis se seguiram! Padres foram baleados, mortos a pauladas e esquartejados; enforcados ou jogados nas masmorras. Igrejas foram convertidas em quartéis e os cálices sagrados da Santa Missa foram usados como taças de bebidas alcoólicas. Novamente a sombra insidiosa do comunismo arrasava outra nação, invertendo seus valores e aniquilando milhares de vidas.
O arcebispo de Durango, a cidade mais cristã do México, foi obrigado a varrer as ruas, e religiosos foram baleados por recusarem-se a denunciar os esconderijos dos seus irmãos de Fé. O destino das freiras e religiosas mexicanas não deve nem pode ser descrito aqui neste relato, mesmo que o governo revolucionário tenha criado uma agência de imprensa nos Estados Unidos para negar os 'fatos impensáveis', inundando os correios com calúnias contra a Igreja e o clero. Mas a verdade tornou-se gradualmente conhecida pelo Papa Pio X, não em sua totalidade, mas o suficiente para trazer ao corajoso coração velho do Santo uma nova pontada de angústia.
Na noite de 28 de junho de 1914, o Papa sentia-se apreensivo e solicitou a presença do Cardeal Merry del Val, que atemorizou-se com a aparência frágil do Santo Padre, pois o medo e a preocupação dominavam suas feições. A mão que São Pio X estendeu tremia, quando sussurrou: "Il Guerone (A Grande Guerra) está por vir, e não vamos terminar este ano em paz". Uma batida na porta interrompeu a conversa, e uma missiva foi entregue ao Papa que, com a mão trêmula, deixou-a cair. Merry del Val pegou o papel e leu que o Imperador da Áustria, Franz Ferdinand e sua esposa Sophie, a duquesa de Hohenberg, foram assassinados em Sarajevo.
Ainda não entendendo as graves implicações do fato, o Cardeal Merry del Val tentou atenuar a aflição do Papa argumentando que um evento como este não desencadearia uma Guerra Mundial. Mas Pio X, sentindo-se extremamente cansado, apenas exclamou: "Meu Senhor!", e dirigindo-se à capela do Vaticano caiu de joelhos e rezou diante do sacrário. Claramente Pio X compreendera a situação precária das alianças europeias, que não seriam capazes de ignorar um evento político tão dramático como o assassinato do imperador austríaco Franz Ferdinand.
Assim, o Papa Pio X mal dormia, entretanto sua saúde parecia estável. Em 19 de agosto, depois de conceder uma última audiência na Festa da Assunção, Pio X acamou-se com uma febre leve, mas permaneceu completamente prostrado. Então, percebendo a gravidade da sua situação, o Papa voltou-se ao seu secretário e disse: "Que a vontade de Deus seja feita, pois acho que é o fim. Talvez Deus, em Sua infinita bondade, deseje poupar-me dos horrores que irão abater-se sobre a Europa". Naquela tarde, o Cardeal Merry del Val soube que o Papa Pio X sofria de pneumonia aguda sem esperanças de recuperação, e relatou: "Ele desgastou-se muito no último ano para resistir a uma doença grave".
De acordo com o médico, Dr. Machiafva, estas foram as palavras usadas por Giuseppe Melchior Sarto, o Santo Papa da Eucaristia, quando despediu-se deste mundo: "Ofereço minha vida como um sacrifício para prevenir o massacre de tantos dos meus filhos na guerra". Assim, nas primeiras horas de 20 de agosto de 1914, os sinos tocaram por toda a cidade de Roma indicando a hora final do Papa Pio X. No seu semblante tranquilo, um intenso amor transluziu na sua face quando professou suas últimas palavras no dialeto veneziano: "Gesu, Giuseppe e Maria, vi dono il cuore de l’anima mia!" (Jesus, José e Maria, eu entrego a vós o coração da minha alma!). O Católico, o Camponês, o Pontífice e Salvador de tantas almas humanas era agora um só, no momento da perfeita e total auto-rendição.
Em 19 de maio de 1944, o corpo do Papa Pio X foi exumado e levado para a Capela do Santo Crucifixo na Basílica de São Pedro, para dar prosseguimento ao processo de canonização. Ao descobrirem o corpo do Santo Papa Pio X, os oficiais relataram que ele estava notavelmente preservado e incorrupto, apesar de ter sido sepultado há 30 anos, sem embalsamamento a pedido do próprio Papa. Segundo o médico Jerome Dai-Gal, o corpo do Papa não sofrera qualquer modificação. Assim, no término do processo apostólico de santificação, o Papa Pio X recebeu a homenagem honrosa de ser "O Venerável Servo de Deus".
No Anno Domini de 1914, Giuseppe Melchior Sarto, nosso Papa São Pio X, visitava o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes na França quando, voltando-se para seu acessor Dom Bressan, afirmou: "Estou pesaroso pelo próximo Papa e não vivenciarei os fatos que virão, mas a verdade é que a 'Religio Depopulata' (religião despovoada) chegará muito em breve". Assim, podemos concluir que a percepção metafísica de São Pio X previra o despovoamento da Europa - entre outras profecias do Papa Pio X sobre a Primeira Guerra Mundial.
Naquela época, existiam profundas inimizades entre as sete grandes potências europeias: Rússia, Grã-Bretanha, França, Áustria, Hungria, Itália e Alemanha. Porém, ninguém aventava a possibilidade da queda iminente da civilização cristã tradicional, como foi previsto pelo Papa São Pio X. Mesmo o seu confidente íntimo, o Cardeal Merry del Val, sentiu-se perdido e estarrecido com a insistência do Papa sobre o que ele profetizara: a miséria resultante da Guerra Mundial e a consequente perda dos valores cristãos que adviriam sobre a humanidade.
Na noite de 28 de junho de 1914, o Papa sentia-se apreensivo e solicitou a presença do cardeal Merry del Val, que atemorizou-se com a aparência do Santo Padre, pois o medo e a preocupação dominavam suas feições. A mão que Pio X estendeu tremia, quando sussurrou: "Il Guerone (Grande Guerra) está por vir, e não vamos terminar este ano em paz". Uma batida na porta interrompeu a conversa! E uma missiva foi entregue ao Papa que, com sua mão trêmula, a deixou cair. Merry del Val pegou o papel e leu que o herdeiro austríaco e sua esposa foram assassinados.
Ainda não entendendo as graves implicações do fato, o Cardeal Merry del Val tentou atenuar a ansiedade do Santo Padre argumentando que um evento como este não desencadearia uma guerra mundial. Mas Pio X, agora extremamente cansado, apenas expressou: "Meu Senhor"! E dirigindo-se à capela do Vaticano caiu de joelhos diante do tabernáculo. Claramente o Papa Pio X profetizara a situação precária das alianças europeias, as quais não seriam capazes de ignorar um evento tão chocante como o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand.
Em 30 de maio de 1914, o embaixador brasileiro Dr. Chaves relatou ao Papa Pio X que não tinha dúvidas da repercussão dos eventos mundiais. Porém, no decorrer da conversa, o Papa perguntou: "Você deve estar feliz por poder voltar para o Brasil, pois assim você não vai ser uma testemunha da guerra!" Respondeu o embaixador: "A sua Santidade fala sobre o conflito dos Balcãs?" Respondeu o Papa desanimado: "Não, não, o problema dos Balcãs é apenas o começo de uma conflagração mundial que não posso evitar".
Naquela época, Pio X pregava: "Nosso programa é renovar tudo em Cristo, pois Jesus é a Verdade, e será o nosso primeiro dever ensinar esta Verdade - mas explicando numa linguagem simples que penetrará nas almas de todos. Mas desculpou-se Pio X: "Estamos convencidos de que muitos irão ressentir-se da nossa intenção de tomar parte ativa na política mundial, mas qualquer observador imparcial perceberá que o Papa, a quem o cargo supremo foi confiado por Deus, não será indiferente aos assuntos políticos ou mesmo separá-los das atribuições da Fé e da moral".
O Congresso Eucarístico da época foi um grande evento que reuniu o mundo, todos unidos em espírito e oração - encerrando com o canto do hino eucarístico de louvor escrito por São Tomás de Aquino, "Tantum Ergo". Porém, as armas da guerra já eram ouvidas sobre as fronteiras - mas Deus iria responder às orações dos fiéis à Sua maneira! Nos últimos dias de julho daquele ano fatídico, o Cardeal di Belmonte voltou para Roma e afirmou que Pio X, apesar da crescente onda de ódios nacionais, era muito amado em todas as nações da Terra.
O tempo da "Religio Depopulata" aproximava-se rapidamente! Em 02 de agosto o Papa lançou uma advertência, pedindo seriamente que todos orassem pelo destino da humanidade. Porém, Pio X estava esgotado pela tristeza e preocupação, não tendo mais forças para falar às multidões. Mesmo assim, insistiu e declarou: "Meus filhos, eu sofro por aqueles que morrem nos campos de batalha. Eu sinto que esta guerra é a minha morte, mas alegremente ofereço a minha vida pelos jovens e a paz mundial".
Pio X mal dormia, entretanto sua saúde parecia muito boa. Depois de conceder uma última audiência na Festa da Assunção, o Papa acamou-se com uma febre leve em 19 de agosto, mas completamente prostrado. Ele percebeu a gravidade da situação e disse: "Que a vontade de Deus seja feita, acho que é o fim. Talvez Ele, em Sua bondade, deseje poupar-me dos horrores que irão abater-se sobre a Europa". Naquela tarde, o Cardeal Merry del Val soube que o Papa sofria de pneumonia, sem esperanças de recuperação, e disse: "Ele desgastou-se muito para conseguir resistir a uma doença grave".
De acordo com o médico, Dr. Machiafva, estas foram as últimas palavras de Giuseppe Melchior Sarto: "Ofereço minha vida como um sacrifício para prevenir o massacre de tantos dos meus filhos". Nas primeiras horas de 20 de agosto de 1914, os sinos tocaram por toda a Roma indicando a agonia final do Santo Papa Pio X, quando ele professou suas últimas palavras no dialeto veneziano: "Gesu, Giuseppe e Maria, vi dono il cuore de l’anima mia!" (Jesus, José e Maria, eu entrego a vós o coração da minha alma!). O católico, o camponês, o pontífice e o amante de tantas almas humanas eram agora um só, no momento da perfeita e total auto-rendição.
I firmly embrace and accept each and every definition that has been set forth and declared by the unerring teaching authority of the Church, especially those principal truths which are directly opposed to the errors of this day. And first of all, I profess that God, the origin and end of all things, can be known with certainty by the natural light of reason from the created world, that is, from the visible works of creation, as a cause from its effects, and that, therefore, his existence can also be demonstrated.
Secondly, I accept and acknowledge the external proofs of revelation, that is, divine acts and especially miracles and prophecies as the surest signs of the divine origin of the Christian religion and I hold that these same proofs are well adapted to the understanding of all eras and all men, even of this time.
Thirdly, I believe with equally firm faith that the Church, the guardian and teacher of the revealed word, was personally instituted by the real and historical Christ when he lived among us, and that the Church was built upon Peter, the prince of the apostolic hierarchy, and his successors for the duration of time.
Fourthly, I sincerely hold that the doctrine of faith was handed down to us from the apostles through the orthodox Fathers in exactly the same meaning and always in the same purport. Therefore, I entirely reject the heretical' misrepresentation that dogmas evolve and change from one meaning to another different from the one which the Church held previously.
I also condemn every error according to which, in place of the divine deposit which has been given to the spouse of Christ to be carefully guarded by her, there is put a philosophical figment or product of a human conscience that has gradually been developed by human effort and will continue to develop indefinitely.
Fifthly, I hold with certainty and sincerely confess that faith is not a blind sentiment of religion welling up from the depths of the subconscious under the impulse of the heart and the motion of a will trained to morality; but faith is a genuine assent of the intellect to truth received by hearing from an external source. By this assent, because of the authority of the supremely truthful God, we believe to be true that which has been revealed and attested to by a personal God, our creator and lord.
Furthermore, with due reverence, I submit and adhere with my whole heart to the condemnations, declarations, and all the prescripts contained in the encyclical Pascendi and in the decree Lamentabili, especially those concerning what is known as the history of dogmas.
I also reject the error of those who say that the faith held by the Church can contradict history, and that Catholic dogmas, in the sense in which they are now understood, are irreconcilable with a more realistic view of the origins of the Christian religion.
I also condemn and reject the opinion of those who say that a well-educated Christian assumes a dual personality-that of a believer and at the same time of a historian, as if it were permissible for a historian to hold things that contradict the faith of the believer, or to establish premises which, provided there be no direct denial of dogmas, would lead to the conclusion that dogmas are either false or doubtful.
Likewise, I reject that method of judging and interpreting Sacred Scripture which, departing from the tradition of the Church, the analogy of faith, and the norms of the Apostolic See, embraces the misrepresentations of the rationalists and with no prudence or restraint adopts textual criticism as the one and supreme norm.
Furthermore, I reject the opinion of those who hold that a professor lecturing or writing on a historico-theological subject should first put aside any preconceived opinion about the supernatural origin of Catholic tradition or about the divine promise of help to preserve all revealed truth forever; and that they should then interpret the writings of each of the Fathers solely by scientific principles, excluding all sacred authority, and with the same liberty of judgment that is common in the investigation of all ordinary historical documents.
Finally, I declare that I am completely opposed to the error of the modernists who hold that there is nothing divine in sacred tradition; or what is far worse, say that there is, but in a pantheistic sense, with the result that there would remain nothing but this plain simple fact-one to be put on a par with the ordinary facts of history-the fact, namely, that a group of men by their own labor, skill, and talent have continued through subsequent ages a school begun by Christ and his apostles.
I firmly hold, then, and shall hold to my dying breath the belief of the Fathers in the charism of truth, which certainly is, was, and always will be in the succession of the episcopacy from the apostles. The purpose of this is, then, not that dogma may be tailored according to what seems better and more suited to the culture of each age; rather, that the absolute and immutable truth preached by the apostles from the beginning may never be believed to be different, may never be understood in any other way.
I promise that I shall keep all these articles faithfully, entirely, and sincerely, and guard them inviolate, in no way deviating from them in teaching or in any way in word or in writing. Thus I promise, this I swear, so help me God.
Pius X
September 1, 1910.
To be sworn to by all clergy, pastors, confessors, preachers, religious superiors, and professors in philosophical-theological seminaries.
In vain you will build churches, give missions and found schools, but all your work, all your efforts will be destroyed if you are not able to wield the offensive and defensive weapon of a loyal and sincere Catholic Press.
A Igreja Católica é a mais antiga instituição religiosa no mundo desde que, perseguidos pelo Sinédrio, denominação da suprema corte judaica em Jerusalém, os primeiros Cristãos desvincularam-se das sinagogas e fundaram a Igreja Primitiva e, em seguida, nomearam-na como Católica (Universal) — a origem é a palavra grega Katholikos latinizada para Catholicus. A Igreja Católica invocou o princípio da universalidade desde o início, pois aceitava todos em suas congregações, sem distinção de credo ou raça. No meado do primeiro século, os fiéis foram isentos de obedecer à antiga Lei mosaica, conforme resolução do Concílio de Jerusalém (50 d.C.), o primeiro concílio da Igreja Católica.
O Cristianismo floresceu na atmosfera político-cultural do Império Romano, onde o paganismo e a apocrifia eram parte das normas sociais e morais. Assim, durante os três primeiros séculos, os Cristãos foram perseguidos por professarem o Cristianismo, religião contrária à veneração do imperador e seus deuses. Isto foi considerado uma afronta ao poder do Estado e as perseguições aos Cristãos tiveram início. As mais cruéis foram as elaboradas por Nero César, em 100 d.C., Trajano Décio, em 249 d.C., Públio Valeriano, em 260 d.C. e Valério Diocleciano, em 305 d.C., considerada a mais sangrenta da história, porque seu objetivo era o extermínio total dos Cristãos e o fim da Igreja Católica.
O início do século IV foi um período de paz graças ao Édito de Milão, quando o imperador Constantino vetou oficialmente toda a perseguição aos Cristãos e à Igreja Católica. No decurso deste século, o Cristianismo passou a ser tolerado pelo império romano e a doutrina cristã professada com liberdade, acabando por tornar-se a religião oficial do império romano. Finalmente, no final do século, o Imperador Flávio Teodósio convocou as assembleias dos bispos e instaurou vários concílios, permitindo à Igreja organizar seu conjunto de inter-relações sociais.
Em 381 d.C., o Primeiro Concílio de Constantinopla foi convocado por Teodósio I, para debater as heresias do arianismo, ideologia do padre Ário de Alexandria, Egito, e atestar a natureza, a humanidade e divindade de Jesus Cristo, confirmando o dogma da Trindade Divina. Em 431 d.C., Teodósio II realizou o Concílio de Éfeso. Este foi conduzido em uma atmosfera de confronto e recriminações, onde o nestorianismo e o sabelianismo foram declarados heresias. Nestório, patriarca de Constantinopla, defendia que Cristo não seria uma pessoa única, pois Nele haveria uma natureza humana e outra divina, distintas. Também negava o ensinamento tradicional que a Virgem Maria pudesse ser a "Mãe de Deus" (Theotokos), portanto ela seria somente a "Mãe de Cristo" (Cristokos), para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza Divina.
O Catecismo de São Pio X disserta sobre a doutrina católica e confirma sua profunda relação com os Ensinamentos de Jesus, e como estes nos orientam sobre o caminho da Salvação e do Reino de Deus. As partes mais importantes e necessárias da doutrina são: o Credo, o Pai Nosso, os Dez Mandamentos e os sete Sacramentos. Jesus Cristo é o personagem central do Cristianismo, e veio anunciar a Salvação da humanidade pela Vontade de Deus. Ele é o Filho Unigênito de Deus e a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. É o Único e Verdadeiro Mediador entre Deus e a humanidade.
Os dogmas do Cristianismo professam que a Salvação da humanidade originou-se da Graça Divina e da Paixão de Jesus Cristo. Este supremo sacrifício foi um ato de submissão à Vontade e ao Infinito Amor de Deus, objetivando a Salvação da humanidade. É fundamental que a adesão à Fé Cristã, a crença em Jesus Cristo e Seus Ensinamentos, ocorra de forma espontânea, porque a liberdade humana, um dom divino, é autônoma perante o Criador. A Fé Cristã transmuda-se na caridade e no amor ao próximo, e para que isso suceda, devemos levar uma vida espiritual elevada.
Jesus Cristo ensinou que a suprema felicidade só é alcançável pelos Santos e justos no Reino de Deus, e que temos nascer novamente para fazer parte Dele. Ele também ensinou que a Graça e a Misericórdia Divina eram superiores ao pecado e ao mal absoluto, e que o arrependimento sincero dos pecados e a Fé em Deus podem salvar nossas almas. Instruiu como um Cristão pode fazer parte do Reino de Deus, Um Reino que está entre vós, disse Jesus. Ele viveu de acordo com os princípios que ensinava e legou exemplos claros de como alcançar a Glória de Deus. Mas, o que Jesus quis dizer quando afirmou que o Reino de Deus está entre vós? Tertuliano, um escritor da Igreja primitiva, respondeu: "Entre vós significa em vossas mãos ou em vosso poder. Se cumprir os Mandamentos e fizer o bem, qualquer pessoa pode entrar no Reino de Deus, mas só se assumir o compromisso exigido". Jesus estava divulgando algo maravilhosamente novo e revolucionário. Não era somente um novo reino, como todos que existiram na Terra e desapareceram, mas um Reino com outra natureza que não era deste mundo. Um Reino totalmente diferente, que ninguém jamais tinha ouvido falar. Um Reino que está entre vós...Jesus estava descrevendo um Reino de Verdade, o Reino de Deus. JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU
956) Que é o vício? O vício é uma disposição má da alma que leva-a a fugir do bem e a fazer o mal, e que é causada pela frequente repetição dos atos maus.
957) Que diferença há entre pecado e vício? Entre pecado e vício há esta diferença: que o pecado é um ato que passa, enquanto o vício é o mau hábito contraído de cair em algum pecado.
958) Quais são os vícios que se chamam capitais? Os vícios que se chamam capitais são sete: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça.
959) Como se vencem os vícios ou pecados capitais? Os vícios ou pecados capitais vencem-se com a prática das virtudes opostas. Assim, a soberba vence-se com a humildade; a avareza, com a liberalidade; a luxúria, com a castidade; a ira, com a paciência; a gula, com a temperança; a inveja, com a caridade; a preguiça, com a diligência e fervor no serviço de Deus.
960) Por que se chamam capitais estes vícios? Chamam-se capitais estes vícios, porque são a fonte e a causa de muitos outros vícios e pecados.
961) Quantos são os pecados contra o Espírito Santo? Os pecados contra o Espírito Santo são seis: 1º Desesperar da salvação; 2º Presunção de se salvar sem merecimentos; 3º Combater a verdade conhecida; 4º Ter inveja das graças que Deus dá a outrem; 5º Obstinar-se no pecado; 6º Morrer na impenitência final.
962) Por que se chamam estes pecados particularmente pecados contra o Espírito Santo? Chamam-se estes pecados particularmente pecados contra o Espírito Santo, porque se cometem por pura malícia, o que é contrário à bondade que se atribui ao Espírito Santo.
963) Quais são os pecados que bradam ao Céu e pedem o repúdio de Deus? Os pecados que bradam ao Céu e pedem vingança a Deus são quatro: 1º Homicídio voluntário; 2º Pecado impuro contra a natureza; 3º Opressão dos pobres, principalmente órfãos e viúvas; 4º Não pagar o salário a quem trabalha.
964) Por que se diz que estes pecados pedem o repúdio de Deus? Diz-se que estes pecados pedem o repúdio de Deus, porque assim diz o Espírito Santo, e porque a sua malícia é tão grave e manifesta, que leva a Deus puni-los com os mais severos castigos.
965) Que se entende por Novíssimos? Novíssimos são chamados nos Livros Santos as últimas coisas que hão de acontecer ao homem.
966) Quantos são os Novíssimos? Os Novíssimos, ou últimas coisas do homem, são quatro: Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.
967) Por que é que esses Novíssimos se chamam últimas coisas que acontecerão ao homem? Os Novíssimos chamam-se últimas coisas que acontecerão ao homem, porque a Morte é a última coisa que nos acontece neste mundo; o Juízo de Deus é o último entre os juízos que temos a passar; o Inferno é último mal que hão de sofrer os maus; e o Paraíso é o sumo bem que hão de receber os bons.
968) Quando devemos pensar nos Novíssimos? É bom pensar nos Novíssimos todos os dias, e principalmente ao fazer a oração da manhã, apenas acordados, à noite antes do deitar, e todas as vezes que somos tentados a fazer algum mal, porque este pensamento é eficacíssimo para nos fazer evitar o pecado.
969) Que deve fazer um bom Cristão, pela manhã, assim que acorda? Um bom Cristão, pela manhã, assim que acorda, deve fazer o sinal da Cruz, e oferecer o coração a Deus, dizendo estas ou outras palavras semelhantes: Meu Deus, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.
970) Em que deveríamos pensar ao levantar da cama e enquanto nos vestimos? Ao levantar da cama e enquanto nos vestimos, deveríamos pensar que Deus está presente, que este dia pode ser o último da nossa vida; e entretanto levantar-nos e vestir-nos com toda a modéstia possível.
971) Depois de se levantar e de se vestir, que deve fazer um bom Cristão? Um bom Cristão, depois que tenha se levantado e vestido, convém pôr-se na presença de Deus e ajoelhar, se puder, diante de alguma devota imagem, dizendo com devoção: "Eu Vos adoro, meu Deus, e Vos amo de todo o coração; dou-Vos graças por me terdes criado, feito Cristão e conservado nesta noite; ofereço-Vos todas as minhas ações, e peço-Vos que neste dia me preserveis do pecado, e me livreis de todo o mal. Amém". Reza depois o Padre-Nosso, a Ave-Maria, o Credo, e os atos de Fé, de Esperança e de Caridade, acompanhando-os com um vivo afeto do coração.
972) Que práticas de piedade deveria fazer todos os dias o Cristão? O Cristão, podendo, deveria todos os dias: 1º Assistir com devoção à Santa Missa; 2º Fazer uma visita, por breve que fosse, ao Santíssimo Sacramento; 3º Rezar o terço do Santo Rosário.
973) Que se deve fazer antes do trabalho? Antes do trabalho, convém oferecê-lo a Deus, dizendo do coração: "Senhor, eu Vos ofereço este trabalho, dai-me a Vossa bênção".
974) Para que fim se deve trabalhar? Deve-se trabalhar para Glória de Deus e para fazer a Sua vontade.
975) Que convém fazer antes da refeição? Antes da refeição convém fazer o sinal da Cruz, estando de pé, e depois dizer com devoção: "Senhor, abençoai-nos e ao alimento que vamos tomar, para nos conservarmos no Vosso Santo serviço".
976) Depois da refeição, que convém fazer? Depois da refeição, convém fazer o sinal da Cruz, e dizer: "Senhor, eu Vos dou graças pelo alimento que me destes; fazei-me digno de participar da mesa Celeste".
977) Quando nos vemos atormentados por alguma tentação, que devemos fazer? Quando nos vemos atormentados por alguma tentação, devemos invocar com Fé o Santíssimo Nome de Jesus ou de Maria, ou recitar fervorosamente alguma oração jaculatória, como, por exemplo: "Dai-me a graça, Senhor, que eu nunca Vos ofenda"; ou então fazer o sinal da Cruz, evitando porém que as outras pessoas, pelos sinais externos, suspeitem da tentação.
978) Quando uma pessoa reconhece ou duvida que cometeu algum pecado, que deve fazer? Quando uma pessoa reconhece, ou duvida que cometeu algum pecado, convém fazer imediatamente um ato de contrição, e procurar confessar-se quanto antes.
979) Quando fora da Igreja se ouve o sinal de elevação da hóstia na Missa solene, ou da bênção do Santíssimo Sacramento, que se deve fazer? É bom fazer, ao menos com o coração, um ato de adoração, dizendo, por exemplo: "Graças e louvores se dêem a todo o momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento".
980) Que se deve fazer quando tocam às Ave-Marias, pela manhã, ao meio-dia e à noite? Ao toque das Ave-Marias, o bom Cristão recita o Angelus com três Ave-Marias.
981) A noite, antes de deitar, que devemos fazer? À noite, antes de deitar, convém pôr-nos, como pela manhã, na presença de Deus, recitar devotamente as mesmas orações, fazer um breve exame de consciência, e pedir perdão a Deus dos pecados cometidos durante o dia.
982) Que haveis de fazer antes de adormecer? Antes de adormecer, farei o sinal da Cruz, pensarei que posso morrer esta noite, e oferecerei o coração a Deus, dizendo: "Meu Senhor e meu Deus, eu Vos dou todo o meu coração. Trindade Santíssima, concedei-me a graça de bem viver e de bem morrer. Jesus, Maria e José eu Vos encomendo a minha alma".
983) Além das orações da manhã e da noite, por que outra forma se pode recorrer a Deus no decurso do dia? No decurso do dia pode-se invocar a Deus frequentemente com outras orações breves, que se chamam jaculatórias.
984) Dizei algumas jaculatórias. Senhor, valei-me; - Senhor, seja feita a Vossa Santíssima vontade; - Meu Jesus, eu quero ser todo Vosso; - Meu Jesus, misericórdia; - Doce Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que eu Vos ame cada vez mais; - Doce Coração de Maria sede minha Salvação.
985) É útil recitar, durante o dia, muitas jaculatórias? É muito útil recitar, durante o dia, muitas jaculatórias, e podem recitar-se também com o coração, sem proferir palavras, caminhando, trabalhando, etc.
986) Além das orações jaculatórias, em que outra coisa deveria exercitar-se com frequência o Cristão? Além das orações jaculatórias, o Cristão deveria exercitar-se na mortificação Cristã.
987) Que quer dizer mortificar-se? Mortificar-se quer dizer privar-se, por amor de Deus, daquilo que agrada, e aceitar o que desagrada aos sentidos ou ao amor próprio.
988) Quando é o Santíssimo Sacramento levado a um enfermo, que se deve fazer? Quando é o Santíssimo Sacramento levado a algum enfermo, devemos, sendo possível, acompanhá-lo com modéstia e recolhimento; e, se não é possível acompanhá-lo, fazer um ato de adoração em qualquer lugar que nos encontremos, e dizer: "Consolai, Senhor, este enfermo, e concedei-lhe a Graça de se conformar com a Vossa Santíssima Vontade e de conseguir a Sua Salvação".
989) Ouvindo tocar o sino pela agonia de algum moribundo, que haveis de fazer? Ouvindo tocar o sino pela agonia de algum moribundo, irei, se puder, à Igreja orar por ele; e, não podendo, encomendai a Nosso Senhor a sua alma, pensando que dentro em breve hei de encontrar-me também neste estado.
990) Ao ouvir sinais pela morte de alguém, que haveis de fazer? Ao ouvir sinais pela morte de alguém, procurarei rezar um De Profundis ou um Réquiem, ou um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, pela alma daquele defunto, e renovar o pensamento da morte. THE END