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28 fevereiro 2013

ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 5ª PARTE


Pope-Leo-X

Em 1517, o Papa Leão X autorizou o dominicano chamado Johann Tetzel a angariar fundos na Alemanha através da venda das indulgências e doações em dinheiro, para terminar a construção da Basílica de São Pedro, em Roma.

O padre João Tetzel era um orador entusiástico e fazia muitas afirmações fantásticas a respeito do poder das indulgências. Ele jogava com as preocupações dos fiéis pela alma de seus parentes mortos, dizendo: "Tão cedo como a moeda ressoa no cofre, a alma do seu amado pula do purgatório".

Certa vez, um jovem de uma aldeia perguntou a Tetzel se comprar a indulgência lhe asseguraria o perdão por qualquer pecado: "Claro que sim!" respondeu Tetzel. Continuou o jovem: "Mesmo que o pecado seja só uma ideia ainda não cometida? Respondendo ao jovem, Tetzel afirma: "Não importa, pois não há nenhum pecado demasiado grande!" Com isso, o jovem entusiasmado comprou a indulgência.

Depois de Tetzel terminar seu negócio lucrativo naquele povoado, empreendeu sua viagem ao próximo vilarejo. Mas, no meio do caminho, topou-se com uma dupla de ladrões que lhe tiraram tudo o quanto tinha, inclusive o dinheiro que tinha ganho vendendo indulgências.

O ladrão sorridente da dupla era o mesmo jovem que tinha comprado a indulgência naquela tarde, quando já estava contemplando o pecado que iria cometer, o roubo.

Martin-Luther

As afirmações de Tetzel também não passaram sem serem desafiadas. O monge Martinho Lutero, ardendo com indignação, confrontou-se com Tetzel e desmentiu suas afirmações ridículas.

Quando a Igreja nada fez para calar Tetzel, Lutero fincou 95 proposições contra as indulgências na porta da Igreja em Wittenburg, Alemanha. Nelas propôs um debate público sobre o tema das indulgências.

O fogo que começou a arder em Wittenburg talvez tivesse se extinguido ali, exceto por uma invenção nova daquele tempo, a tipografia. Sem que Lutero soubesse, suas 95 proposições foram impressas e distribuídas por quase toda a Europa.

Então estourou um forte choque entre Tetzel e Lutero. Para apoiar sua posição contra Tetzel, Lutero passou ao outro extremo, e ao fazer isso não teve que inventar nenhuma teologia nova. Sendo monge agostiniano, não fez mais do que ressuscitar "a velha ladainha" da teologia esquecida de Agostinho.

Seguindo a teologia de Agostinho, Lutero propôs que a salvação depende exclusivamente da predestinação, que os homens não podem fazer nada bom e nem acreditar em Deus.

Sustentou que Deus concede o dom da fé e das boas obras a quem Ele queira, isto é, aos predestinados, e segundo a Sua vontade desde antes da criação do mundo. Os demais, Ele os elege arbitrariamente para a condenação eterna. Ademais, Lutero afirmou que ninguém poderia ser salvo se não acreditasse na doutrina da predestinação absoluta.

Ensinamento-Cristao

Lutero tomou emprestado algumas doutrinas a mais dos ensinamentos de Agostinho, inclusive a doutrina da guerra santa. Quando o povo pobre da Alemanha se sublevou contra o tratamento desumano da nobreza, Lutero exortou os nobres que suprimissem a rebelião "com força viva", incitando-os com as seguintes palavras:

"Esta não é hora de estar dormindo, agora não há lugar para a paciência nem para a misericórdia. Esta é a hora da espada, não da graça. Qualquer camponês que morra, se perderá de corpo e alma, será do diabo pela eternidade. Mas as autoridades têm a consciência limpa e uma causa justa".

"'Podemos dizer a Deus com plena confiança que fomos nomeados príncipes e senhores, disso não tenho a menor dúvida, e recebemos a espada para castigar aos malfeitores. Portanto, os castigaremos e mataremos até que deixe de bater o coração. Deus será o juiz".

"Por isso digo, quem morrer na batalha como aliado da autoridade poderá ser um mártir verdadeiro aos olhos de Deus. Hora rara esta, quando o príncipe pode ganhar um lugar no céu com o derramamento de sangue, melhor do que poderia outro com a oração! Apunhalai a todos, matem-nos! Se morreres na batalha, bom para ti! Uma morte mais bendita não há".

Christian-teaching

Sem vacilar, os nobres seguiram estas palavras de Lutero, massacrando os camponeses selvagemente, e na breve guerra que se seguiu cometeram atrocidades indizíveis. Os camponeses que não morreram no combate foram torturados horrivelmente e depois executados.

Durante os 1.100 anos entre Agostinho e Lutero, o Cristianismo do Ocidente tinha passado de um lado ao outro, de um extremo ao outro, mas voltou ao mesmo lugar onde Agostinho o tinha deixado. A Reforma não foi uma volta ao espírito dos primeiros Cristãos, nem aos seus ensinamentos. Lutero também se afastou do real Cristianismo dos primeiros Cristãos.

Os Cristãos dos primeiros séculos produziram uma revolução espiritual no mundo porque não temeram desafiar as atitudes, a vida e os valores do mundo antigo. Seu Cristianismo era bem mais do que um credo, um conjunto de doutrinas. Era uma maneira diferente e nova de viver. Mas ainda hoje os Cristãos não se convenceram com as lições da História.

A Igreja atual não converteu o mundo, e sim o mundo converteu a Igreja! E ainda acreditamos poder melhorar o Cristianismo por meio dos métodos humanos. Mas no sentido verdadeiro, o Cristianismo não melhorará até que volte à santidade prática, ao amor não fingido e à abnegação verdadeira dos primeiros Cristãos.



                                         THE END




ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 4ª PARTE


Christian-teaching

Por volta do ano 400 d.C. a Igreja havia-se convertido num grupo de pessoas que se reuniam a cada domingo e podiam citar de cor certos credos e fórmulas doutrinais. A grande maioria das pessoas não exercia o contato "pessoal" com Deus e a Igreja sofria de intensa "anemia espiritual".

Opondo-se a esta negligência espiritual, Pelágio, um monge da Bretanha, começou a pregar vigorosas mensagens do arrependimento e da santidade. Mas, para destacar a responsabilidade de cada pessoa perante a Deus, também pregou que os homens poderiam teoricamente viver toda a vida sem pecado. Desta maneira poderíamos salvar a nós mesmos, sem a necessidade de depender da graça de Deus.

Este ensinamento não estava tão afastado do que ensinavam os primeiros Cristãos, pois eles também acreditavam que cada pessoa é responsável por seus próprios pecados e que somos capazes de obedecer a Deus. No entanto, ao mesmo tempo, reconheciam que todos temos que depender tanto da Graça salvadora de Deus como também da Sua Graça fortalecedora. Sem a Graça de Deus, não podemos ser salvos do pecado.


Ensinamento-Cristao

Respondendo aos ensinamentos de Pelágio, Agostinho, com sua própria e "famosa" abordagem teológica foi ao outro extremo e desenvolveu as seguintes doutrinas:

"Como resultado do pecado de Adão, os homens são totalmente depravados e totalmente incapazes de fazer o bem, de salvar-se ou de acreditar em Deus. A decisão de Deus de salvar uma pessoa e condenar a outra, de dar fé a uma pessoa e não a dar a outra é totalmente arbitrária. Isto é, depende só de Deus e não de nós".

"Antes da criação do mundo, Deus arbitrariamente predestinou quem seria salvo e quem seria condenado, e aqueles que são predestinados para a condenação não podem ser salvos jamais. Não obstante, nem todos os que recebem o dom da fé são predestinados para a salvação, pois o dom de perseverar é um dom independente da fé. A salvação depende exclusivamente da graça de Deus. A fé, a obediência e a perseverança são dons de Deus".

Pelágio não pode combater os argumentos poderosos de Agostinho e seus ensinamentos errôneos não tiveram repercussão. Mas o mais grave foi que Agostinho, reagindo contra os ensinamentos de Pelágio, negou completamente os ensinamentos dos primeiros Cristãos quanto ao livre arbítrio do homem e a sua responsabilidade de responder à graça de Deus para receber a Salvação. Em seu lugar, surgiu a doutrina fria e inflexível da predestinação arbitrária.

Ensinamento-Cristao

A controvérsia entre Pelágio e Agostinho, agora com outros atores, voltou a acontecer no século XVI, na Europa. E outra vez o tema central era a salvação. Através dos séculos, a Igreja Católica Romana havia-se apartado pouco a pouco da posição de Agostinho sobre a predestinação estrita, e ensinava que as boas obras tinham a ver com a salvação.

Assim, a doutrina da Igreja se parecia à dos primeiros Cristãos. Mas para os primeiros Cristãos, as boas obras não eram nada mais do que a obediência aos mandamentos de Deus.

Porém, os Católicos da Idade Média estenderam o significado deste termo até incluir práticas cerimoniais, como fazer peregrinações, adorar relíquias e comprar indulgências. A Reforma ou protestantismo, se iniciou como resposta ao abuso destas práticas. Na teologia Católica a indulgência é o perdão dos pecados, que concede liberdade das penas incorridas por eles.

Acreditava-se que o Papa tinha o poder de conceder indulgências tanto às pessoas vivas como também aos falecidos que estavam no purgatório, com a condição de que, quem as recebesse ou as pedisse, estivesse arrependido e desse esmolas à Igreja ou a alguma obra de caridade.


ENSINAMENTOS DO PASSADO - 5ª PARTE




27 fevereiro 2013

ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 3ª PARTE

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Os primeiros Cristãos não tentaram viver suas vidas piedosas sem a ajuda de Deus, pois sabiam que não tinham o poder necessário. Os Cristãos através dos séculos sempre souberam que precisavam do poder de Deus para obedecer aos Seus mandamentos.

Os que servem a Deus não excluem de propósito a Sua ajuda na vida. No entanto, o que sucede com frequência é que a princípio andamos perto de Deus, dependendo do Seu poder, mas com o tempo começamos a nos afastar Dele.

Geralmente este processo começa no interior, na alma, mas aparentemente continuamos agindo da mesma forma. Mas o que acontece é que nossas orações se tornam formais, lemos as Escrituras com a mente focada em outras coisas e no fim achamos que estamos dependendo só de Deus e não precisamos "perder tempo".

Esta doutrina tem a sua origem em Martinho Lutero, que ensinou que somos completamente incapazes de fazer algo de bom e que tanto o desejo como o poder de obedecer a Deus, vêm só de Deus. Estas eram doutrinas fundamentais da Reforma na Alemanha, mas que não produziram uma nação de Cristãos alemães, obedientes e piedosos.

Na verdade, produziram todo o contrário. A Alemanha de Lutero chegou a ser uma sentina de grosseria, imoralidade e violência. O esperar passivo para que Deus fizesse algo pelo homem não produziu nem uma Igreja piedosa nem uma nação piedosa.

Ensinamento-Cristao

Os primeiros Cristãos ensinaram de outra forma. Nunca ensinaram que o homem é incapaz de fazer o bem ou de vencer o pecado em sua vida, nem que alguém possa vencer todas as suas debilidades e seguir obedecendo a Deus dia após dia só com seu próprio juízo.

Estes Cristãos sabiam que lhes faltava o poder de Deus, mas eles não esperavam calmamente enquanto Deus, pretensamente, faria toda a obra por eles. Eles acreditavam que o nosso "estar com Deus" é obra de ambas as partes.

O Cristão tem que estar disposto a sacrificar-se pondo toda a sua força e alma à obra, mas também precisa depender de Deus. Orígenes explicou assim.: "Deus se revela àqueles que, depois de dar tudo o que possam, confessam a necessidade da Sua ajuda".

Os Cristãos dos primeiros séculos acreditavam na procura premente da ajuda de Deus e que não só tinham que pedir uma vez, mas tinham que persistir em pedir-Lhe.

Clemente ensinou aos seus alunos: "Um homem que trabalha só para libertar-se de seus desejos pecaminosos nada consegue. Mas se ele manifesta seu afã e seu desejo ardente nisso, atinge-o pelo poder de Deus, que colabora com os que almejam Sua ajuda".

Aos que perdem seu anseio, o Espírito de Deus também se restringe. O ato de salvar aos que não têm vontade é um ato de obrigação, mas aos que têm vontade é um ato de Graça.

Assim vemos que a justiça Divina resulta da obra mútua, a do homem e a de Deus. Há poder sem limite por parte de Deus, e a busca da Graça está em como utilizar esse poder. O anseio fervente tem que nascer do Cristão! Comentou Orígenes: "Não somos objetos de madeira que Deus move a seu capricho". Somos humanos, capazes de almejar a Deus e de responder-Lhe.

Ensinamento-Cristao

A mortificação dos nossos desejos carnais não será fácil se não estivermos dispostos a sofrer no coração, lutando contra os nossos pecados. Deus não vai brindar-nos com o poder de vencê-los!

Como disse Jesus.: "Se faço, mas não me credes, creia nas minhas obras". Antes de tentarmos avaliar o ensinamento dos primeiros Cristãos, temos que propor uma boa explicação para seus poderes. Não podemos negar o fato de que tinham um poder extraordinário!

Mesmo os romanos pagãos tiveram que admitir isso, e desta forma Lactâncio, o Cristão, também relatou: "Quando a gente vê os homens lacerados por várias classes de torturas mas sem parecerem indomados, ainda que seus verdugos se fatiguem, devemos acreditar que o acordo entre estas pessoas e sua Fé invencível tem verdadeiro significado. Vemos que a perseverança humana por si só não poderia resistir a tais torturas sem a ajuda de Deus".

"Homens de corpo robusto não poderiam resistir a torturas como estas. Mas entre nós, os moços e as mulheres delicadas, para não dizer nada dos homens, vencem seus verdugos com o silêncio. Nem sequer o fogo os faz gemer o mínimo. Estas pessoas, os jovens e o sexo débil, suportam as mutilações do corpo e até o fogo, ainda que para eles exista uma escapatória. Facilmente poderiam evitar estes castigos, se assim o desejassem, ao negarem a Cristo. Mas o suportam de boa vontade porque confiam em Deus".

A Igreja e seus fiéis de hoje podem aprender várias lições valiosas dos primeiros Cristãos. Três fatores os punham em condições para viver como cidadãos de outro Reino, como um povo de outra cultura. A Igreja primitiva os apoiava até o fim, a mensagem da Cruz de Jesus era seguida à risca, como também a crença de que o homem tinha que colaborar com Deus para poder atingir a excelência Cristã nesta vida.



ENSINAMENTOS DO PASSADO - 4ª PARTE



20 dezembro 2012

A ÉPOCA JUSTIFICA A IGREJA MEDIEVAL? - DOES THE PERIOD JUSTIFY THE MEDIEVAL CHURCH?

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Na atualidade, a Igreja Católica Romana reconheceria que os horrores indizíveis que a Igreja medieval impôs aos hereges foram injustos. No entanto, em geral os Católicos tentam justificar a conduta da Igreja dizendo que esta só agia dentro das normas da sociedade medieval.

A sociedade de nossos dias não admitiria que alguém fosse queimado na fogueira, mas a sociedade medieval sim, queria isso.  A Igreja simplesmente marchava ao som das normas sociais daquela época! Mas, será que isso justifica a Igreja? Não, absolutamente.

Os valores e os mandamentos que Jesus nos deu são permanentes, não mudam com a sociedade. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. Já que o Reino de Deus não é deste mundo, as normas sociais que violam as normas do Reino são irrelevantes.

Ninguém justificaria um Cristão que adorasse imagens pagãs só porque essa era a norma na sociedade em que ele vivia. Jesus não nos disse: "Amai a vossos inimigos, a não ser que o governo e a Igreja digam que os tortureis".

Agostinho costuma ser creditado como o criador da doutrina da "guerra justa". Mas, na realidade não foi. Os filósofos e os governantes  pagãos gregos foram os primeiros a formular uma doutrina da guerra justa. Agostinho só se apossou do que eles tinham ensinado centenas de anos antes.

A verdade é que Agostinho justificou a guerra, e apresentou várias justificativas para a guerra em suas obras. No entanto, o mesmo Agostinho nunca disse que tinham que se cumprir todos estes critérios ou aspectos para que uma guerra fosse justa. Mesmo assim, baseados nos escritos de Agostinho, os teólogos medievais sugeriram uma lista de condições que tornariam justa uma guerra.

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Segundo estes teólogos, seria correto e justo um cristão matar outro homem somente se:

-Amar o homem que ele está matando.
-Matar numa guerra que se iniciou como último recurso depois de toda outra solução possível ter fracassado.
-Matar numa guerra feita para restabelecer os direitos que verdadeiramente foram violados, ou para se defender de demandas injustas impostas à força.
-Matar numa guerra feita sob a autoridade de um governante.
-Matar numa guerra  em que seu lado tem uma possibilidade razoável de ganhar.
-Procurar distinguir entre soldados e civis, e nunca matar civis de propósito.
-Matar numa guerra onde  a  matança  é "proporcional" ao fim que se procura.
-Matar numa guerra em que o bem que se procura por meio de sua violência, superar o mal que a violência produz.
-Matar numa guerra em que o lado vencedor nunca exigirá a total humilhação do lado perdedor.


Os critérios da "guerra justa" são uma clara violação dos Ensinamentos de Jesus. Por exemplo, os critérios da "guerra justa" propõem que, para ser justa, uma guerra deve ser travada para restabelecer os direitos que verdadeiramente foram violados, ou para se defender  das demandas injustas impostas pela força.

No entanto, Jesus já tinha abordado esse mesmo assunto. Ele disse que não devemos resistir ao que é mau.

Se alguém quiser lhe tirar sua túnica, permita-lhe que leve também sua capa. Se alguém lhe obrigar a levar carga por uma milha, vá com ele duas. Os cristãos não fazem guerra para restabelecer os direitos, eles sofrem as perdas de boa vontade. Eles oferecem a outra face. Eles não se vingam nem contra-atacam. Também não acreditam que estas coisas, como a matança, possam ser feitas com amor.

Quem decide se uma guerra é justa? Suponhamos por uns momentos que se uma guerra reunisse todos os critérios mencionados anteriormente, realmente seria justa aos olhos de Deus? Nesse caso, a próxima pergunta seria quem decide se uma guerra reúne estes critérios? A Igreja, os cristãos ou o Estado?

Agostinho responde, que o Estado é quem determina  isto. Portanto, como sabem os indivíduos cristãos se a guerra em que estão participando é realmente justa ou não? A resposta é que não sabem!

Agostinho reconhecia isto ao dizer: "Não há poder senão de parte de Deus, que ordena e permite. Portanto, um homem piedoso pode servir sob o domínio de um rei ímpio. Contudo, ele pode cumprir com o dever inerente à sua posição no Estado ao lutar sob a ordem de seu soberano".

"Pois em alguns casos é claramente a vontade de Deus que ele deve lutar. Mas, em outros casos, pode não ser tão evidente, pois talvez seja uma ordem injusta da parte do rei. No entanto, o soldado é inocente, porque sua posição faz com que a obediência seja um dever".

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Enfim, até a doutrina da "guerra justa" é uma farsa. Espera-se que o cristão obedeça inclusive às ordens injustas de seu rei, e que seja inocente ao fazê-lo.

Tal como Agostinho reconhecia, uma pessoa não pode conceder lealdade total a dois reis, um rei terrestre e um Rei Celestial. Portanto, sua solução era que enquanto estivermos aqui na terra, o rei terrestre deve receber nossa lealdade absoluta.

As únicas exceções seriam se o rei nos ordenasse que adorássemos falsos deuses ou nos ordenasse que crêssemos em falsas doutrinas não aprovadas pela Igreja. No entanto, a solução de Agostinho  é  totalmente  inaceitável  para Cristo.

Ele não nos permite que ofereçamos uma lealdade superior a nenhuma outra pessoa ou poder. Já que por ela, se um rei terrestre nos der uma ordem que viola os ensinamentos de Jesus, é ao rei terrestre a quem temos que desobedecer, e não ao nosso Rei Celeste.

O "cristianismo híbrido constantiniano" procura eximir os cristãos de qualquer responsabilidade individual para com Jesus Cristo. O híbrido propõe que a Igreja decide o que devemos crer ou praticar e, enquanto obedecermos à Igreja, estamos livres de qualquer culpa na esfera espiritual.

De maneira semelhante, o híbrido diz que é o governante secular quem decide quando é correto matar, torturar, desterrar ou saquear os outros.

Enquanto estivermos obedecendo a nosso governo, seremos inocentes diante de Cristo na esfera secular. E desde então, milhares de cristãos têm matado o seu próximo, e até os seus irmãos em Cristo, sem sentir nenhuma responsabilidade moral por esse ato. Afinal, eles só estavam cumprindo ordens!



19 dezembro 2012

O APOLOGISTA DO CRISTIANISMO HÍBRIDO - THE HYBRID CHRISTIAN APOLOGIST



St_Augustine

O Império Romano estava desmoronando. A Igreja estava se afundando no mundo, em lugar de alvoroçar o mundo. Tanto que o Reino de Deus precisava urgentemente de um Paulo ou de um João Batista que, de maneira audaz, fizesse frente e desafiasse todo o "cristianismo híbrido constantiniano".

No entanto, o que a Igreja conseguiu foi o principal defensor do híbrido que já existiu. Seu nome era Agostinho. Ele foi um homem muito característico de sua época, que aceitou totalmente o híbrido constantiniano e as mudanças que este trouxera à Igreja primitiva.

Ele foi um apologista muito capaz em favor do híbrido e, infelizmente, não houve nenhum porta-voz talentoso a favor do Reino de Deus. Portanto, naturalmente os argumentos de Agostinho prevaleceram. Mas, Agostinho fez bem mais do que só defender o híbrido.

Ele também procurou defender o Cristianismo ortodoxo contra as afirmações dos hereges, tais como os gnósticos. Seu método consistia em escutar a posição de seu adversário e depois adotar exatamente a posição contrária, para contra atacá-la.

O gnosticismo esteve entre as primeiras heresias que o Cristianismo primitivo enfrentou. O gnosticismo ensinava que o mundo material era mau, pois tinha sido criado por uma divindade diferente do Deus do Novo Testamento. Para apoiar sua posição, os gnósticos destacavam o fato de que os ensinamentos de Jesus eram diferentes dos de Moisés.

Por exemplo, o Deus do Antigo Testamento tinha mandado os israelitas irem à guerra, mas Jesus dizia a seus discípulos que amassem a seus inimigos. Logicamente, muitos gnósticos aceitavam os ensinamentos do Reino de Jesus, mas recusavam todo o Antigo Testamento por considerarem ser a obra de "outro deus". Eles até negavam que o Filho de Deus tinha sido feito homem.

St_Augustine

Os primeiros escritores Cristãos da Igreja primitiva, tais como Irineu e Tertuliano, já tinham defendido, de forma muito capaz, o Cristianismo primitivo histórico diante dos ensinamentos do gnosticismo. Estes primeiros defensores da fé argumentaram que não havia nenhum Deus novo entre o Antigo e o Novo Testamentos, mas apenas uma progressão da revelação de um para o outro.

A lei de Moisés fora uma guia que preparou os israelitas para Jesus Cristo. Os ensinamentos de Jesus eram a meta final para a qual a lei estava preparando os israelitas. No entanto, o híbrido constantiniano não concordava com estes argumentos.

O "cristianismo híbrido" era basicamente uma combinação da teologia do Novo Testamento com a moralidade e o estilo de vida do Antigo Testamento. Reconhecer que o Novo Testamento introduzia novas e maiores leis morais que o Antigo Testamento significava reconhecer que o híbrido estava equivocado e tal ideia não servia.

Por esta razão, Agostinho respondeu aos gnósticos, conhecidos em seu tempo como maniqueus, negando sua premissa fundamental. Ele propôs que os ensinamentos de Jesus não se diferenciavam dos do Antigo Testamento. Ele dizia que matar era tão lícito sob o Novo Testamento como o foi sob o Antigo Testamento.

Agostinho escreveu: "O que há de mau com a guerra? Com a morte de alguns, que de todas as formas logo morrerão para que outros possam viver em submissão pacífica? Isto é uma mera antipatia covarde e não um sentimento religioso.

"Os verdadeiros males da guerra são o amor à violência, a crueldade vingativa, a inimizade violenta e implacável, a resistência descontrolada, a ambição do poder e assim por diante. Em geral, quando é preciso força para se impor o castigo, é com o propósito de castigar estas coisas".

"É em obediência a Deus ou a alguma autoridade legal que os homens bons fazem as guerras. Pois eles se encontram numa posição tal com relação ao comportamento dos assuntos humanos, que uma conduta correta lhes exige agir ou fazer com que os outros ajam de determinada maneira".

St_Augustine

Sim, mas Jesus não disse que amássemos a nossos inimigos e que não resistíssemos ao que é mau? Agostinho também teve uma resposta para isso:

"Poderíamos supor que Deus não autoriza a guerra porque nos últimos tempos o Senhor Jesus Cristo disse; Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal, mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. No entanto, a resposta é que o que se exige aqui não é uma ação corporal, mas sim uma disposição interior", acrescenta Agostinho.

Em outras palavras, é correto matar contanto que você ame a pessoa a quem mata! Agostinho continuou: "O Senhor exige paciência quando diz; ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. Isto pode ser a disposição interior da pessoa, ainda que não se manifeste numa ação corporal ou por meio de palavras.

Pois quando o apóstolo foi golpeado, ele orou que Deus perdoasse os seus agressores no mundo vindouro, mas não pediu que a injustiça ficasse impune naquele momento. Interiormente, Ele manteve um sentimento de amor, enquanto que exteriormente desejou que o homem fosse castigado como um exemplo".

Esse tipo de lógica pode ganhar um argumento de palavras, mas não é "jogar limpo" com Jesus Cristo. Segundo Agostinho, podemos fazer os mesmos atos brutais que o mundo adota. Nossas ações podem ser tão violentas como as dos israelitas sob o Antigo Testamento, desde que nossos sentimentos interiores não sejam outra coisa senão bondade, paz e amor.

O que Agostinho não compreendia é que no Reino de Cristo os meios são sempre tão importantes como o fim. Os verdadeiros Cristãos não fazem uso de meios maus ou violentos numa tentativa de obter resultados piedosos. A "maneira" como fazemos algo é igualmente importante ao "que" fazemos.



13 dezembro 2012

A ERA DA TEOLOGIA - THE ERA OF THEOLOGY

theology

Em um breve período de menos de quinze anos aconteceram enormes mudanças no Cristianismo. O reino que antes não era "deste mundo" agora estava muito vinculado a um reino que de fato era deste mundo.

Como, em tão curto período de tempo, pôde se dar semelhante mudança de valores? Porque os líderes da Igreja não disseram nada a respeito? A razão é que os líderes tinham convencido a si mesmos que Deus estava mudando todas as regras.

Todas aquelas coisas que as Escrituras diziam a respeito da não-resistência, de amar os inimigos e de não fazer parte do mundo, se aplicavam a uma época diferente e a um paradigma diferente. Afinal de contas, a maioria dos Cristãos achava que Deus realmente estava abençoando a Igreja através de Constantino. Dava a impressão de que Deus era quem propiciava estas mudanças.

Os primeiros Cristãos tinham orado pelo fim da perseguição, e tudo isto parecia ser uma resposta às suas orações. Mas será que tudo isto era uma bênção de Deus ou era uma prova de Fé que Deus estava permitindo trazer para a Igreja? Como podiam saber os Cristãos do século IV?

Havia uma maneira bastante fácil pela qual a Igreja do século IV podia saber. Bastava continuar fazendo as coisas à maneira do Reino de Deus! Simplesmente não deviam se desviar, nem no menor ensinamento, de Cristo.

Como dito em Hebreus: "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente". Assim, até que Ele volte, não haverá nenhuma mudança na forma de dirigir o Seu Reino, como também não haverá nenhuma mudança em Suas leis.

Se Constantino tivesse sido enviado por Deus como uma "bênção", a Igreja não teria necessitado fazer nenhuma concessão, muito menos teria tido que atenuar sua mensagem. Os Cristãos apenas deviam ter permanecido fiéis ao Reino de Deus e logo teriam visto se este imperador era uma bênção ou não.

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Após o Concílio de Niceia, a Igreja primitiva considerou que a essência do Cristianismo seria a teologia. A Igreja primitiva acreditou que as pessoas podiam ser Cristãs simplesmente ao darem a aprovação mental a uma lista de doutrinas, sem uma mudança radical em suas vidas. E mais ainda! A Igreja primitiva já não estava satisfeita com a teologia elementar do Evangelho de Deus.

Ao contrário, agora estava se concentrando em pontos minuciosos da teologia que o Cristão comum provavelmente não chegaria a compreender. Desta maneira foi como Niceia deu origem a um tipo de Cristão totalmente novo: o teólogo ou pai da Igreja primitiva. E desde o aparecimento destes teólogos a Igreja não teve um único ano de paz, livre das polêmicas teológicas.

O bispo do século IV, Hilário de Poitiers, afirmou: "A semelhança parcial ou total do Pai e do Filho é um tema de discussão para estes tempos convulsos. A cada ano, ou, cada mês; inventamos novos credos para descrever mistérios invisíveis".

"Arrependemo-nos do que fizemos, defendemos os que se arrependem e anatematizamos aqueles a quem defendemos. Condenamos a doutrina dos outros em nós mesmos, ou a nossa própria na dos outros. E, rasgando-nos uns aos outros, de forma recíproca, temos sido a causa da ruína de todos".

O século IV foi testemunha de vários concílios da Igreja e as discussões entre os teólogos tornaram-se cada vez mais viciosas. Estes teólogos, sem exceção, não atribuíam a si mesmos outra coisa a não ser virtudes e motivos puros, mas não imputavam a seus adversários nada a não ser maldades e motivos ocultos.

Ninguém estava disposto a achar que os erros defendidos por seus adversários poderiam ser inocentes ou que sua Fé fosse ao menos sincera!

teologia

Ninguém era capaz de aproximar-se de seu irmão com amor numa tentativa de ajudá-lo a ver a verdade. Ao contrário, os teólogos só procuravam refutar e condenar seus adversários.

Não é de estranhar que um historiador secular romano desse tempo, Amiano Marcelino, dissesse que a inimizade que os Cristãos sentiam uns pelos outros ultrapassava a fúria das bestas selvagens contra os homens.

Um século após Niceia a Igreja já achava que o simples fato de estudar a Bíblia não era suficiente para dar a alguém um entendimento correto da Fé.

Assim, tornara-se necessário estudar os escritos destes novos "pais da Igreja" e seus decretos dos vários concílios. Só pelo fato de um homem ser devoto e bem familiarizado com as Escrituras não significava que estivesse capacitado para pregar na Igreja.

O que importava não era o conhecimento da pessoa sobre o que as Escrituras diziam, mas sim, o seu conhecimento do que a Igreja dizia!

Uma vez que o veneno deste "novo cristianismo" fez seu efeito até no mais profundo da Igreja, esta declarou que ninguém, não importava o quanto fosse piedoso, poderia pregar o Evangelho; seja dentro ou fora de uma Igreja, sem a autorização oficial da mesma: pregar sem uma licença tornou-se um delito punido com prisão e até com a morte.

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Esta nova lei não foi necessariamente criada porque a Igreja queria deliberadamente manter o povo nas trevas. Segundo ela, os pregadores sem licença poderiam acabar entendendo as Escrituras erroneamente e, desse modo, enganar o povo fazendo com que perdessem a vida eterna.

Mas novamente a Igreja estava fazendo uso dos meios humanos para resolver os problemas em vez de confiar nos métodos de Deus.

Em seu entusiasmo de adotar definições extrabíblicas e uma teologia complexa, a Igreja terminou convertendo a Bíblia num livro perigoso. A Igreja opinava que os Cristãos que lessem a Bíblia por conta própria não poderiam chegar à doutrina "verdadeira", pois tais Cristãos quase sempre cairiam em heresias.

Os primeiros Cristãos já não podiam "escutar" tudo aquilo que o próprio Jesus Cristo disse com palavras claras. Em vez disso, tinham que acreditar no que a Igreja lhes dizia. Com o tempo, a Igreja chegou ao ponto de achar que uma pessoa poderia acabar perdendo sua alma por ler e crer nas Escrituras.

Em consequência disto, em 1229, o sínodo de Toulouse aprovou uma lei canônica: "Não é permitido aos leigos possuir os livros do Antigo e do Novo Testamento, mas somente o Saltério, o Breviário ou o Pequeno Ofício da Virgem Bendita. E estes livros não devem estar na língua vernácula".

Assim, a Bíblia foi convertida num livro perigoso. De algum modo, as palavras de Jesus e dos apóstolos já não eram seguras para as pessoas incultas lerem.



12 dezembro 2012

CONSTANTINO, O GRANDE - CONSTANTINE, THE GREAT

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Flavius Valerius Constantinus, também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande, foi um imperador romano nascido no ano 272 d.C., que governou o Império até a sua morte, em 337.

Somente por volta de 317 d.C. é que ele passou a adotar lemas e símbolos Cristãos, como o emblema, por ele criado, que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo, "X" e "P" superpostos.

Um ano após o Concílio de Niceia, em 326, durante uma viagem solene a Roma para a comemoração dos seus vinte anos de reinado, Constantino mandou matar seu próprio filho, suspeito de intrigar para destroná-lo.

Pouco depois, estrangularia sua segunda mulher, Fausta, no banho. Mandou também estrangular o cunhado Licínio, que havia se rendido a ele em troca da vida, e chicoteou até a morte seu próprio sobrinho.

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Constantino queria melhorar a sociedade romana e proibir as coisas que eram ofensivas a Deus. No entanto, ele não era um Cristão nascido de novo. Ele era um homem "deste mundo".

Portanto, a única maneira que conhecia para conseguir seus objetivos era por meio dos métodos do mundo, os quais com frequência se tornaram cruéis e brutais. Por exemplo, Constantino fez com que o assédio sexual e a sedução se convertessem em delitos bem mais graves do que eram antes.

Mas as penas que impôs a estes delitos foram horríveis. Queimar viva a pessoa acusada, fazer com que feras selvagens a despedaçassem no anfiteatro ou derramar chumbo derretido em sua garganta.

Além disso, Constantino  e  seus  servidores  públicos  continuaram praticando  rotineiramente  as  torturas,  tal  como  seus  predecessores pagãos. Com o passar dos anos, Constantino se degenerou num governante cruel e autocrático que torrou os fundos públicos como um marinheiro embriagado.

Para pagar seus muitos gastos, ele sobrecarregou o povo com alguns dos impostos mais altos que o Império jamais havia experimentado. Constantino amava o poder  terrestre  e  foi  cruel  em seu desejo de protegê-lo.

Por exemplo, ele instituiu um sistema de espiões por todo o Império para que o mantivessem a par de qualquer crítica, qualquer possível adversário e qualquer  preparativo para uma rebelião.

Se os espiões acusassem alguém de traição, as autoridades prendiam o acusado e o levavam à força a Milão ou Constantinopla para responder às acusações. Caso não houvesse suficiente evidência contra o acusado, os carcereiros o torturavam até que confessasse seu "crime". O fato de o acusado ser um Cristão não mudava em nada sua sentença.

Discourse

Em 313 d.C., Constantino e seu cunhado Licínio proclamaram em conjunto o edito de Milão. Constantino governava o Império Romano Ocidental e Licínio governava o Oriental. Mas Constantino realmente não desejava um Império dividido.

Sua ambição era governar todo o Império Romano, e temia que Licínio pudesse ter a mesma ambição. Portanto, no ano 324, Constantino invadiu o território governado por Licínio. Ele justificou isto perante a Igreja alegando que Licínio havia novamente começado a perseguir os Cristãos.

Diferentemente de todas as guerras romanas anteriores, nesta guerra contra Licínio os soldados Cristãos participaram da matança. Constantino pediu aos bispos da Igreja primitiva que acompanhassem o seu exército e orassem por eles durante a batalha.

Também mandou  que  se construísse uma cruz enorme como um estandarte de guerra,  a qual seus soldados carregaram como um talismã que garantiria a vitória.

Segundo a lenda, na noite anterior à batalha, Constantino sonhou com uma cruz onde estava escrito em latim: "In hoc signo vinces", sob este símbolo vencerás. Finalmente, as tropas de Constantino foram vitoriosas e Licínio foi feito prisioneiro.

Agora ele era o único governante do Império Romano, e proclamou que Deus tinha feito ser assim!

Após sua vitória, Constantino fez uma promessa solene à sua irmã Constância, esposa de Licínio, prometendo-lhe que permitiria a Licínio passar o resto de sua vida em paz e tranquilidade. Ele inclusive confirmou esta promessa com um juramento.

No entanto, em menos de um mês, Constantino mandou executar Licínio. Ele não podia permitir que qualquer adversário em potencial permanecesse vivo.

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O fato de Constantino ter sido um imperador de legitimidade duvidosa influiu nas suas decisões religiosas e ideológicas. Enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, ele apresentava-se como o protegido de Hércules, deus que era o padroeiro de Maximiano na primeira tetrarquia.

Depois, Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, o deus sol invicto.

Há dúvidas se ele realmente se tornou Cristão. Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões, o Cristianismo e o paganismo. Como sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus direitos.

No dia anterior ao da sua morte Constantino fez um sacrifício a Zeus, e até o dia da sua morte não havia sido batizado!

Assim, Constantino não participou de qualquer ato litúrgico em sua vida, como a Missa ou a Eucaristia. Era uma prática comum na época retardar o batismo, que oferecia a absolvição a todos os pecados, para não "desperdiçar" a sua eficácia e efeito antes do fim da vida.

Constantino, por força do seu ofício de imperador, percebeu que suas oportunidades de pecar eram enormes e adiou seu batismo até o dia em que estivesse morrendo. Mas não deu tempo!

Foi sucedido por seus três filhos com Fausta, Constantino II, Constante e Constâncio II. Estes dividiram entre si a administração do império até que, após uma série de lutas, Constâncio II emergiu como imperador.

Triumph

Após a morte de Constâncio, um sobrinho de Constantino chamado Juliano tornou-se o novo imperador. Juliano foi um dos poucos membros de sua família que conseguiu escapar do massacre levado a cabo por Constâncio.

Ele tinha visto suficiente do "cristianismo" em ação e não queria ter nada a ver com ele.  De maneira que, embora tolerasse os primeiros Cristãos, Juliano procurou reviver o paganismo clássico no Império. Mas seus esforços fracassaram.

Um ano após a morte de Juliano, um Cristão "fiel' da Igreja chamado Valentiniano foi  proclamado como o novo imperador. Como Cristão católico, Valentiniano viveu uma vida casta e promoveu muitas leis louváveis.

Por exemplo, ele estabeleceu um médico público em cada um dos catorze distritos de Roma para que cuidasse dos pobres. Ele permitiu a liberdade de religião para os pagãos, os judeus e os primeiros Cristãos de todos os credos.

A vida sob o governo de Valentiniano deve ter  sido a era de ouro que os primeiros Cristãos estavam esperando. No entanto, não foi assim. Tal como os imperadores Cristãos que o precederam, Valentiniano nunca viveu um só dia sem o temor de que alguém lhe desse um golpe e lhe arrebatasse seu precioso trono.

Portanto, igual a Constantino, ele fez uso de espiões para tentar detectar qualquer deslealdade, particularmente daqueles que podiam se converter em adversários potenciais.

Valentiniano media a eficácia de seus governadores e magistrados de acordo com a quantidade de execuções  que  estes levassem a cabo em seus tribunais. Os espiões e os inimigos políticos com freqüência apresentavam acusações infundadas inclusive contra cidadãos respeitáveis.

As confissões obtidas por meio das torturas cruéis eram consideradas como evidência sólida contra os acusados. Muitas famílias ricas ficaram empobrecidas e centenas de senadores, chefes e filósofos padeceram de mortes vergonhosas em masmorras úmidas e câmaras de tortura.

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Cidadãos inocentes em todas as partes viviam atemorizados de que alguém, por qualquer razão, os acusasse de traição. Valentiniano adotou a posição de que a suspeita equivalia à prova quando se tratasse de traição ao seu governo.

A ofensa mais mínima ou imaginária poderia resultar na amputação da língua de um cidadão, ou em lançá-lo vivo na fogueira!

Um historiador fez a observação de que as palavras que Valentiniano mais usou foram: "Decapitem-no, queimem-no vivo e golpeiem-no com porretes até que morra".

Ele podia observar calmamente os cidadãos torturados se retorcerem em agonia e não sentir absolutamente nenhuma compaixão por eles. Também não achava que isto de alguma maneira violasse suas crenças "cristãs".

Finalmente, o próprio gênio descontrolado de Valentiniano veio a ser sua ruína. Um de seus servidores públicos havia convidado um rei bárbaro para um banquete, mas depois, de forma traiçoeira, o assassinou.

Em resposta a este ato, a tribo bárbara do rei assassinado adotou represálias contra os  romanos, saqueando várias províncias do Império. Em lugar de se desculpar pelo assassinato e procurar a reconciliação, Valentiniano dirigiu seus exércitos romanos contra os bárbaros e obteve uma vingança sangrenta.

Quando os embaixadores dos bárbaros vieram à tenda de campanha de Valentiniano para pedir clemência, ele se enfureceu tanto que seu rosto ficou quase da cor púrpura.

Valentiniano gritou com os mensageiros até não poder mais. No entanto, devido à sua fúria, um vaso sanguíneo de seu cérebro rompeu-se e ele morreu instantaneamente!



08 dezembro 2012

ALTERANDO A PALAVRA DE DEUS - CHANGING THE WORD OF GOD

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O ano 325 d.C. encontrou a Igreja primitiva enredada numa polêmica inflamada sobre a natureza do Filho de Deus e de Seu Pai. Os dois defensores principais nesta disputa eram Alexandre, bispo de Alexandria, e Ario, um ancião ou presbítero da mesma cidade.

Considerando-se como uma espécie de bispo universal, Constantino se encarregou de convocar um concílio mundial de bispos na cidade de Niceia a fim de resolver esta disputa. Ele inclusive dirigiu o mesmo concilio.

Vejamos antes do relato do caso, para uma maior compreensão da sua gravidade, alguns antecedentes sobre a natureza da heresia de Ario discutida no concílio. Abordaremos desta forma, a discussão antiga sobre a diferença entre "a natureza" e "a ordem".

Desde o primeiro século, a Igreja primitiva tinha mantido certas interpretações elementares a respeito do Pai e o Filho. Estas interpretações estavam bem fundadas nas Escrituras. Para compreender os ensinos históricos da Igreja sobre o Pai e o Filho, devemos entender a diferença entre "a natureza" e "a ordem".

Na Teologia, "natureza" ou "substância" refere-se à essência ou classe a qual pertence uma pessoa ou criatura. Todos os seres humanos são da mesma natureza ou substância. Nenhum homem ou mulher é menos humano do que qualquer outra pessoa.

No entanto, os seres humanos se diferenciam uns dos outros no que diz respeito à ordem ou às posições de autoridade. O presidente tem autoridade sobre o vice-presidente, por exemplo. Estas duas pessoas são iguais em natureza, mas se diferenciam em ordem. 

Pois bem, a Igreja primitiva sempre ensinou que o Pai e o Filho são da mesma natureza ou substância. O Filho não é algo alheio ao Pai. Ele não tem a natureza dos anjos, mas possui a mesma natureza que o Pai. Tanto o Pai como o Filho são igualmente Divinos. O Filho possui a verdadeira divindade, assim como o Pai.

No entanto, existe uma diferença de ordem ou autoridade entre o Pai e o Filho. A igualdade de natureza não significa igualdade de ordem. Assim como há uma hierarquia de ordem entre marido e esposa, também há uma hierarquia de ordem dentro da Trindade.

Paulo explicou isto ao dizer: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo".

O Pai tem autoridade sobre o Filho. O Filho é enviado pelo Pai. O Filho faz a vontade do Pai. E o Filho assenta-se à direita do Pai. Esta hierarquia de ordem não pode ser invertida. Mas esta diferença na ordem de jeito nenhum diminui a divindade do Filho.

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Quando os Cristãos não entendem a diferença entre natureza e ordem, terminam com um entendimento confuso sobre a Trindade. E esse era o problema com o ancião do século IV, Ario. Ele confundiu a natureza e a ordem.

Devido à hierarquia de ordem que há na Trindade, Ario erroneamente achou que também há uma hierarquia de natureza ou substância. De modo que ele sustentava que o Filho não é da mesma natureza que o Pai. Ao contrário, dizia que o Filho estava em alguma posição entre os anjos e o Pai.

Constantino convocou um concílio mundial na cidade de Niceia. No entanto, desde a primeira assembléia chamada Concílio de Niceia, os partidários de Ario logo se deram conta de que iriam perder o debate, já que estavam superados numericamente.

Nesse momento, fizeram concessões importantes e pediram tolerância em vista da natureza incompreensível das questões em discussão. Eles inclusive acordaram em não empregar nenhuma linguagem ou expressões que não aparecessem nas Escrituras. 

No entanto, em vez de se aproximarem de Ario e seus partidários com amor, e com a intenção de acabar com esta divisão teológica na Igreja primitiva, os bispos ortodoxos receberam com desdém suas concessões e suas propostas de reconciliação.

Para melhor dizer, os bispos procuraram propositadamente uma resolução que tornasse irreconciliável o racha entre as duas partes. No entanto, nenhum bispo quis sugerir que o concílio fizesse o que anteriormente tinha sido inconcebível. Acrescentar algo às Escrituras.

De maneira que o concílio se encontrava num impasse. Nesse momento, Constantino interveio novamente para "ajudar" a Igreja!

Ele sugeriu que os bispos mudassem o simples credo que tinha servido à Igreja primitiva durante 300 anos e lhe acrescentassem a palavra homoousian (da mesma natureza), dizendo que o Pai e o Filho eram homoousian. Os bispos logo aceitaram a solução de Constantino e adotaram este novo credo.

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Niceia marca uma mudança decisiva na história Cristã, porém uma mudança para pior. Isso porque o credo niceno introduziu quatro novas corrupções na Igreja que a afastaram mais e mais do Reino de Deus e do Cristianismo primitivo original.

Após o Concilio de Niceia, a Igreja primitiva fez correto em excomungar Ario, responsável pela dissensão entre o clero e o ensino de falsas doutrinas.

Nos três primeiros séculos do Cristianismo primitivo, o assunto teria concluído aí. No entanto, Constantino foi além e desterrou Ario de sua cidade natal, de Alexandria, à província da Ilíria, do outro lado do Mar Mediterrâneo.

Constantino depois ordenou que queimassem todos os escritos de Ario e declarou que qualquer um que fosse surpreendido com seus escritos de seria executado.

Em vez de se oporem a estas medidas, os bispos aplaudiram-nas. Quatorze anos antes, os primeiros Cristãos eram os perseguidos. Agora eles eram os perseguidores. Constantino chegou a achar que a tarefa mais importante do magistrado civil era preservar e apoiar a fé "católica". 

Para Constantino, os hereges ou cismáticos que se opusessem às suas ordens não eram outra coisa senão criminosos rebeldes!

Com o tempo, ele começou a adotar quase palavra por palavra a linguagem dos decretos de Diocleciano, que tinha iniciado a última grande perseguição contra os primeiros Cristãos, e a aplicar essa linguagem aos vários decretos destinados a reprimir os hereges.

Este novo tipo de perseguição acabou sendo mais perniciosa em seus efeitos do que qualquer outra levada a cabo pela Roma pagã de anos atrás.

Esta nova perseguição, diferente da perseguição pagã, não escolheu como alvo todos os que acreditavam em Jesus como seu Senhor e Salvador, mas sim teve como alvo só aqueles a quem a Igreja institucional chamava de hereges.

Na verdade, os arianos eram hereges. Mas isso não justificava que os perseguissem. Além do mais, muitos dos que a Igreja perseguiu após isso não eram hereges, mais sim verdadeiros Cristãos do Reino de Deus.

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Com frequência, a perseguição não só escolhia como alvo os Cristãos inocentes do Reino, pois também manchava de sangue as mãos dos próprios perseguidores e os arrastava para a conduta depravada do mundo.

Os primeiros Cristãos começaram a imaginar que podiam empregar os instrumentos de satanás se o fizessem com um propósito "santo".

A perseguição tornou muito difícil a possibilidade de a Igreja algum dia ser reformada ou restaurada à sua pureza original, visto que qualquer reformador potencial logo era chamado de herege e depois silenciado.

Ao instituir a perseguição patrocinada pela Igreja primitiva, o Concílio de Niceia desfez qualquer bem que poderia ter resultado do Concílio. Em muitos sentidos, o impacto que o Concílio de Niceia teve sobre a teologia foi até mais grave que seu impacto sobre a perseguição.

Isso deveu-se ao fato de que o Credo Niceno fez com que a ortodoxia dependesse de uma palavra que nem sequer aparece nas Escrituras, "Homoousian".

No entanto, ao converter uma palavra que nunca se usa na Escritura na pedra de toque da ortodoxia, Niceia abriu uma caixa de Pandora pois, basicamente, o Concilio estava propondo que as Escrituras eram inadequadas!

O Concílio propunha que havia verdades essenciais, sem as quais não podemos ser salvos, que não estão expressas de maneira específica nas Escrituras.

Em vez de confiarem em Deus e crer que Suas Escrituras eram adequadas, os bispos do primeiro Concílio recorreram à solução humana para resolver a controvérsia. E o que se seguiu causou mais dano à Igreja primitiva do que qualquer prejuízo que Ario tivesse causado.

Já que os bispos tinham ido além das Escrituras, eles quase imediatamente viram a necessidade de declarar que a decisão do Concílio de Niceia tinha sido inspirada por Deus e que era de igual valor às Escrituras.

Para melhor dizer: "Estavam afirmando que as revelações especiais não haviam terminado com os apóstolos. Depois de um lapso de mais de duzentos anos, o Espírito Santo supostamente estava novamente dando uma revelação especial do mesmo nível das Escrituras".

Até nossos dias, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental declaram categoricamente que os pronunciamentos do Concílio de Niceia e dos outros chamados concílios ecumênicos têm a mesma autoridade que as Escrituras!