Vejamos uma das mais desafiadoras leis revolucionárias de Jesus que diz respeito ao que a maioria dos seres humanos procura: riqueza e prosperidade. Raramente os governos terrestres proíbem que seus cidadãos acumulem seus "tesouros", mas o "governo" de Jesus o proíbe:
"Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam".
Como? Não posso acumular "tesouros" aqui na Terra? Porque não? Jesus explica: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom".
Em resumo, Jesus tem que ser o único Senhor! A maioria dos governos terrestres não se opõe a que sirvamos às riquezas, com a condição de que também cumpramos com as obrigações que nos impõem. No entanto, em tempos de guerra, até os governos terrestres esperam que ponhamos a nação acima de nossas preocupações materiais.
O Reino de Deus não é diferente, mas exige mais do que os governos terrestres. E o mais importante é que o Reino de Deus vive continuamente em tempos de guerra! A busca das coisas materiais sempre estará em conflito com os compromissos que o Reino exige de nós. Isso então significa que devemos deixar nossos empregos ou parar os nossos negócios? Não necessariamente.
Jesus explicou: "Por isso vos digo. Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário pelo qual andais solícitos?
Olhai para os lírios do campo, como eles crescem, não trabalham nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como qualquer um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, que beberemos ou com que nos vestiremos? Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas. Mas, buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas".
Jesus não disse que não podemos nos prover de coisas materiais para nós e nossas famílias, mas sim, que temos que procurar primeiramente o Reino de Deus — nossos empregos e negócios têm que ser deixados em segundo plano se quisermos permanecer em Seu Reino.
E o que Jesus promete se buscarmos primeiro o Seu Reino? Prosperidade material? Não. Ele simplesmente nos promete que Deus proverá as nossas necessidades primordiais, o alimento e o vestuário. Quando se trata de bens materiais o Reino de Deus não só tem leis diferentes mas todos os seus valores são completamente diferentes. E levantando os olhos para os seus discípulos, Jesus dizia: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus".
Tornamo-nos tão insensíveis às bem-aventuranças que nem sequer notamos a declaração revolucionária e radical de Jesus neste versículo. É uma bênção ser pobre? Quantos de nós cremos nisso? Sério, quantos de nós realmente crê nisso?
Quando passamos pela casa de um Cristão pobre talvez digamos em nosso coração: "Que bênção! Veja como Deus abençoou essa família". Sejamos honestos, não dizemos algo assim porque realmente não cremos em nosso coração que a pobreza é uma bênção. Em contrapartida, alguns Cristãos mostram sua bela casa e seus abundantes bens, dizendo: "Veja o que o Senhor nos deu!"
Quando é que iremos acordar e crer em Jesus quando Ele nos diz: "Mas ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação". A prosperidade é uma armadilha, não uma bênção. A pobreza com piedade é uma bênção, não uma maldição: "Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes".
Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em muitas concupiscências loucas ou nocivas que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males, e nessa cobiça alguns se desviam da fé e transpassam-se com aflições. Quer dizer que se sou pobre automaticamente estou numa posição favorável diante de Cristo? Não! Porque ser pobre em si não é suficiente. Podemos ser pobres e nem por isso estar buscando o Reino de Deus.
No Sermão da Montanha Jesus usou uma expressão um tanto diferente da usada no Sermão da Planície, registrado em Lucas. No Sermão da Montanha Ele disse: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus". A expressão "pobres de espírito" não aparece em nenhuma outra parte das Escrituras. Muitos estudiosos deduzem que pode significar desalentados ou humildes. Mas talvez seja isso ou não, pois ninguém decifrou o intento desta afirmação!
No segundo século, Clemente de Alexandria, um ancião da Igreja primitiva, a interpretou de uma forma bem diferente. Ele entendeu que Jesus estava dizendo: "Bem-aventurados os que são pobres em suas almas". Isto versa sobre aqueles que não se importam com os bens pois têm suas almas separadas das coisas materiais. O fato é que uma pessoa pode ser pobre na matéria mas muito cobiçosa em espírito.
Ironicamente, a grande maioria dos pobres deste mundo não é "pobre em espírito" pois o foco das suas almas não é o Reino de Deus mas sim as riquezas terrenas! A pobreza dos mundanos é algo que eles escolhem, e muitos pobres mundanos têm seus corações voltados para obter mais coisas materiais. Eles têm inveja dos ricos ou da classe média. Na realidade, seu desejo por riquezas é tão forte que muitas vezes se endividam para comprar o que não podem pagar.
Os mundanos são trapaceiros e até roubam para pagar o que se comprometeram a saldar. Este tipo de pessoa é capaz de fugir da cidade para não pagar suas contas ou declarar falência para que seus credores fiquem na mão. Os pobres mundanos às vezes estão tão envolvidos no consumo das coisas chamativas quanto os ricos, ou seja: eles desejam usar a roupa mais chique ou dirigir um carro de luxo. A verdade é que são amantes do dinheiro tanto quanto os ricos.
Outro tipo mundano é o preguiçoso ou irresponsável. Estas pessoas podem dedicar pouco do tempo para ter alguma renda, o que pode ser louvável. No entanto, terminam sendo uma carga para os outros: familiares, a Igreja, seus pais, amigos ou para o governo.
Veja bem, eu não estou me referindo às pessoas que não podem trabalhar, como é o caso dos idosos, doentes ou deficientes. Com frequência, os preguiçosos não têm dinheiro porque esbanjam em bebidas, jogos, cigarros, drogas ou coisas semelhantes. Esses pobres mundanos que afirmam ser Cristãos fazem muito pouco pelo Reino de Deus. Não trabalham pelas riquezas mas também não trabalham para Jesus Cristo. Por outro lado, a pobreza dos súditos do Reino é algo escolhido!
Alguns dos pobres do Reino de Deus são Cristãos que antes eram ricos mas deram sua riqueza para ajudar aos necessitados. Outros já eram pobres e continuam sendo pobres por decisão própria. Os pobres piedosos não são simplesmente pobres no exterior, mas também no interior. Os planos das sua almas têm como meta o Reino e não em como adquirir mais riquezas.
Os pobres do Reino de Deus não invejam os mais prósperos já que eles de fato acham que ser pobre é uma bênção. Nesse caso, porque invejar os ricos? Afinal de contas são os ricos que estão perdendo uma bênção!
Os pobres do Reino de Deus não são vadios, mas sim um povo trabalhador. Conforme as circunstâncias, pode ser que tenham de trabalhar em tempo integral para suprir as necessidades das suas famílias. Eles sabem bem que as Escrituras ensinam: "Se alguém não quiser trabalhar, não coma também". Mas, quer trabalhem em tempo integral ou não, também trabalham bastante para o Reino. Eles não são cobiçosos. Eles não compram coisas que não possam pagar, nem adquirem bens de consumo a crédito.
Eles cumprem seus compromissos, porque seu sim é "Sim" e seu não é "Não". Os pobres do Reino podem se dedicar ao Evangelho e viver dele. Para Deus isso é louvável. No entanto, os pobres do Reino não vivem às custas de seus pais, amigos ou instituições de bem-estar social. Eles não são uma carga para os outros!
Teoricamente, uma pessoa pode ter uma relativa abundância de bens e continuar sendo um "pobre de espírito", ou seja: a riqueza é seu servo e não seu senhor. São Paulo é um bom exemplo de alguém que foi "pobre de espírito". Paulo disse aos Filipenses: "Não digo isto por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância, em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade".
Quer tivesse muito ou pouco, Paulo sempre esteve desprendido dos seus bens materiais. Ele não hesitava em desprezá-los se surgisse a oportunidade. Além disso, devemos entender que é extremamente difícil ser rico e ao mesmo tempo "pobre de espírito".
Disse Jesus: "Porque aonde estiver vosso tesouro aí estará também vosso coração". Se temos um tesouro aqui na Terra nosso coração estará nesse tesouro! Teremos a preocupação de preservá-lo e ficamos pesarosos com a ideia de perdê-lo. Por essa razão, Jesus disse em outra ocasião: "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus".
JESUS CRISTO NÃO ERA JUDEU
0 comentários:
Postar um comentário