A maioria dos agricultores no Brasil ainda utiliza pesadamente inĂșmeros agrotĂłxicos proibidos hĂĄ anos no mundo, e com a 'ajuda' da nova regulamentação que estabelece o risco de morte como o Ășnico critĂ©rio para determinar a toxidade do agrotĂłxico, somada Ă proliferação da monocultura em larga escala e a aprovação do uso de 300 novos pesticidas nas lavouras, a situação tornou-se muito mais grave.
O Brasil Ă© o maior consumidor mundial de agrotĂłxicos, e os decorrentes casos de intoxicação por pesticidas e quĂmicos resultaram numa crise galopante no paĂs. Em 2018, segundo a 'Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental', foram registrados no Brasil mais de 7.000 casos de intoxicação e dezenas de mortes relacionadas ao uso de agrotĂłxicos, e para cada caso 50 nĂŁo foram notificados.
As isençÔes fiscais beneficiam a indĂșstria agroquĂmica no Brasil em US$ 2 bilhĂ”es/ano segundo os pesquisadores, enquanto os grupos de pressĂŁo trabalhando para as indĂșstrias argumentam que os agrotĂłxicos sĂŁo absolutamente necessĂĄrios. Por outro lado, os defensores do meio ambiente afirmam que o povo Ă© que sofre o impacto da contaminação enquanto as empresas internacionais obtĂ©m lucros absurdos.
Somos dominados pelas seis grandes multinacionais agroquĂmicas: Syngenta, Bayer-Monsanto, Arysta, Corteva, Alzchem e DuPont, que mantĂȘm o controle de 80% do setor de pesticidas e quĂmicos industriais. Este oligopĂłlio formado por empresas americanas e europeias na sua maioria, continua lucrando com a venda de produtos proibidos no mundo hĂĄ dezenas de anos, assim como nos seus prĂłprios paĂses!
O poderoso lobby do agronegĂłcio tem trabalhado diligentemente para influenciar e convencer os polĂticos, para que suspendam as Ășltimas restriçÔes e liberem vĂĄrios pesticidas no mercado brasileiro. Agora, com os novos critĂ©rios de toxicidade cuja a morte do ser humano Ă© o Ășnico padrĂŁo para determinar o perigo do produto utilizado, eliminando as doenças correlatas Ă intoxicação, os casos de morte aumentarĂŁo descontroladamente.
Em 2018, durante a anĂĄlise dos relatĂłrios dos fabricantes de agrotĂłxicos, os pesquisadores concluiram que a Europa exportou 100.000 toneladas de pesticidas proibidos para 70 paĂses, e o Brasil foi o maior comprador. Os agrotĂłxicos mais perigosos sĂŁo o glifosato, paraquat, cianamida, trifluralina, acetocloro, atrazina e dicloropropeno. O Reino Unido encabeçou a lista de vendedores com 80% das exportaçÔes para os paĂses em desenvolvimento.
O Roundup da Monsanto, foi classificado pela AgĂȘncia Internacional de Pesquisa sobre o CĂąncer e a Organização Mundial da SaĂșde como um carcinĂłgeno humano perigoso. Um estudo publicado no 'Environmental Health News' relatou que a exposição crĂŽnica Ă s baixas doses do glifosato do produto levou a efeitos adversos no fĂgado e nos rins dos seres humanos, e que sua toxicidade Ă© uma preocupação crescente.
A utilização do Roundup tambĂ©m prejudica a capacidade das plantas capturarem o carbono do ar. Seu princĂpio ativo Ă© o glifosato que afeta negativamente o microbioma do solo e destrĂłi sua capacidade de voltar a ser um meio nutritivo para a produção de safras futuras. A agricultura orgĂąnica ou biolĂłgica regenerativa seria a solução para o setor agrĂcola sustentĂĄvel, pois assegura a qualidade do solo e dos aquĂferos.
O pesticida mais vendido da Syngenta, o Paraquat, Ă© tĂŁo perigoso que apenas uma gota pode ser letal. O paraquat foi banido pela ANVISA em 2017 e teve um prazo de trĂȘs anos para ser retirado do mercado, mas no ano seguinte, cerca de 14.000 toneladas do Paraquat foram vendidas no Brasil. Dados do MinistĂ©rio da SaĂșde revelaram que Ă© o agrotĂłxico que mais tirou a vida de brasileiros na Ășltima dĂ©cada.
A ANVISA tambĂ©m manteve o glifosato no mercado e reduziu a classificação toxicolĂłgica de 93 produtos usando o seu nĂvel de toxidade como parĂąmetro. Todos pesticidas que eram considerados como extremamente tĂłxicos foram reclassificados para: produto improvĂĄvel de causar danos agudos. Isso significa que agrotĂłxicos contendo glifosato, por exemplo, nĂŁo precisam mais carregar o alerta de risco de vida na embalagem.
Um dos grupos mais vulnerĂĄveis no que diz respeito ao uso dos defensivos agrĂcolas sĂŁo os agricultores que ingressaram nesta dinĂąmica mortal por meio da famĂlia ou conhecidos. Normalmente, eles carecem de qualquer treinamento formal e quase nĂŁo tĂȘm acesso ao equipamento de proteção adequado ao lidar com esses pesticidas. AlĂ©m disso, eles nĂŁo recebem assistĂȘncia do governo quando ocorrem acidentes.
Em muitos casos, os sintomas iniciais de intoxicação passam despercebidos e acabam não sendo associados ao envenenamento por agrotóxicos. Os profissionais médicos também não são adequadamente treinados para diagnosticar envenenamento por pesticidas, especialmente em åreas rurais remotas. Os testes de laboratório para estudos de exposição são limitados ou inexistentes.
Um estudo sobre as ĂĄguas subterrĂąneas e hidrovias que alimentam o abastecimento pĂșblico de ĂĄgua potĂĄvel no Brasil, encontrou um nĂvel de contaminação por pesticidas na ordem de 80% em todas as fontes de ĂĄgua doce e reservatĂłrios dos Estados. Todos continham altos nĂveis de pesticidas e dos produtos degradados: os elementos resultantes da transformação abiĂłtica dos pesticidas em outros compostos tĂłxicos.
As prĂĄticas orgĂąnicas no manejo do solo, especialmente na agricultura sustentĂĄvel, sĂŁo uma solução para a contaminação dos cursos de ĂĄgua e lençóis freĂĄticos. Estas prĂĄticas sĂŁo amplamente adotadas no mundo civilizado, uma vez que resultam em enormes efeitos salutares sobre a saĂșde humana, dos ecossistemas e seus habitantes naturais, evitando o extermĂnio das populaçÔes dos artrĂłpodes polinizadores e pĂĄssaros.
A monocultura e os pesticidas tĂłxicos ameaçam as abelhas nativas no Brasil, e os produtores continuam a desafiar a proteção ambiental atravĂ©s do uso desmedido de agrotĂłxicos. O Brasil abriga mais de 300 espĂ©cies de abelhas nativas, a maioria da espĂ©cie mansa e sem ferrĂŁo, as quais ajudam na polinização das valiosas safras agrĂcolas e mantĂ©m o ecossistema primĂĄrio saudĂĄvel e funcional.
No entanto, o uso intensivo de quĂmicos na agricultura e a devoção Ă monocultura ainda representam uma sĂ©ria ameaça para as abelhas e outros insetos polinizadores. A eliminação dos pesticidas seria fundamental para proteger estes polinizadores crĂticos e Ășnicos que garantem o suprimento de alimentos para a população, pois sem eles a agricultura itinerante tĂpica das regiĂ”es tropicais seria impossĂvel de se realizar.
Ă provĂĄvel que os apelos em relação aos direitos humanos e ambientais sejam ignorados no Brasil, pois este desamparo jĂĄ nos custou 5.000 km2 de perda da cobertura florestal na AmazĂŽnia para o plantio da soja e a agropecuĂĄria. Enquanto a AmazĂŽnia queima sem descanso os ativistas pedem ajuda ao mundo, enquanto os grupos locais de mineração travam uma luta mortal com as tribos indĂgenas pela posse da terra.
A floresta amazĂŽnica Ă© o maior sumidouro de carbono terrestre do planeta, um santuĂĄrio que abriga a mais rica biodiversidade da Terra. Ă o lar de aproximadamente 400 tribos indĂgenas. A biodiversidade dos animais polinizadores nas terras administradas pelos indĂgenas Ă© muito superior Ă s das ĂĄreas consideradas protegidas pelos 'parasitas humanos'. Assim, a diversidade das espĂ©cies depende das terras indĂgenas.
Um novo relatĂłrio descobriu que a medida que os pĂĄssaros e polinizadores continuam a diminuir e as doenças crĂŽnicas dos humanos aumentar, a indĂșstria agroquĂmica global continua arrecadando bilhĂ”es de dĂłlares com a venda dos seus pesticidas perigosos que contribuem para estas crises disfuncionais. As maiores vendas dos pesticidas das empresas agroquĂmicas sĂŁo dos produtos mais tĂłxicos e perigosos.
As organizaçÔes agroquĂmicas, junto com a indĂșstria do agronegĂłcio, estĂŁo lucrando muito Ă s custas da vida das populaçÔes, alĂ©m de contribuir para a contaminação das ĂĄguas, a degradação ambiental e a perda da biodiversidade da natureza. E o Brasil, o 'patinho' preferido das indĂșstrias quĂmicas, permite o uso de pesticidas altamente perigosos que hĂĄ muito foram banidos devido ao alto risco inerente Ă estes produtos carregando venenos mortais.
No total, nossos alimentos sĂŁo bombardeados atualmente por 3.000 produtos tĂłxicos comercializados por todo o Brasil. A inĂ©rcia dos governantes que desencadeou esta onda catastrĂłfica de pesticidas e quĂmicos perigosos, tambĂ©m foi responsĂĄvel pelo desmatamento da AmazĂŽnia e a mineração extensiva que envenena os cursos fluviais, o que afetarĂĄ o meio ambiente. Agora, precisamos direcionar o Brasil para o construtivo caminho do desenvolvimento sustentĂĄvel.
A agricultura orgĂąnica demonstra que podemos migrar sem prejuĂzos os sistemas agrĂcolas tradicionais para os que promovem a biodiversidade e fornecem alimentos mais nutritivos e isentos de agrotĂłxicos; contribuindo para o crescimento econĂŽmico e a saĂșde da população. Se vocĂȘ estĂĄ ciente dos riscos do uso de pesticidas nos alimentos, considere adotar uma alimentação baseada em produtos orgĂąnicos, ou mais distinta, para a sua famĂlia.









1 comentĂĄrios:
O problema é que a questão nunca serå resolvida porque a população perdeu a capacidade de se indignar e fazer valer seus direitos.
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